quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os 4 primeiros "1º de Maio" em Liberdade em Torres Vedras, pela objectiva de Ezequiel Santos (1974, 1975,1976,1977)

O 1º de Maio em Liberdade - 1974:












O 1º de Maio no Choupal teve lugar, pela primeira vez, em 1975:





No 1º de Maio de 1976 foi inaugurado um dos primeiros Parques infantis do concelho:




O Primeiro 1º de Maio "Constitucional", em 1977:



(Fotografias de Ezequiel Santos)

terça-feira, 29 de abril de 2014

Memórias da luta antifascista em Torres Vedras

(De Caxias foi libertado o último preso político antifascista, Pedro Fernandes)

Em boa hora foram incluídos nas comemorações do 25 de Abril dois momento de memórias sobre por resistentes ao Estado Novo do concelho de Torres Vedras.

Em  Campelos, na noite de 24 de Abril último, e nos Paços do Concelho, na tarde do dia seguinte, tiveram lugar duas sessões em que várias pessoas puderam testemunhar o que foi a luta contra o regime deposto em 1974.

Tivemos pessoas que foram presas e torturadas, outras, mais novas, que, não tendo conhecido as prisões, também participaram em actividades contra o regime salazarista.

Alguns, por razões pessoais, estiveram presentes apenas numa dessa sessões, outros estiveram nas duas.

Entre os testemunhos ouvidos estiveram os ex-presos políticos Armando Pedro Lopes, Duarte Nuno Clímaco Pinto, Firmino Rosa Santos, Herculano Neto Silva, João Martins, Luís Perdigão e Polidoro Correia.

Entre os que nunca foram presos, apesar dos riscos que correram, em parte porque entretanto sucedeu o 25 de Abril, caso contrário também teriam conhecido a prisão, pois eram activos na oposição, estiveram Francisco Manuel Fernandes, Graça Oliveira, Jorge Ralha, José Travanca e Sérgio Simões, não tendo podido comparecer o Hélio Samorrinha  filho.

O tempo foi pouco para as histórias que tinham para contar e por isso foi lançado o desafio para que se viesse a desenvolver um trabalho de recolha de memórias orais, para que a luta e o sofrimento de muitas dessas pessoas não fossem esquecidos.

Os participantes não esgotam o leque de pessoas, ainda vivas ou já falecidas, que, naturais de Torres Vedras ou combatendo nesta região, contribuíram para a vitória democrática.

Para além daqueles, e entre falecidos e vivos, recordo aqui alguns outros nomes que ao longo dos últimos anos recolhi nos arquivos nacionais, referenciados nos relatórios da PIDE, que por esta policia eram seguidos em  todos os seus passos por Torres Vedras.

Para que não sejam esquecidos, aqui acrescento mais os seguintes aos nomes acima referidos:
Com Processo detalhado nos Arquivos da PIDE, na Torres do Tombo:

- Fernando Vicente; João Paulino de Sousa, Gabriel dos Santos Gomes, Alzira Gomes  Boavida; Clotilde Amélia da Silva Neoes de Carvalho; Miguel Camilo; Victor Hugo da Costa Tomás dos Santos, Armando Pedro Lopes; Victor Cesário da Fonseca; Galileu da Silva; José Carvalho Mesquita; Venerando Ferreira de Matos.

Sem registo nesse arquivo PIDE, provavelmente por extravio durante o período do “PREC”, mas com prisão conhecida, existindo  o respectivo processo em parte incerta , João Capão, Raimundo  Porta, Joaquim de Oliveira e Pedro Fernandes.

Também vigiados, mas sem processo, entre os que conheceram a prisão e os que eram “apenas” vigiados e referenciados, estavam os seguintes habitantes de Torres Vedras, de acordo com uma primeira recolha, ainda incompleta, feita nos arquivos da Pide na Torres do Tombo:

- António Leal d’Ascensão; Joaquim Bandeira; Jorge Vivaldo; Luis Perdigão pai; José António de Sá Seixas Ramos,; Artur da Silva Lino; Luis Brandão de Melo; Jerónimo Albarran Grilo; Ruy de Moura Guedes; Alberto Rodrigo Bandeira; Mário de Sousa Dias; Rui da Costa Tomás dos Santos, Augusto Troni; Hélio Samorrinha pai, Luís Fernando Andrade Santos; José Afonso Alves Torres; José da Costa e Sá;  Francisco Vasco das Neves;  Luís dos Passos  Pinto Teixeira;  Francisco Ferreira; Carlos Augusto Bernardes; António Augusto Sales, Francisco Quaresma de Almeida, entre outros.

Esta lista é apenas uma referência. Alguns nunca chegaram a ser presos. Muitos dos que foram presos não estão nesta lista, ou porque o seu processo ainda não foi localizado naquele arquivo, ou porque se perdeu na voragem dos tempos do PREC.

Há ainda muita gente em Torres Vedras resistiu ao Estado Novo, de várias maneiras, mas que nunca foi referenciada pela PIDE.

Ao registarmos estes nomes, fazemo-lo apenas para recordar a urgente necessidade de recolher o testemunho oral dos que ainda vivem e proceder a uma recolha de documentação que permita um dia fazer a história da resistência local ao regime salazarista.

Essa história passa igualmente por colectividades ou sítios referenciados nesse mesmos arquivos, como o Cineclube de Torres Vedras, o Clube Artístico e Comercial, o jornal Badaladas, a Galeria 70,o Aéreo Clube de Torres Vedras, o pelouro cultural da Física e a própria Associação de Educação Física, bem como estabelecimentos comerciais como o Café Império, o Solar, a café Avenida, o café Vera Cruz, a Farmácia Perdigão, o “estabelecimento” de João Martins ou a casa particular de Pedro Fernandes, sem esquecer as movimentações operárias, com destaque para com as da Casa Hipólito.

Por último há que não esquecer o papel de advogados torrienses que defenderam, com coragem, muitos torrienses detidos, destacando-se o nome da Drª Lucília Miranda Santos, a única mulher que defendeu presos políticos antes do 25 de Abril. 

Fica aqui este esboço e este apelo para que se comece a construir essa história de Torres Vedras.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Experiências de Liberdade - Exposição de fotografias de Ezequiel Santos, mostrando Torres Vedras nos dias que se seguiram ao 25 de Abril

Inaugura-se neste 25 de Abril uma exposição de fotografias de Ezequiel Santos, nos Paços do Concelho de Torres Vedras.

A exposição incide sobre os acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril, em Torres Vedras, logo a 26 de Abril, com a manifestação popular de apoio ao MFA, e que marcaram esta então vila, até às comemorações do primeiro aniversário da aprovação da primeira Constituição de 1976.

Ezequiel Santos, conhecido fotógrafo profissional torriense, seguiu com grande entusiasmo esses acontecimentos, que ficaram registados nas suas fotografias.

Desse conjunto destacamos a reportagem sobre a libertação dos presos políticos em Peniche ou a manifestação do Primeiro de Maio em Torres Vedras.

Em baixo reproduzimos algumas dessas fotografias, as referentes à manifestação popular de 26 de Abril de 1974, que percorreu as ruas da então vila

Sobre essa exposição, que estará patente ao público no primeiro andar dos Paços do Concelho até ao próximo dia 31 de Maios, seguindo depois para as freguesias que o solicitarem, transcrevemos aqui o que se escreve no programa oficial:


"O conjunto de Fotografias de Ezequiel Santos são uma evidência dos primeiros dois anos de liberdade vividos na então vila de  Torres Vedras,  depois da queda do regime fascista em 1974.
Uma, de  entre outras das suas possíveis leituras dos acontecimentos,   demonstra-nos a imediata inserção do povo no novo contexto socio-político, a sua alegria e a sua vontade de participar na mudança.

"Criativamente, isto é, permitindo-nos a sua releitura, Ezequiel Santos fornece-nos pistas, quer analíticas quer referenciais, para a nossa livre e frutuosa leitura desta Revolução de Abril.
Ezequiel Santos
"Ezequiel Santos nasceu no Louriçal, concelho do Pombal, no dia 12 de Junho de 1946 tendo vindo para Torres Vedras, em 1957, onde estudou, tendo começado a   trabalhar na Tomix.

Iniciou-se como fotógrafo amador e auto didata  a partir  de 1967, quando cumpria o serviço militar em Moçambique. Cumprido o serviço militar, regressou à empresa Tomix, onde começou a dedicar-se à fotografia industrial, acabando por ser esta uma área onde se iniciou profissionalmente por sua conta.
Entre 1971 e 1974 montou um laboratório fotográfico, tendo aberto ao público o  seu estabelecimento comercial no ano de 1975.

Acompanhou com entusiasmo e de forma comprometida o 25 de Abril em Torres Vedras, fotografando   a realização de eventos ligados especialmente à afirmação de movimentos de esquerda durante os anos de consolidação democrática.

São alguns desses momentos, que se divulgam nesta exposição, uma justa homenagem a um dos fotógrafos profissionais mais conhecidos dos torrienses, que se nos apresenta  também  como uma forma digna de comemorar e relembrar os 40 anos do 25 de Abril".
Inauguração: dia 25 de abril, às 17h30.






Comemorações do 25 de Abril em Torres Vedras


Podem consulta o programa oficial das comemorações do 25 de Abril no concelho de Torres Vedras AQUI.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O 25 de Abril em Torres Vedras - alguns documentos para a sua história.

Aqui reproduzo alguns dos muitos documento do meu arquivo pessoal relacionados com o 25 de Abril em Torres Vedras.
Clicando sobre os mesmos é possível lê-los em tamanho maior:

Na noite do dia 24 de Abril de 1974 o Cine-Clube de Torres Vedras exibia o filme de Jerry Lewis "O Morto era Outro", iniciando um ciclo de cinema dedicado ao cinema cómico. 

Dirigido por gente ligada à oposição democrática, não suspeitávamos que à hora em que terminava essa sessão já estava em andamento o movimento militar que iria derrubar a ditadura no dia seguinte.


Primeiro comunicado distribuído em Torres Vedras sobre o Movimento Militar. O CDE era então uma estrutura unitária, formada no rescaldo das "eleições" de 1973 e que tinha algum peso em Torres Vedras.

O fanzine de Banda Desenhada "Impulso" que era feito por alunos do Liceu de Torres Vedras elabora um comunicado de adesão ao 25 de Abril que foi publicado nalguma imprensa nacional, como o jornal "O Século".

 Comunicado do Cine-Clube de Torres Vedras de apoio ao 25 de Abril.

Um dos primeiros comunicados elaborados pela comissão pró-associação de estudantes do Liceu de Torres Vedras, evidenciando as lutas políticas que fariam parte, a partir dessa data, do dia-a-dia dos estudantes e professores desse estabelecimento, marcado por intermináveis e concorridas RGA's.

Logo nos dias a seguir ao 25 de Abril realizou-se um plenário popular na sala do Clube Artístico e Comercial para decidir do destino a dar ao município local e à direcção política do concelho. Nessa assembleia formou-se uma comissão da qual saiu a formação da Comissão Administrativa Municipal que dirigiu os destinos do concelho de Torres Vedras até às primeiras eleições livres municipais de 1976.

Sem qualquer estrutura local, o então jovem Partido Socialista Português cria a sua primeira Comissão Provisória em Torres Vedras. Em cima pode ver-se a lista dos fundadores desse partido na então vila.


No dia 25 de Abril de 1975 realizam-se as primeiras eleições democráticas para a Assembleia Constituinte. Neste comunicado do Partido Socialista podemos ver o resultado dessas eleições no concelho de Torres Vedras.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Documentos Para a História da Oposição ao Estado Novo em Torres Vedras - 2 -Os últimos tempos do Estado Novo

Entre 1973 e os primeiros meses de 1974 observou-se um crescimento da actividades da oposição local, a um nível que já não se conhecia há muitos anos.

Para isso terão contribuido as movimentações que se iniciaram após as "eleições" de 1973, que evidenciaram o fim da "primavera marcelista" .

Como prova dessa crescente visibilidade da oposição local ao Estado Novo estão alguns dos documentos que hoje aqui divulgamos:

(podem ler os documentos em tamanho maior, clicando sobre os mesmos)



Neste documento, cerca de duas centenas de torrienses assinam um manifesto de apoio ao MDP/CDE, o movimento unitário que tinha concorrido à boca às "eleições" de 1973, disistindo à boca das urnas, por não existirem condições democráticas.

O período eleitoral foi bastante agitado em Torres Vedras. A oposição realizou pelo menos três comícios, dois no Teatro-Cine, de sala cheia. Num os intervenientes foram impedidos de falar na Guerra Colonial e a sessão encerrada de forma abrupta, com a polícia de choque à espera do público, perfilada à saida daquela sala, no passeio em frente, junto à pensão aí existente.

Um segundo comício decorreu sem incidentes e sem a presença da polícia, devido à presença de jornalistas estrangeiros...era necessário dar uns ares de normalidade.

O terceiro comício, realizado num espaço da actual Avenida Humberto Delgado, então ainda em construção, acabou com a intervenção violenta da polícia de choque, a correr atrás do público que assistia ao comício pela Rua Henriques Nogueira abaixo..

Este manifesto, enviadoà Câmara após o acto eleitoral, procurava demonstrar que a oposição continuava activa para além do acto eleitoral.

Corriam boatos, nas vésperas do 25 de Abril, que o regime preparava a prisão de todos os seus subscritores por ocasião do 1º de Maio...felizmente o 25 de Abril numa permitiu comprovar a veracidade dessas informações... 


Em cima reproduzimos um comunicado da "Comissão de Jovens Trabalhadores e Estudantes do Concelho de Torres Vedras" datado de Outubro de 1973, onde se reivindicava, entre outras coisas que preocupam os jovens de então, o fim da Guerra Colonial e o direito de voto para os maiores de 18 anos (então apenas era permitido aos maiores de 21 anos)...


Por último aqui reproduzimos um documento dirigido especificamente aos estudantes do Liceu e da Escola Técnica. Pela primeira vez existia uma organização clandestina da oposição dentro daqueles estabelecimentos de ensino...

terça-feira, 8 de abril de 2014

Homenageando o Projecto "Livro do Dia"...ou um contributo para a história das livrarias torrienses...


No final do passado mês de Março, 6ª feira 28, encerrou definitivamente um dos projectos livreiros mais originais deste concelho, o “Livro do Dia”.

Nascido em 2005, o projecto “Livro do Dia” começou por abrir num pequeno espaço do cruzamento entre o final da rua Henriques Nogueira e a Avenida Humberto Delgado, para adquirir em 2007 o espaço mais central, junto à Igreja de Santiago, antiga “Praça da batata”, praça Machado dos Santos, da antiga livraria Index.

A Livro do dia realizou várias actividades culturais no seu espaço, com uma pequena cafetaria, distinguindo-se igualmente pela actividade editorial.

A “Livro do Dia” tornou-se uma livraria de referência na região, nomeadamente nas áreas da literatura e da poesia.

Infelizmente acabou por ser mais uma das vitimas da actual crise financeira, que muito tem atingido o comércio local, nomeadamente aquele que se dedica ao livro.

Ficam a restar a velha “Gráfica Torriana”, na rua 9 de Abril, que sobrevive mais da sua ligação à Igreja e aos materiais do culto do que da venda de livros, e a “União”, com sete lojas espalhadas pela cidade, mas que sobrevive principalmente como papelaria e tabacaria.

Sobra a loja mais recente, a secção local da Livraria Bertrand, no Centro Comercial Arena.

Com o encerramento do Livro do Dia, a cultura torriense fica mais pobre e o centro histórico ainda mais desertificado.






Em homenagem a este projecto e aos seus responsáveis, recuperamos aqui um pequeno estudo de divulgação, da nossa autoria, sobre as livrarias históricas de Torres Vedras, trabalhado publicado num suplemento que nós dirigimos, com o grafismo do Aurelindo Ceia, coordenado pela Cooperativa de Comunicação e Cultura, que fazia parte do jornal Badaladas, e que conheceu quatro edições entre 1993 e 1994.

Um desses Suplementos, o nº4, integrado na edição nº 1990 do jornal “Badaladas”, de Fevereiro de 1994, com o título genérico “Recordações da Casa dos Livros”, foi dedicado  à história das livrarias torrienses .

Para além da minha síntese histórica, abaixo transcrita, escreveram nessa edição Ana Mourão, prefaciando o tema, Maria Helena Aspra de Matos, Cristina Lopes e Maria Hermínia Guilherme, familiares dos donos de algumas das livrarias históricas (respectivamente da Papelaria Escolar de António Ferreira Aspra, Galeria 70 de António Pedro Lopes, e  Papelaria 9 de Abril, de Raul Guilherme), descrevend de memória as suas vivências nesses espaços.

Para nós, esta é uma pequena forma de homenagear mais um projecto cultural que morre em Torres Vedras.

Tintas e Papéis

Por Venerando Aspra de Matos

Pertenço a uma família que há várias gerações se encontra, de algum modo, ligada aos papéis e às tintas: trisavô e bisavô tipógrafos, avô livreiro e pai ligado à arte da escrita. Esta circunstância despertou a minha curiosidade para a procura de dados sobre as antigas livrarias de Torres Vedras.

A história dos livreiros torrienses anda associada à história das tipografias desta cidade, isto porque as mais antigas livrarias eram também tipografias.

Desconhece-se a data exacta da fundação da primeira tipografia em Torres Vedras. Júlio Vieira (1) dá-nos a mais antiga referência conhecida, a “Torreense", de Manoel do Nascimento Aspra, existente em 1887, que , teria surgido para apoiar o jornal “Voz de Torres Vedras”, editado pela primeira vez a 5 de Fevereiro desse ano. Os Anuários Comerciais editados na época (2) confirmam Manoel do Nascimento Aspra como o mais antigo responsável por uma tipografia neste concelho.

As primeiras tipografias surgiram e desenvolveram-se nesta terra, quase sempre ligadas à imprensa local. Curiosamente, o primeiro periódico torriense, o “JORNAL DE TORRES VEDRAS” fundado em 1885, não indica o local de impressão, situação igualmente confirmada na obra citada de Júlio Vieira. Provavelmente terá sido editado fora de Torres Vedras.

As primeiras tipografias locais não se dedicavam, contudo, exclusivamente à edição de jornais. Editavam, também, folhetos, relatórios, e estatutos de várias associações instituições locais. Já a edição de livros era rara.

O jornal “A Semana” anunciava em 14 de Maio de 1895 uma nova edição, a terceira, da “Descripção histórica e económica da Villa e termo de Torres Vedras”, de Manoel Agostinho Madeira Torres, obra a editar por “Cabral & Irmão", e informava sobre as condições de assinatura para aquisição dessa obra, a tratar na “Tabacaria Havaneza Torreense’’. Pelo que sabemos, aquela obra nunca conheceu a anunciada terceira edição, a não ser a que saiu há pouco mais de dez anos, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras.

O primeiro livro comprovadamente editado em Torres Vedras foi a obra de Júlio Vieira, “Torres Vedras Antiga ê Moderna”, editada em 1926 pela Livraria da Sociedade Progresso Industrial - Victor Fonseca & Almeida, Limitada”.

No Arquivo Municipal (3), a primeira tipografia registada que encontrámos foi a de António Augusto Cabral, em 17 de Fevereiro de 1900, como “tipografia com venda de papel”, e “papelaria” a partir do ano seguinte. Com base noutros documentos, nomeadamente fotografias antigas e anúncios publicitários publicados na imprensa local, podemos afirmar, com alguma segurança, que a “Typografia e Papelaria Cabral” foi o primeiro estabelecimento a funcionar como livraria em Torres Vedras, a partir de 1893, data exacta da fundação dessa loja.

Com base na bibliografia citada, em anúncio de jornais, na indicação dois editores de vários folhetos (4), em folhas de recibo e mesmo em recolha oral, foi-nos possível elaborar o Quadro I, evidentemente incompleto, mas que pode servir como esboço de um primeiro registo histórico da actividade tipográfica e livreira em Torres Vedras. Limitámos esse quadro ao período anterior ao 25 de Abril. A História mais recente, bem como o importante papel desempenhado peias livrarias de Torres Vedras, será abordado em futuro Suplemento.

Venerando Aspra de Matos



(1) VIEIRA, Júlio. Torres Vedras, Antiga e Moderna, T. Vedras, 1926.
(2)ANNUÁRIO DO COMÉRCIO - PROVÍNCIA, 1891 ANNUÁRIO - ALMANACH COMERCIAL E INDUSTRIAL PARA... 1893,1895, 1896.
(3)“REGISTO DE LICENÇAS DE ESTABELECIMENTOS CONCEDIDAS PELA CÂMARA” (VÁRIOS VOLUMES), Arquivo Municipal deT.V.
(4)ALMANACH DA “FOLHA DE TORRES VEDRAS" PARA-1904,1906            
   —
- ANNUÁRIO DA REGIÁO DE TORRES VEDRAS. 1907

- “A União”, nº único 1968