sexta-feira, 24 de maio de 2019

Contra a demagogia: em Defesa de Carlos Miguel



A notícia do Público desta semana não prefigura qualquer indício de ilegalidade, nem sequer de falta de ética.

A edição de 22 de Maio daquele diário publicava uma notícia intitulada  “Torres Vedras compra metade da edição dolivro de ex-autarca e secretário de Estado” (clicar para ler), condicionando logo à partida uma opinião sobre o tema.

Numa época em que somos bombardeados diariamente na comunicação social e nas redes sociais como a mais demagógica campanha anti-politica, com o objectivo de, internamente, mostra que um governo de  esquerda não é diferente de um governo troikista de direita e que, se “todos os políticos são corruptos”, logo a ditadura é que era boa, porque “não havia corrupção”, ou, votem na extrema-direita populista “impoluta” ou, sendo tudo igual, vamos abster-nos ou votar no “centrão tradicional”, aquele título não foi escolhido inocentemente.

Aquele título foi escolhido para ser, inconscientemente, lido, pela mentalidade do “povão”, condicionada pela demagogia da comunicação social e da maior parte dos seus comentadores e pelas redes sociais, como:  “Uma câmara do PS, desbaratou uns milhares de euros a pagar a edição de um qualquer livro do anterior presidente da Câmara e actual secretário de estado do governo socialista da geringonça que enriqueceu deste modo”.

Lendo a notícia, contudo, nada permite tirar esse tipo de conclusão.

Afinal o livro não foi publicado porque era da autoria de um ex-autarca e de um actual secretário de estado, mas porque foi feito por alguém que se dedica à fotografia há mais tempo do que aquele de dedica à politica, com provas dadas nesse meio, que dedica uma parte importante do seu tempo a uma das temáticas que mais o entusiasma, o Carnaval de Torres, goste-se ou não um dos principais ex-libris da cidade e uma das mais importantes fontes de rendimento local.

Afinal o livro não foi editado pela Câmara, com fundos municipais, mas foi editado e pago pelo autor que depois colocou o livro à venda e a Câmara, como costuma fazer com muitas obras de interesse local, comprou metade da edição. Esta é uma prática corrente e é uma forma, pouco dispendiosa, de apoiar os autores locais. Neste caso comprou, por cerca de 9 mil euros, metade da edição do livro, uma obra de grande qualidade para ser distribuída em actos de promoção do município, nomeadamente de promoção do Carnaval.

Num país de salários e pensões miseráveis, lançar para o ar “9 mil euros” parece muito dinheiro, mas olhando para o orçamento desta Câmara, ou comparando com as centenas de milhares e os milhões desbaratados em fugas ao fisco, em criara situações fiscais de excepção, a perdoara dívidas de milhões, a pagar centenas de milhares por pareceres de escritórios de advogados, a encher gabinetes ministeriais de assessores pagos principescamente, a pagar e a salvar empresas falidas e bancos, aquele valor é uma migalha, ainda por cima com um retorno que pode ser muito maior no contributo que aquela obra pode dar para prestigiar o município e divulgar o Carnaval de Torres.

As perguntas que devia ter feito, antes de lançar qualquer fumo de suspeita, eram as seguintes:

- A obra não tem qualidade? – Claro que tem qualidade, até muito superior a outras obras do género publicadas e apoiadas por câmaras por esse país fora.

- A obra não se enquadra na identidade do Município? – Claro que, goste-se ou não do Carnaval, a obra se enquadra-se na identidade do município.

- Houve uma situação de excepção no apoio do município a esta obra? – Claro que não houve, é uma prática normal de apoio a autores com obras de interesse local e já o fez em relação a outras obras sobre o mesmo tema.

- O autor enriqueceu ilicitamente graças a esta obra? – Claro que não enriqueceu, pagou a edição do seu bolso, pagara ao fisco o que é obrigado e, quanto muito, talvez tenha conseguido recuperar o que gastou na edição, mas sem que tivesse contabilizado as horas de trabalho na recolha de fotografias, os gastos com material fotográfico, o tempo gasto a editar a obra.

- O tempo para o lançamento da obra foi o adequado ( já que o visado é secretário de estado de um governo do mesmo partido a que pertence o município)? – Esta questão pode ser aquela que se presta a maiores duvidas, mas o tempo do lançamento, durante os festejos do Carnaval, parece adequado.

Ou seja, estamos perante uma não questão, que visa apenas ser usada pela argumentação de uma demagogia barata ao serviço do populismo mais reles.

Pela minha parte, divergi e continuo a divergir em relação a  muitas iniciativas desta Câmara, como é público e notório, nem devo nada ao Dr. Carlos Miguel, mas penso que, desta vez, a comunicação social falhou mais uma vez o alvo.

6 comentários:

Anónimo disse...

O Dr. Venerando tem de ser solidário porque a CMTV já fez o mesmo com um livrito dele..
Neste caso a CMTV comprando 500 livros pagou a edição inteira! Fará isto sentido sobretudo quando, ao mesmo tempo, contratou o prestigiado fotógrafo Eduardo Gageiro para fazer uma obra exactamente igual e para o mesmo fim, por mais uns bons milhares de euros?
Sei que este comentário será apagado, mas fica o recado para o autor saber que não somos parvos

Venerando António Aspra de Matos disse...

Não costumo apagar comentários discordantes. Só não comento a cobardia de quem se escuda no anonimato.

Anselmo Rodrigues disse...

Oh!anónimo mostraste,assim só demonstras ciumes. Estou de acordo com tudo que está escrito.


Anselmo Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Ferreira disse...

E muito bom falar sem dar a cara. Geralmente os que tem dor de cotovelo e o que fazem! Este e o grande mal desta terra: a mesquinhez! Continuo sem perceber o porque de tanto alarido! Sabe o que se chama a quem tem medo de dar a cara!

Cristina Ferreira disse...

Veberando, os caes ladram e a caravaba passa😄