quinta-feira, 13 de março de 2014

Um torriense recorda o D. José Policarpo professor em Penafirme:

"Fui aluno e amigo de D. José Policarpo. 

"Foi meu professor de francês no Seminário Liceal de Penafirme e em seguida vice-reitor da mesma escola. Encontrei-o em Lourdes em 1969, quando do regresso duma comitiva de escuteiros a um acampamento à Alemanha. 

"Recordo dessa época como uma pessoa progressista, que apoiou o então pároco de Belém, padre Felicidade Alves, que se atrevia na cara do tenebroso presidente almirante Tomás a tomar a defesa das liberdades. 

"Apoiou o movimento dos estudantes franceses, conhecido como Maio de 68, que obrigou De Gaulle a fugir para a Alemanha. 

"Anos mais tarde recordo algumas atitudes positivas, como por exemplo o pedido de perdão aos judeus pelos horrores da Inquisição, junto à Igreja de S. Domingos em Lisboa, o encontro de clérigos de várias religiões, incluindo os judeus e os muçulmanos e o casamento do ex-padre Felicidade Alves com a senhora com quem já vivia há alguns anos. 

"Em contraste num Encontro de ex-alunos do Seminário de Penafirme, já Patriarca de Lisboa, a que acedeu comparecer por meu convite, demonstrava já nos dizeres dum amigo e ex-colega o artista Paulo Ossião, uma postura "institucional" . 

"Foi de resto um dos fundadores da Universidade Católica e da TVI. Apoiou ultimamente este governo de gatunos e o próprio Cavaco Silva e foi um apoiante da política de empobrecimento das pessoas em Portugal.

"Já nem posso ouvir jornalistas de mais que duvidosa idoneidade, como a Fátima Campos Ferreira, a tecerem-lhe altos elogios e insinuando cumplicidade com ele. Acho que mal o conheceram...

"De qualquer forma não sendo de forma nenhuma um mitómano, e sendo ateu, devo-lhe algo da minha vida e formação cultural e por isso mesmo vou hoje à Sé de Lisboa prestar-lhe a minha última homenagem. Descanse em paz D. José Policarpo".

Alfredo Gomes

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