Está no ordem do dia o nosso Choupal e pelas melhores
razões. Finalmente, depois de tantos anos de abandono e desleixo, aquele espaço
foi requalificado e oferece aos torreenses mais uma atraente alternativa de
lazer.
Como cidadão amante da sua terra, tive oportunidade de
intervir diversas vezes em público sobre o chamado “ problema do Choupal”. A
última terá sido na página LUGAR ONDE, no Badaladas de 21 de Novembro de 2008.
Através de um conjunto de imagens, clamava com estridor contra a agonia do que outrora
fora o melhor lugar de passeio da vila. E aí fazia referência ao rio Sizandro,
um dos binómios do problema, uma vala a céu aberto por onde escorria água
fétida e nadavam frascos de plástico e pneus velhos.
Sabemos como são constrangedoras as dificuldades financeiras
e, por isso, todos esperámos pacientemente, pela oportunidade de realizar a
obra. E ela chegou: rio e parque foram requalificados, a Vala dos Amiais reaberta,
o subsolo foi trabalhado para se defender do excesso das águas das chuvas, a superfície
foi moldada e semeada de relva, o café Cheirinho deixou de lembrar maus odores
e passou a Xeirinho, a velha bica com a sua placa de 1665 foi limpa, por trás
dela foi implantado um bonito escadório de madeira, a dar acesso aos moradores
do alto, a mais antiga capela do concelho – Senhora dos Amiais - emergiu do mar
de automóveis e ergue-se, agora, na sua arquitectura singela, num espaço que a
respeita e realça.
Por tudo isto estou feliz e congratulo-me com o trabalho
realizado. Contudo, há dois aspectos que, em minha modesta opinião, me parecem
criticáveis.
O primeiro é a ausência de um coreto. O que lá existia
estava decrépito e a sua manutenção era incompatível com as obras. Isso é
verdade. Mas, ao contrário dos que consideram que este equipamento urbano é
antiquado, julgo que ele é como a roda: uma vez inventada não podemos
prescindir dela. Um moderno coreto, com desenho contemporâneo, permitiria a
existência de um espaço permanente para espectáculos musicais e um pequno lugar
de arrumos para o que fosse necessário. Talvez ainda seja possível, um dia mais
tarde, pensar nisto.
O segundo aspecto tem a ver com a ponte pedonal. O que ali
vemos mais parece um viaduto de auto-estrada ou de comboio urbano de acesso a
um túnel com saída no Forte de S. Vicente. Mas não: pesado em toda a força da
sua estrutura, acaba ingloriamente numa plataforma pequenina, como se ali
tivesse aparecido por engano. Bem sei que o projecto já tem uns anos e supunha
a existência de um grande edifício para o qual seria necessário um acesso de
veículos de carga. Mas, a partir do momento em que se desistiu – e bem! – desse edifício, não teria sido possível
“rever em baixa” a construção daquela estrutura? O processo seria dispendioso
mas talvez compensasse pela poupança na construção. Quando vemos a maravilha da
ponte pedonal “Pedro e Inês” em Coimbra não podemos deixar de olhar com alguma
tristeza para o nosso viaduto.
Joaquim Moedas Duarte
(Texto já publicado na minha página do Facebook)
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