sexta-feira, 29 de junho de 2012

A VIDA TORRIENSE NOS FINAIS DO SÉCULO XIX, nos caracteres da Imprensa Local (1885-1890) - 6



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A situação das vinhas torrienses e os trabalhos da via- férrea, continuavam a ser os temas dominantes da imprensa local de então.

Comerciantes, franceses afluíam a Torres Vedras para comprarem os “saborosos e rijos tintos (…) para fabrico do «medoc» (...) Estes vinhos [de Torres Vedras] satisfazem, como nenhuns outros os requisitos exigidos hoje pelo comércio francês para fazer face à enorme falta que a França tem experimentado, e preencher a lacuna que a phylloxera deixou nas suas vastas plantações”.

Aliás, a «phylloxera» continuava a preocupar os proprie­tários locais. Ao mesmo tempo que eram divulgados os resultados de um novo tratamento para combater a «phylloxera» experimentado nas propriedades de Luis Martins da freguesia de S. Mamede da Ventosa, as notícias sobre o avanço daquela doença das vinhas alarmavam, cada vez mais, os proprietários torrienses:
“No concelho de Torres a área invadida é já este ano mui to maior, o que era de esperar, porque das 54 propriedades invadidas no ano passado foram tratadas 8”.

Mas mesmo assim, e de um modo geral, era “prometedor o aspecto das vinhas desta região”, actividade onde os “salários dos operários têem regulado, termo médio, por 360 réis”.
Entretanto prosseguiam as obras do caminho-de-ferro. Durante o mês de Junho anunciava-se estarem “abertos os alicerces da estação de Runa e quase completos os aterros e cortes d’ali até à estação d’esta villa”.

“A dois Kilómetros  d'aqui no sítio denominado Azenha do Cabaço, já está perfurado de lado a lado o túnel de 75 metros e vai em grande adiantamento a perfuração dos outros dois tunneis”.

“Na quinta-feira, 11, houve vistoria judicial para a expro­priação de 5:400 metros quadrados de terreno pertencentes ao St. José Norberto Correia Lopes, da Feliteira(...) A vistoria não chegou a efectuar-se em consequência de se terem as partes acordado, recebendo o Sr. Correia Lopes a quantia de réis 2:450$000”.

Preocupante continuava a epidemia de Varíola, revelando- -se com grande intensidade na Maceira onde “Em dez dias foram atacadas 46 pessoas de ambos os sexos, das quais sucumbiram bastantes à violência da terrível moléstia”.

Durante este mês seria anunciada a abertura de um novo estabelecimento de relojoaria, ourivesaria e máquinas de co­zer, no largo de S. Pedro, e propriedade de  Francisco dos San­tos Diniz.

Mas, então como hoje, um dos grandes acontecimentos do mês de Junho era a Feira de S. Pedro. E é com a notícia deste acontecimento,  narrado pela imprensa da época, que escerramos a crónica deste mês: 

“A circunstância dos dois dias santificados, 28 e 29, fez antecipar um dia a afamada feira de S. Pedro d'esta villa, na pitoresca  alameda e explanada da Porta da Varzea.

“N’esses locais havia um comprido arruamento de barracas onde esteve  exposta à venda uma infinita variedade de objectos de utilidade e de recreio, fanqueiros, ourives, quinquilheiros, louceiros, botequins, restaurantes, loteria de boboloques, caldeiros, taxos, frutas, etc..

“Não faltou companhia de declamação que construiu expressamente um barracão de teatro e se propõe demorar algum tempo depois da feira.

“A feira foi bem policiada, não havendo, felizmente a la­mentar qualquer incidente desagradável”.

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