quarta-feira, 28 de junho de 2017

A Feira de S. Pedro no Século XIX

A inauguração das ligações ferroviárias entre Lisboa e Torres Vedras em 1887 veio dar um novo alento à centenária Feira de S. Pedro.
 
A reportagem que abaixo transcrevemos, sobre a Feira de S. pedro de 1888, revela uma colorida descrição desse acontecimento e do ambiente que então se vivia, marcado pela "crise da filoxera":
 
"Na Feira de S. Pedro
 
"Bom sitio e muito fresco, bem assombrado de grandes arvores alinhadas regularmente, que estendem os ramos frondosos n'um anceio de abrigarem alguém do calor, anceio inútil, esperança frustrada por nunca ter mandado collocar lá uns bancos alguém que quizesse fazer o gosto às arvores e ser agradável às gentes...
 
"Simplesmente um arruamento de barracas diversas, desde as opulentas barracas dos ourives até às mirabolantes barracas dos bazares, rescendentes de pantominice.
 
"Muita gente acotovelando-se, muitos conhecimentos distantes, muita poeira e muito suor. Por entre os tachos, luzentes do sol, encontravam-se comadres que mesmo ali descosiam o fiado aos seus visinhos mais próximos, e amigos que se ofereciam de jantar, ou ao menos uma cerveja.
 
"- Um capilé. sempre vae, hein?! - Não ia nada, nem pelo demónio, nem sequer se iam aquelles bois que elle vinha vender e que ninguém comprava.
 
"- O phylloxera! O phylloxera!...
 
"E marchavam a contar historias da vida, difficuldades, vinhas arrazadas, uma lastima!
 
"Os bazares é que faziam negócio. Ao Centro da barraca, pendurado n'um poste, um disco pintado de cinzento, e orlado de 16 pinturas a negro de vários bichos, desde o tigre de celebre ferocidade até ao cão de fidelidade reconhecida. Ao todo representavam 16 vinténs, vintém por animal. Um ponteiro ao centro marcando o premio; girava o disco, o animal marcado pelo ponteiro ganhava, e o individuo que tinha o nome d'esse animal, impresso n'uma senha previamente distribuída a troco d'um vintém, recebia...um assobio!
 
"Uma encantadora simplicidade de systema abreviado para tirar o dinheiro das algibeiras do próximo".
 
(artigo assinado por "Y" publicado em "A Semana" de 5 de Julho de 1888).
" 

sexta-feira, 23 de junho de 2017

O S. João em Runa no século XIX


(fotografia de José Matos, blogue Reanimar os Coretos de Portugal)

“A  Festa de S. João em Runa.

“Desde o romper do dia do martyr S. João Bptista até à noite affluiu ao logar de Runa grande concorrência de povo do concelho e mesmo os cumvisinhos, formando-se estrada fora uma procissão magestosa de carruagens, diligencias e trajes de variadas cores.

“A procissão sahiu com muito luzimento e ordem. Na festa d’igreja distingiu-se a oratória do ver. dr. Nogueira, que teve o auditório suspenso da sua palavra ungida e elegantíssima.

“O espaçoso largo de Runa, artisticamente aproveitado, tinha um aspecto encantador, à noite, illuminado com milhares de balões venezianos e lanternas, fazendo brilhar os coretos, onde duas philarmónicas tocavam emquanto estralejava o vistoso fogo d’artificio.

“Cremos que nenhum outro logar há cá no concelho tão próprio para tirar os effeitos attrahentes d’uma illuminação à veneziana.

“Muita ordem, boa recepçaõ para os amigos muito íntimos, e a alegria festiva que transluzia como um hossana uníssono ao apostolo S. João Bptista”

Reportagem do jornal torriense “A Semana” de 28 de Junho de 1888

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O "Santo António" em Torres Vedras no Século XIX


Em vésperas do Santo António, aqui transcrevemos uma notícia sobre as festas dedicadas a esse Santo realizadas em Torres Vedras em 1888.
(ver "outros" "Santo António" de Torres Vedras AQUI)

Tal como hoje, o Varatojo já era então um dos locais onde mais se festejava o Santo António:

“As vésperas do Santo António, n’esta villa, foram celebradas com algumas fogueiras, bombas e bichas de rabiar, queimadas pelos rapazes, que ainda podem ter esperança de que elle lhes faça o milagre…

“No largo do Padre Henriques o nosso amigo Caetano de Figueiredo fez  illuminação à veneziana e queimou ao ar livre um bonito fogo de sala, entretendo a escolhida concorrência de senhoras de cavalheiros que alli afluíam.

“Pelas 11 horas chegou o sol-e-dó da Associação 24 de Julho, e obsequiou os assistentes tocando bonitas peças de musica, que foram muito applaudidas, ficando todos bastante gratos para com este manifestação de deferência.

“Hontem, no logar do Varatojo, via-se uma concorrência enorme. Até dos concelhos próximos vieram passoas assistir ao grande festival que ali se celebra ao popular Santo António, e que é feito sempe com grande esplendor.

“A festa d’egreja e o sermão captivaram as attenções dos assistentes. Houve arraial com fogo posto, e tocou a philarmónica  torreense”

(in “A Semana” , 5ª feira 14 de Junho de 1888)

CLIC-on the Rock...e vão 10!

Acaba de sair a 10ª edição da revista torriense on-line CLIC ON THE ROCK, que pode ser vista AQUI.
 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Sábado às 17 horas, na Feira do Livro de Lisboa, lançamento das actas do XIX Turres Vedras, sobre a 1ª Guerra.

No próximo Sábado, 10 de Junho, pelas 17 horas, tem lugar o lançamento do livro "Os Portugueses na Grande Guerra - História e Memória" com a presença do coordenador da obra, Carlos Guardado da Silva e dos autores dos textos.
 
O lançamento do livro  tem lugar na "Praça Verde" e é promovido pela editora do livro, as  | Edições Colibri.
 
Sobre o livro, retirámos os seguintes dados do site da editora Colibri:
 
Sinopse:
"O ano de 1914 ficará para sempre marcado, na história europeia e mundial, com a declaração de guerra da França ao império Austro-húngaro, vindo a proporcionar alterações significativas na conjuntura mundial, culminando com o declínio da Europa e a elevação dos Estados Unidos à condição de principal potência mundial.
"Estava em curso a Grande Guerra!
" Garantir a continuidade das colónias em Africa, o compromisso de aliança com Inglaterra e a crença de que era imperativo entrar na guerra pelo progresso nacional, ao lado das democracias, foram os motivos que levaram Portugal, em 1916, na 2.ª fase da Grande Guerra, a integrar as forças aliadas, combatendo em África contra a Alemanha e as potências da Europa Central.
"Também neste processo, Torres Vedras teve influência significativa, vendo partir mais de três centenas de seus concidadãos para combater em França e cerca de duas dezenas integraram as expedições que partiram para África.
"Foram tempos difíceis, com fracos recursos materiais e económicos, mas foram tempos em que os nossos homens, Portugueses em geral e Torrienses em particular, estiveram na linha da frente a lutar pelos seus territórios e por aquilo em que acreditavam.
"Em nome da Câmara Municipal de Torres Vedras, presto-lhes a justa e sentida homenagem, na certeza de que essa resiliência e capacidade de enfrentar “olhos nos olhos” as grandes dificuldades constituíram o maior legado que nos poderiam deixar. (texto lido durante os encontros por Carlos Bernardes (Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras)"                   
 

Índice da Obra:

Apresentação
Carlos Bernardes

A morte e seu lugar: breve ensaio sobre a participação de Portugal na I Guerra Mundial
Sílvia Correia

Batalhas em letra de forma: imprensa e economia em tempo de Guerra (1914-1918)
Ana Paula Pires

Paris, 1914: Dizeres de João Chagas e Aquilino Ribeiro
Serafina Martins

A Primeira Guerra Mundial em África
Manuel F. V. Gouveia Mourão

Sofrer a guerra longe da Europa: efeitos da guerra nas colónias portuguesas do Oriente
Célia Reis

La 2.e division portugaise dans la bataille de la Lys
Yves Buffetaut

A 2.ª Divisão portuguesa na batalha do Lys
Yves Buffetaut

Vítor Manuel Rita: um Mutilado de Arroios
Margarida Portela

Sousa Lopes e a experiência de uma nova pintura da guerra
Carlos Silveira

Ecos da Grande Guerra em Torres Vedras
Venerando Aspra de Matos

A participação de torrienses na Grande Guerra: identificação e percursos de vida
Hélder Ramos