(excerto da primeira página do jornal Badaladas de hoje)
Em Torres Vedras, nas últimas eleições autárquicas, apenas concorreram
três forças políticas, o PS, o PSD (em
coligação com o CDS) e a CDU.
O Partido Socialista venceu em toda a linha, com maioria absoluta,
apesar da conjuntura que era então desfavorável ao PS.
Apenas a nível de freguesia se registaram algumas diferenças no total
concelhio, com a CDU a vencer numa freguesia, o PSD a vencer em duas e uma
lista independente, embora apoiada pelos partidos da direita, a vencer numa
quarta freguesia, num total de vinte freguesias.
Nestas eleições muita coisa mudou, principalmente à direita, mas também
na nova composição das freguesias.
Das anteriores vinte freguesias, o concelho ficou reduzido a treze, por
causa da união forçada por lei entre algumas delas.
À Câmara, à assembleia municipal e à maior freguesia de todas, a
sediada na cidade, que junta três antigas freguesias, concorrem agora sete
listas.
Quatro dessas listas podem ser situadas à direita. Desta vez o PSD e o
CDS apoiam candidaturas diferentes, o segundo em coligação com o PPM e o
Partido da Terra, apoiando estes um candidato “independente”.
Por sua vez o PSD
local cindiu-se em dois, uma candidatura oficial, outra, “Torres em Linha”,
independente, cativando eleitores fora do círculo tradicional do partido do
governo.
Concorre ainda pela primeira vez a nível autárquico um partido de
extrema-direita, o PNR.
À esquerda a novidade é a estreia autárquica do Bloco de Esquerda,
mantendo-se as candidaturas habituais da CDU e do PS.
Como se já não bastasse o voto de protesto que se vai concretizar
penalizando o PSD um pouco por todo o país, este partido aparece, a nível
local, a enfrentar vários concorrente
que disputam o seu eleitorado tradicional, pelo que se prevê o pior resultado
de sempre desse partido a nível local.
Uma curiosidade será saber se o PSD continua a manter-se, como sempre
aconteceu, como segunda força do concelho na Câmara e na Assembleia Municipal ou
se vai, pela primeira vez, ser ultrapassado por outras candidaturas,
nomeadamente pelos dissidentes da “Torres em Linha”.
Já o aparecimento do BE não deverá alterar muito as coisas à esquerda,
prevendo-se uma vitória do PS.
A incógnita reside em saber se o PS vai manter ou não a
sua maioria absoluta, se a CDU ou o Bloco conseguem eleger algum vereador, se o
primeiro destes dois consegue aumentar a sua representação na assembleia e se o
BE se consegue estrear neste órgão (já lá teve representação, mas eleito nas
listas da CDU).
Nas freguesias, excluindo a “urbana”, o número de listas concorrentes é
mais reduzido, embora desta vez PSD e CDS apareçam divididos. Desta vez temos
em todas as freguesias um mínimo de quatro partidos concorrentes, PS, PSD, CDS
e CDU (Freiria, S.Pedro da Cadeira, Silveira, Turcifal, freguesias unidas de A
Dos Cunhados e Maceira e Carvoeira e
Carmões).
Existem, contudo, algumas situações de excepções: na Ponte do Rol
concorrem apenas três listas, PS e CDU e os “independentes” “Juntos por Ponte
do Rol”, que ganharem as últimas eleições e beneficiam do apoio indirecto da
ausência de candidaturas à direita.
Nas freguesias unidas de Campelos e Outeiro
da Cabeça e Maxial e Monte Redondo, repete-se o cenários das últimas
autárquicas, apenas com três listas concorrentes em cada uma: PS, PSD e CDU.
Por sua vez no Ramalhal, na Ventosa e nas freguesias unidas de Dois
Portos e Runa surgem candidaturas independentes, para além das quatro forças
políticas tradicionais.
No Ramalhal surge uma quarta lista de independentes, a concorrer contra
os quatro partidos tradicionais, “Unidos pela freguesia”.
Na Ventosa surge a Candidatura “Torres na Linha”, dissidente do PSD.
Na freguesia unida de Runa e Dois Portos surge uma lista independente
dos quatro partidos, “União Pela Mudança” .
No geral é de prever que o PS, beneficiando da conjuntura e das divisões
no seio do PSD, consiga ganhar na maioria das freguesias.
Contudo, o aparecimento de listas independentes, nomeadamente na união
de freguesias de Runa e Dois Portos, onde se regista um voto sempre volátil,
pode baralhar a situação, sendo igualmente previsível que a lista independente
da Ponte do Rol “bata o pé” às pretensões do PS de recuperar essa freguesia.
É igualmente previsível que a CDU volte a vencer na nova União de
freguesias da Carvoeira e Carmões.
Um caso à parte é a freguesia urbana que une três antigas freguesias,
S. Pedro, Stª Maria e Matacães, tornando-se uma mega freguesia com mais de 20
mil eleitores.
O PSD já teve alguma força na maior dessas antigas freguesias, S.
Pedro, mas desta vez não parece ter grande hipótese, pois agora concorrem sete
listas, quatro das quais disputando, seguramente, o seu eleitorado tradicional.
Se o PS é o principal favorito, tem a concorrência de duas fortes
candidaturas, uma independente, que vem da área do PSD, Juntos por Todos,( para
além dos dissidentes da “Torres em Linha”), e outra da área da CDU.
O voto de protesto contra os políticos, a abstenção, o verdadeiro peso
das listas independentes e o aparecimento pela primeira vez do BE, pode
baralhar muitas previsões, pelo que esta será uma das eleições mais “abertas”
na história das eleições autárquicas torrienses.
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