(Festa da Árvore em Torres Vedras, arquivo de Alexandre Caetano)
Comemorar o Primeiro de Maios tem uma longa tradição no concelho de Torres Vedras, muito para lá do seu significado político.
AQUI, no ano passado, recordámos os primeiros de Maio em liberdade comemorados em Torres Vedras, através do olhar do fotógrafo Ezequiel Santos.
Hoje recordamos uma outra época, quando o 1º de Maio foi, pela primeira vez, feriado em Torres Vedras, data escolhida pelo municipio torriense como feriado municipal, e que foi comemorado com a "Festa da Àrvore":
A FESTA DA ÁRVORE
Uma das festas com mais simbolismo para os republicanos foi a chamada “Festa da Árvore”.
Esta festa foi introduzida em Portugal
nos últimos anos da monarquia. Era uma cerimónia cívica organizada pelos
professores das “escolas primárias”, envolvendo nelas os seus alunos.
Procurou-se dar a essas festas um cunho de “religiosidade cívica”, tão
do agrado do espírito republicano, que apropriou dessa festa transformando-a
numa manifestação de cunho anticlerical, atitude que em muito contribuiu para
esbanjar o capital de simpatia que essas festas granjearam no seu início.
Um texto publicado no jornal “A Vinha de Torres Vedras”, em 1914,
explicava o “Culto da Árvore” como uma “reminiscência do culto da árvore que
remonta às próprias origens pré-históricas” e que na actualidade tinha uma
feição “meramente sentimental e educativa”, pelo que , “presentemente” se
ensinava a “venerar a árvore pelos múltiplos prazeres e serviços que ela
dispensa ao homem”, desejando o articulista que tal culto se enraizasse
“progressivamente, pela forma mais bela que se pode desejar e que é a forma
estética e o lado moral que o acompanha”.[1]
Em Torres Vedras a primeira festa da árvore realizou-se no 1º de Maio
de 1914, coincidindo com o primeiro feriado municipal comemorado naquele dia.
Constava de um cortejo, saindo da sede do “Grémio”, prestigiada
colectividade local, nele se incorporando os alunos e professores, na companhia
de uma banda que desfilava até um determinado local (geralmente a Várzea, a
Avenida 5 de Outubro ou a Praça Mouzinho de Albuquerque), onde eram plantadas
árvores.
Não faltava o “hino da árvore” e “a
portuguesa” tocados e cantados a preceito.
Regressava-se depois à sala da colectividade de onde tinham saído, onde
se realizavam várias actividades culturais e desportivas.
No final da década de 10 esta festa estava praticamente moribunda nesta
localidade.
(extracto do meu estudo “Festas da Igreja / Festas Republicanas – Uma
década de conflitos em Torres Vedras (1910 – 1920)”, apresentado numa edição
dos encontros de história local)
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