quarta-feira, 29 de setembro de 2010

À volta de uma visita - breve apontamento sobre a Igreja de S. Pedro

Por iniciativa da Associação do Património de Torres Vedras, decorreu no passado domingo uma visita guiada a umdos monumentos mais importantes deste concelho, a Igreja de S. Pedro.
A visita foi guiada com a erudição e o profundo conhecimento histórico e da história da arte do professor e meu grande amigo José Travanca.
Deixo aqui algumas das fotograias tiradas durante a visita a alguns dos recantos do interior dessa Igreja.
Deixo aqui, igualmente, um breve apontamento sobre esse monumento, por mim recolhido há alguns anos atrás:




















Igreja de S. Pedro

Monumento Nacional.
Sede de paróquia desde a fundação da nacionalidade.
Da sua fundação Medieval, restam apenas as fundações.
Reconstruída no séc. XVI. Novas obras em 1683.
Em 1797 Agostinho Madeira Torres tornou-se pároco desta igreja.

Exterior:

Pórtico manuelino, encimado pelas armas reais (armas com símbolos de Portugal e Castela) atribuídas à rainha D. Maria (2ª mulher de D. Manuel entre 1510 e 1517).
A porta de madeira à entrada data de 1712.
Porta lateral renascentista (a Norte) com armas pontifícias.
Outra porta lateral, também a norte, de tipo manuelino, pertenceu a uma capela do Turcifal.
Uma gárgula (parede sul) provavelmente proveniente do Chafariz dos Canos.

Interior:

Igreja de três naves de quatro tramos, cujos arcos redondos assentam sobre colunas com capitéis toscanos.
Elegante tecto de madeira.
Baptistério e fonte de pedra do século XVI, resguardada por grade de ferro datada de 1719.
Um orgão do século XVIII com interessante mísula de talha.

Lápides Funerárias :

- Túmulo de Luis Mouzinho de Albuquerque, falecido em consequência do ferimento recebido na Batalha de Torres Vedras em 22 de Dezembro de 1846.
- Várias com inscrições góticas.
- Uma de 1587 de Belchior Carvalho Terra.

Azulejos

- quinhentistas verdes e brancos (enxaquetados)
- de tapete do século XVII – painéis nas naves laterais sob os do século XVI, entre eles azulejos de “pontas de diamante”.
- Capela de Nª Sr.ª da Conceição : paisagem mística rural e marítima
- Nave Central: figurativos com os símbolos de S. Pedro
- Outros referidos no lugar próprio

Naves laterais:

Lado direito (lado da epístola):
- altar de Nª Srª de Fátima , em talha com azulejos quinhentistas;
- capela de N.ª Sr.ª da Boa Hora, fundada em 1613, com retábulo de talha dourada e altos relevos encimados pela Assunção de N.ª Senhora, mais azulejos narrativos do século XVIII : Anunciação; Pietá; Imaculada Conceição; Casamento da Virgem; Fuga para o Egipto. Imagens: Jesus Cristo e Sagrado Coração de Jesus;
- túmulo quinhentista de João Lopes Perestrelo e esposa, D.ª Filipa (vinculou a Quinta do Espanhol em 1542, acompanhou Vasco da Gama na sua segunda viagem à Índia em 1502, comandando um navio, e era primo da mulher de Cristovão Colombo). Junto, altar da Santissima Trindade, com Anjos e Imagem de Santiago.

Lado esquerdo (lado do evangelho):
- Altar de N.sª Sr.ª das Dores, com imagem da própria e outra de Cristo Crucificado.
- Capela de N.ª Sr.ª da Conceição, que pertenceu à irmandade do mesmo nome pintada a fresco. Com imagem de Nª Srª da Conceição, ladeada por S.tª Ana e S. Joaquim.Azulejos com paisagem mística rural e marítima.

Capela-mor:

Separada da nave por teia seiscentista de pau preto.
Azulejos de ponta de diamante do século XVII (entrada da sacristia).
Rodapé de azulejos de tapete do século XVII.
Retábulo em talha dourada do altar-mor, com sacrário e relevo estofado da Ressurreição.
Pinturas de S. Pedro e S. Paulo (lado direito) do século XVIII.
Imagens de S. Pedro e S. Paulo

Sacristia:

Tábuas quinhentistas 1 de S. Paulo ( Anunciação, Presépio, Cruz com Cristo ?)
Imagens de : Menino Jesus; Santo Antão; S. Judas Tadeu; S.tªRita de Cássia e S. Sebastião

Casa da Irmandade dos Clérigos Pobres

Construída entre 1737 e 1769.
No tecto podem ver-se 4 telas dos Evangelistas (S. Marcos, S. Mateus, S. Lucas e S. João) da autoria de Bernardo de Oliveira Góis.
Silhar de azulejos do século XVIII, com assuntos tirados da gravuras de Cláudio Coelho: - painel da Santíssima Trindade ladeado por 2 painéis com Abrãao e Jacob;
- painéis centrados sobre a Igreja, ladeados por S. Pedro e S. Paulo.
Aqui esteve instalado o Museu Municipal, inaugurado em 21 de Junho de 1929, aí funcionando até 1944.

Três postais de um pais chamado TUGAL




Esta série começou por ser uma espécie de "colecção de anti-postais ilustrados", mas tem vindo a evoluir para um retrato humorístico, mas documental, de certas formas de se ser Português.

Sendo irónico, não pretendo no entanto ridicularizar ninguém, de modo que procurarei, nestas imagens, não retratar pessoas de modo a identifica-las. Da mesma forma, os locais ou edifícios fotografados, não serão acompanhados de referências que os localizem, embora algumas pessoas possam reconhecê-los.

Pretendendo ser esta serie de imagens um retrato documental, procurarei realiza-las de modo sóbrio, evitando a caricatura fácil que a objectiva de uma máquina fotográfica, ou um ponto de vista mais ubíquo, poderia provocar.

Por fim, agradeço ao Venerando Matos a confiança que depositou em mim, permitindo-me postar o que eu bem entenda, no seu blog.

No meu Blog: alguns outros exemplares da mesma serie

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Uma achega para um debate - a propósito do Património Torriense

Hoje , pelas 21.30, no Auditório Municipal da AV. 5 de Outubro, vai realizar-se um debate, organizado pela Associação de Defesa do Património, intitulado “MO(NU)MENTOS DA MEMÓRIA – VER E LER O NOSSO PATRIMÓNIO”.

A propósito da iniciativa da Associação de Defesa do património, recuperamos aqui um texto anteriormente publicado, AQUI, no nosso blogue Pedras Rolantes:

Existem neste concelho 9 monumentos classificados como Monumentos Nacionai.

São eles:

O Aqueduto de Torres Vedras;

O Castro do Zambujal;

O Chafariz dos Canos;

O Convento do Varatojo;

A Ermida de Nª Snª do Amial;

A Gruta Artificial da Ermigeira (Maxial);

A Igreja de S. Pedro;

Os “trechos românicos” do pórtico da Igreja de Stº Maria do Castelo;

O Tholos do Barro.

Contudo, nem todos se encontram em perfeito estado de conservação, e muitos não são muito conhecidos dos torrienses, devido à falta de divulgação.

Existem ainda muitos outros monumentos neste concelho que mereceriam essa designação, como, por exemplo:

O Edifício do CAS de Runa;

A Capela de Nossa Senhora da Purificação, no Sirol (Dois Portos);

A Capela de Nossa Senhora dos Milagres, Folgarosa (Dois Portos);

As Ruínas do Convento Velho de Penafirme;

O Castelo de Torres Vedras;

O Forte de S. Vicente;

A Igreja e Convento da Graça;

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras;

A Igreja de Santa Maria Madalena do Turcifal;

A Igreja de S. Pedro de Dois Portos;

A Quinta das Lapas em Monte Redondo;

A Quinta do Juncal em Matacães;

O Edifício e toda a área envolvente das Termas dos Cucos.

Se a maior parte destes monumentos está classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP), talvez merecessem uma outra classificação que lhes conferisse maior dignidade.

Convém também referir que, naquele grupo, a Quinta do Juncal está apenas classificado como Imóvel de Interesse Municipal, o Forte de S. Vicente está ainda a aguardar classificação, embora a capela aí existente, e que dá nome ao forte, esteja classificada como IIP e, tanto a capela de Nª Snrª dos Milagres, como a Igreja da Misericórdia e as Termas dos Cucos não têm qualquer classificação que as proteja.

A falta de conhecimento e de divulgação generalizado sobre o valor do nosso património construído foi evidenciado na eleição das 7 Maravilhas do Concelho de Torres Vedras, que envolveu todas as escola do concelho com 2º, 3º ciclo e ensino secundário durante o ano lectivo de 2007/2008, onde a maior parte daqueles monumentos, ou não foi escolhido para os 21 finalistas ou foi “batido” pela escolha de sítios ou situações ligados ao património “imaterial”, natural, do lazer, etnográfico ou cultural, que faziam parte de uma lista inicial de cerca de 160 possibilidades.

Assim, 2090 eleitores, com direito a 7 votos cada, escolheram para as “7 Maravilhas” do Património (cultural, construído, imaterial, histórico, cultural e etnográfico) de Torres Vedras:

1- Carnaval de Torres;

2- Parque Verde da Várzea;

3- Castelo de Torres Vedras;

4- Termas dos Cucos;

5- Feira de S. Pedro;

6- Arribas de Stª Cruz;

7- Pastel de Feijão.

Como se vê, apenas foram escolhidos dois monumentos, o Castelo e os Cucos, nenhum deles Monumento Nacional, sendo o castelo o único calassificado. Houve uma nítida opção pela escolha do património ligado ao lazer e á natureza.

Pegando agora nos resultados daquela votação, e contando apenas com o património construído, podíamos obter uma outra Lista, a das “7 Maravilhas do Património Construído de Torres Vedras” (entre parêntesis, a sua classificação geral naquela iniciativa e o número de votos recebidos):

1 – Castelo de Torres Vedras (3º - 1368 votos);

2 – Termas dos Cucos (4º - 968 votos);

3- Aqueduto de Torres Vedras (8º - 654 votos);

4 – Forte de S. Vicente (9º - 652 votos);

5 – Chafariz dos Canos (10º - 625 votos);

6 – Convento do Varatojo (11º - 527 votos);

7 – Igreja e Convento da Graça (14º - 427 votos).

Nesta perspectiva, aquela votação parece-me mais lógica, encarando o sentido tradicional daquilo que se entende por património.

Um Moinho nas defesas das Linhas de Torres

Rui Prudêncio escreve AQUI sobre um dos moinhos que fez parte das Linhas de Torres, o moinho do forte de S. Vicente.

Mercado Oitocentista para Comemorar o Bicentenário da Guerra Peninsular

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Santa Cruz não é para depressivos..."

Agora que termina o Verão, Santa Cruz volta a vier a pacatez das pequenas praias, só alterada aos fins-de-semana.

Desde meados da década de 60 que a especulação imobiliária dessa pacata aldeia do litoral do concelho começou a alterar, de modo violento, a sua fisionomia tradicional.

Santa Cruz sofreu de um mal que, infelizmente, foi um mal nacional, que desfigurou todo o litoral português, de norte a sul, escapando apenas algumas zonas do Alentejo.

Foi o trágico efeito da chamada “litoralização” de Portugal que contribuiu para a desertificação do interior, com todos os custos sociais, culturais e económicos que são conhecidos.

Talvez pelo cansaço de remar contra a maré, muitos de nós vimos com bons olhos alguns “melhoramentos” recentes que foram feitos em Santa Cruz nos últimos anos. É que, cansados da destruição imparável das décadas de 80 e 90 do século passado, tudo o que viesse à rede era peixe. Não pensámos muito nos efeitos estéticos de alguns desses “melhoramentos”.

Pela proximidade, perdemos objectividade.

Por isso é importante ouvir alguém que, tendo vivido os verões da sua infância em Santa Cruz, tendo-se distanciado algum tempo desta localidade, ao regressar este verão tenha ficado chocada com o que viu.

É um pouco a história do “rei vai nu” que só alguém, objectivamente distante como a Fidélia Proença de Carvalho, está em condições de denunciar .

É uma opinião crítica, um desabafo, que, um pouco contra a corrente, nos obriga a reflectir sobre aquilo que até nos parecia “menos mau”.

Aqui fica essa opinião, sem dúvida polémica e frontal, como é apanágio da personalidade forte da Fidélia, a qual, esperemos, contribua para despertar consciências .

Agradeço à Fidélia por me ter autorizado transcrevê-la de um “desabafo” no facebook :

“Pois este ano estive em Sta. Cruz.

Irreconhecível.

Parece um simulacro da Fonte da Telha.

Esta gente não aprende... As varandinhas dos andares em vidro, lindo, o mais puro estilo Parque das Nações...

Mas esta gente ainda não percebeu que as arribas estão a cair e o clima só mesmo para quem não sabe nada e não sofre dos ossos?

Ainda assim é uma sorte ter um clima desgraçado. De contrário em vez da fonte da Telha era a Colina do Sol.

Mas quem é uma dita associação dos amigos de sta. Cruz? uma organização criminosa? Ou ter um paredão, vamos, assim a modos que um paredão junto ao areal chega? Contentam-se com meia gamela?

E as casinhas, casotas, maisons, condomínios. Ai que dor...

E já agora, o Antero não merecia uma maldade daquelas. Mas quem foi o escultor? Alguém domiciliado em Pinheiro da Cruz?

Mas o que se passa?

Está bem, a Azenha está engraçado, a recuperação está boa, mas e o resto? será que o Antero e o Jaime Batalha Reis não mereciam mais qualquer coisa? O João de Barros também não?

Percebe-se que o pobre chegou aos Açores e deu um tiro na cabeça. Sta. Cruz não é para depressivos.

Mas convenhamos, está tudo muito pindérico e piroso”.

(FIDÉLA PROENÇA DE CARVALHO, Setembro de 2010).
















segunda-feira, 20 de setembro de 2010

De Bicicleta por Torres Vedras...

Na passada sexta-feira foi apresentado o Plano da Rede de Ciclovias Urbanas de Torres Vedras.

Integrado na apresentação dessa iniciativa do município local teve lugar, nessa manhã, um passeio de bicicleta, com a duração de cerca de 2 horas e num percurso de 10 quilómetros à pelas ruas da cidade.

Fomos acompanhados, por responsáveis da câmara por esta iniciativa e também por Paulo Guerra dos Santos que, há quase cem dias, anda a fazer uma volta a Portugal em bicicleta, que está prestes a acabar.

O diário da sua viagem pode ser lido AQUI.

PAULO GUERRA DOS SANTOS -dar a Volta a Portugal em Bicicleta em Cem Dias.

 
Uma das condições era que cada participante se deslocasse com o seu vestuário normal, sem o aparato que é habitual nestas coisas, onde os ciclistas ( de fim-de-semana) se equipam como se fossem  para a “Volta à França”…

Aqui por Torres Vedas saímos da zona norte do parque da Várzea, seguimos até à “rotunda do Modelo” ou dos sobreiros, subimos à “Madeira Torres”, continuamos pela “Teresa de Jesus”, descendo-a até ao tribunal, entrámos na zona de Santiago, até ao choupal. Daqui subimos ao Arena ( e que subida…ufa!), atravessamos a antiga zona industrial de Arenes, passámos junto ao aqueduto, seguimos em direcção ao cruzamento junto à ponte ferroviária até ao novo Mercado Municipal. Aqui “reabastecemo-nos” (o “reabastecimento” foi devidamente “documentado” e “divulgado” no facebook pela minha amiga Ana Miguel…) regressando à segunda parte da viagem. Subimos a “9 de Abril”, continuando para sul, cortando em direcção à “Henriques Nogueira”, descendo a rua do mesmo nome, contornando a câmara, subindo o alto de S. João até à “rodoviária” e, subindo a Humberto Delgado, outra zona difícil na subida e, principalmente, no trânsito. Deu para perceber o incómodo dos estacionamentos em segunda fila…

A partir da zona da “física” o percurso foi mais fácil, passando junto ao “hospital”, até à “rotunda dos cavalos”, descendo até ao “macdonald” e entrando no Parque da Várzea pela zona sul, terminando aqui este agradável passeio.

Ficou provado que é possível andar em Torres Vedras de bicicleta, sem grandes problemas. Agora é uma questão de vontade política, por um lado, e de cidadania, por outro.

Hoje em dia, o nível de desenvolvimento de um país mede-se pela forma como se consegue reduzir o trânsito particular de automóveis e não tanto, como antigamente, pelo maior quantidade de veículos per capita.