sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

D. Manuel Clemente recebe o Prémio Pessoa de 2009.


Após vários dias reunido no Palácio de Seteais, em Sintra, o júri do prestigiado Prémio Pessoa decidiu atribui-lo este ano a D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, natural de Torres Vedras.



"Em tempos difíceis como os que vivemos actualmente, D. Manuel Clemente é uma referência ética para a sociedade portuguesa no seu todo", declarou o júri do prémio, presidido por Francisco Pinto Balsemão, acrescentando que a “sua intervenção cívica tem-se destacado por uma postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, do combate à exclusão e da intervenção social da Igreja”.


O Prémio distingue a intervenção "na vida cultural e científica do país" já tendo distinguido o historiador José Mattoso (primeira edição, em1987), a pianista Maria João Pires (1989), o escritor José Cardoso Pires (1997), o arquitecto Souto Moura (1998), o investigador Sobrinho Simões (2002) e o constitucionalista Gomes Canotilho (2003).


Em 22 anos de História desse Prémio é a primeira vez que ele é atribuído a um membro da Igreja Portuguesa.


Para quem, como o autor destas linhas e muitos outros torrienses, conhece o percurso humano, intelectual e religioso de D. Manuel Clemente não se surpreende com a justiça da atribuição desse prémio.


D. Manuel Clemente está muito ligado a Torres Vedras, não apenas porque aqui nasceu no dia 16 de Julho de 1948, mas porque sempre revelou um apreço muito grande pelos habitantes deste concelho.


Uma faceta talvez menos conhecida por parte de quem apenas o conhece da vida pastoral é a sua importante obra historiográfica, tendo marcado uma ruptura na historiografia regional torriense com o seu estudo, que foi a sua tese de licenciatura em História na Faculdade de Letras de Lisboa em 1974, intitulado “Torres Vedras e o seu termo no primeiro quartel do século XIV”.


Tendo posteriormente publicado muitas outras obras fundamentais e inovadoras para a História da Igreja em Portugal, continuou sempre, com regularidade, a publicar ou a conferenciar sobre a história local de Torres Vedras.


Deste seu trabalho de investigação sobre história local resultou a edição da obra “História e Religião em Torres Vedras” editada pela Grifo em 2004, onde se reúnem esse seu trabalho de três décadas.


A sua humildade e o seu amor pela terra natal levaram-no a oferecer os lucros com a venda desta obra para ajudar ao restauro da Igreja da Graça, “grande e belo símbolo, plástico e pastoral, da tradição cristã da cidade e seu concelho”.


Para quem o não o conhece e fique surpreendido com o Prémio que agora lhe foi atribuído, posso garantir que D. Manuel Clemente ainda nos vais surpreender mais vezes.


Para o amigo Manuel Clemente um abraço de felicitações.

1 comentário:

  1. Como sempre, Venerando, estás em cima do acontecimento.
    Aprecio a tua forma simples - mas rigorosa - e de cunho pessoal, com que abordas os assuntos.
    Já fiz referência a este post no blogue da ADDPCTV.

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