Dias
antes, no dia 9 de Maio desse ano, tinha tido início o serviço regular de
transporte de mercadorias.
Embora
ainda fosse preciso esperar pela inauguração das ligações para norte para
acabar a obra, que tiveram lugar, respectivamente, em 1 de Agosto desse ano,
com o início das ligações regulares para Leiria, passando por Caldas da Rainha,
e em 17 de Julho de 1888, com a inauguração da ligação à Figueira da Foz,
aquelas duas datas colocaram Torres Vedras na senda do mais moderno progresso
do século XIX.
Foi
no dia 12 de Janeiro de 1880, e depois do fracasso do Larmanjat, que foi
oficialmente aprovada a construção de um caminho de ferro que ligando Torres
Vedras a Lisboa, trabalhos que conheceram um ponto alto nos anos de 1885 e 1886,
com a construção de três túneis a sul da vila, que antecediam a entrada no
vasto aterro onde se contrui a estação, para além da construção de várias
pontes metálicas, duas a sul dos túneis e duas a norte da estação.
O
primeiro túnel perfurado foi o "do Cabaço", o do meio, junto à azenha
do mesmo nome, já ligado de lado a lado em Junho de 1885.
Mais
complicada foi a perfuração do túnel da Certã, o mais próximo da estação, tendo
custado a morte de um trabalhador espanhol, em 18 de Agosto de 1885, quando
este entrou no túnel inadvertidamente, antes de terem explodido todos os tiros
necessários à sua abertura, registando-se ainda ferimentos noutros
trabalhadores. Finalmente, a 2 de Outubro de 1885, após dois meses de trabalho,
ficou concluída a obra.
A
imprensa local da época registou esse acontecimento: "Quando apareceu a luz do lado do Cabeço do Cabrito, subiram ao ar
muitos foguetes. Foram depois embandeiradas as duas entradas do túnel e as
vagonetas, e os dignos empreiteiros fizeram distribuir extraordinariamente
pelos capatazes e operários uma boa quantia de dinheiro, dando-lhes depois
folga nesse dia. O túnel tem sido percorrido de um a outro lado por muitas
pessoas desta vila." (1).
O
túnel mais extenso e distante de Torres Vedras, o "da Boiaca", com
160 metros, ficou perfurado em 5 de Outubro de 1885, completando-se assim essa
importante obra de engenharia, dirigida pelo técnico francês Abel Marty, que
foi assassinado em 26 de Abril de 1886, sem ter assistido à chegada da primeira
locomotiva a Torres Vedras.
Quando
da construção da estação foi necessário cortar o viaduto que transportava as
águas para a vila, até ao Chafariz dos Canos.
O
desaterro necessário à construção da estação do caminho de ferro e aos seus
serviços transformaram imenso toda a paisagem a leste da vila, numa extensão
de, aproximadamente, dois quilómetros, descrita do seguinte modo pela imprensa
local:
"A situação da estação é formosissima. Os
trens que desembocarem do tunel penetrarão numa deliciosa planície fechada à
direita pelas àrvores que bordam o Sizandro, e ao largo por colinas cobertas de
vinhedo; em frente, destaca-se a vila, o castelo e o elegante chalet do
falecido João Pinto, hoje propriedade do sr. António Maria de Carvalho.
"Pena é que este quadro ridente seja
empanado do lado contrário pelo cemitério - uma construção informe, antiga, com
sua capela de gosto arquitectonico pesado e casas de mal "(!?)" adjacentes, um verdadeiro ponto negro em
tantas belezas" (2).
A
construção do troço da linha para a Figueira, cujas obras se iniciaram em
finais de Outubro de 1885, provocou igualmente
alterações na configuração paisagística a norte da vila, com o corte de
parte da colina do forte da Forca, cuja terra seria aproveitada "para o alçamento da linha pela varzea do Sizandro
até às Covas |onde se localiza a estação| - um aterro respeitável, de alguns metros de altura"(3).
Ainda
antes de se iniciar o transporte regular de mercadorias e de passageiros, teve
lugar uma viagem experimental, com a chegada da primeira locomotiva a Torres
Vedras, em 30 de Dezembro de 1886.
Nesta
ocasião e data foi lançado o número
único do jornal "Lisboa - Torres
Vedras", editado pela "Typographia
Torreense" de Manuel do Nascimento Aspra, "destinado a comemmorar a entrada da primeira locomotiva na estação
desta villa"(4), onde se fez eco de muitas das esperanças suscitadas a
nível local com a chegada do comboio.
A.
de Sottomayor, um dos colaboradores dessa publicação comemorativa, anunciava a
chegada "a esta rica povoação"
da "guarda avançada do progresso",
enquanto que J. G. ( João Gualberto ?)de Barros e Cunha acrescentava que, a
"partir de hoje Torres Vedras fica
sendo um bairro de Lisboa, um suburbio de Madrid, quasi um arrabalde de Paris"
Mais
realista, António Batalha Reis reflectia sobre algumas preocupações e vantagens
concretas para o concelho deste novo melhoramento:
"(...)
Entrâmos pois a valer na intimidade da
civilisação actual, e vamos participar, em breve, das enormes vantagens que
hoje offerecem os seus gigantescos meios de actividade e de acção!
"Mas para que este poderoso melhoramento não
seja esteril, para que lhe possamos colher os sazonados fructos, e pagar
honradamente a divida que hoje contrahimos com os proprietarios da linha, é
necessario, é indispensavel que tenhamos vida propria, e que sintamos em nós
forças bastantes para utilisar por inteiro a riqueza que tão confiadamente nos
visita
"Ora a vida d'este concelho, a sua unica
riqueza séria (...) assenta (...)
nos bem cultivados e excepcionaes
vinhedos, que descem das altas cumiadas das suas multiplices collinas até as
plainas veigas, que, por toda a parte, marginam as abundantes linhas de agua
que rasgam a superficie.
"(...)
Lembrem-se que vae acabar o tempo, para
este concelho, em que os seus erros e desleixos desappareciam esquecidos ou
annulados pelo seu proprio isolamento.
"O seu hontem morre com a carreta que
pausada e caprichosamente conduz os generos, e com a diligencia - de maçadora
recordação- que arrasta ainda os passeiros, fazendo perder a estes, com a
paciencia, a noção das noticias de que são portadores.
"O dia de hoje assignala na sua historia uma
transformação economica de subido alcance, e mal iremos todos senão
correspondermos a ella como devemos - porque, então, se crusarmos os braços,
preparemos seguramente um amanhã de miseria e de fome, e podemos ter a certeza
que a nossa innacção converterá em simples e silenciosos apeadeiros, as
ruidosas, e, por certo, lucrativas estações, que hoje festivas e alegres
ladeiam a linha ferrea a pequenos intervallos, e que não serão de mais, agora,
para colher a enorme quantidade de cascos, cheios do nervoso torreano, que
espera impaciente novos mercados e abundante clientella" (5).
Principalmente ao longo dos primeiros anos da
chegada do caminho de ferro a T. Vedras, a imprensa local continuou a reflectir
sobre os efeitos dessa novo meio de transporte:
"O estabelecimento da Linha-férrea, que
decerto modo nos avisinha muito mais da primeira cidade do paiz, modificando as
várias condições materiais e sociais em que até hoje temos subsistido,
impõe ao nosso município um maior numero
de obrigações, que sem grave desdouro não poderão deixar de se cumprir. É
necessário seguirmos abertamente a vereda
ampla do progresso, para que a locomotiva nos está chamando com o seu silvo agudo
e penetrante.
"Torres Vedras tem de se tornar uma
localidade limpa, garrida, sabendo attrahir os seus prováveis visitadores, não
lhes apresentando o espectáculo triste de umas ruas mal calçadas, outras mal
illuminadas, impróprias finalmente, de uma terra com a importância que a nossa
chegara a ter.(...).
"À transformação económica que decerto virá
influir salutarmente sobre a nossa povoação, é urgente corresponder com a
transformação material, que nos ponha à altura de uma terra tão importante como
a nossa, agrícola e comercialmente falando (...)" (6).
No
primeiro comboio que iniciou o transporte regular de mercadorias em 9 de
Maio de 1887 “foram
transportados 34 cascos e 150 barris de quarto e de quinto com vinho. Esta
remessa foi despachada pela casa Santos Bernardes & Filhos” (7)
Mas
o momento chave desse imenso melhoramento foi o acima referido dia 25 de Maio
de 1887, com a viagem inaugural do serviço de passageiros, momento descrito
pela imprensa local:
"Era immenso o enthusiasmo que desde a tarde
de terça feira animava os moradores d'esta villa, quando souberam que iam
definitivamente estreitar-se as suas relações com a capital (...) grande a animação com que era aguardado o
primeiro comboio de Lisboa na quarta 25, dia esplendido, de bello sol, que,
batendo em cheio nos vinhedos que aformoseiam as encostas que se desfructam do
vasto e desafogado recinto da estação(...).
"Pouco depois das nove horas e meia da manhã
começou a afluir à gare grande numero de pessoas das diversas classes socias.
Às 10 e 40 surgiu do tunnel da Certã a machina nº 127, comboiando quatro
carruagens e dois wagonetes.
"N'esta ocasião subiram ao ar muitos
foguetes, e a philarmonica Torreense tocou o hynno da Carta e seguidamente
outras peças do seu reportório, dando assim ao acto um carácter de festa
inteiramente popular, nem por isso de menos valor das outras.
"No comboio chegaram cerca de 100 pessoas,
satisfeitas com os panoramas que gosaram em toda a linha (...)
"O primeiro comboio, que de Torres saiu às 6
horas e 15 minutos da manhã, conduziu limitado numero de passageiros para
Lisboa. Iam n'elle alguns comerciantes da localidade, aproveitando já o enorme
benefício que o progresso lhes facilita." (8) .
As
enormes expectativas criadas com a chegada do caminho de ferro a Torres Vedras,
provocaram algumas decepções nos primeiros tempos, não correspondendo os
serviços prestados pela companhia ao que se esperava.
Logo
a 25 de junho de 1887 o periódico local "Voz de Torres Vedras" anotava com alguma amargura que, embora
tivesse levado "tempo immenso a
construir a decantada linha de Torres" esta tinha sido mal construída,
cheia "de curvas, com os apeadeiros
feitos de pedra solta e terra, algumas trincheiras promettendo querer desabar,
a linha é um perigo permanente, não sendo já pequeno o numero de quedas e
outros desastres registados pela imprensa. Os wagons são por seu turno o peior
que se podia imaginar. A companhia foi á arrecadação, procurou lá os carros que
já tinham sido condemnados n'outras linhas, pintou-os, mandou-lhes dar uma
demão de verniz, e impigiu-os para cá, assim como quem trata com gente
despresivel, que não sabe o que é bom! Wagons tendo os tectos baixissimos, e
outros defeitos, foi o que a companhia do norte poz em serviço n'esta linha,
zombando do publico que escandalosamente explora...".
As
críticas desse jornal não se ficavam por aqui, prosseguindo no mesmo editorial:
"Aos olhos mesmo da população da villa está
patente de uma maneira clara o desmazel-o da companhia. A frente da estação nem
ao menos foi mandada asphaltar; o caminho que dá ingresso aos carros, e aos
passageiros, cheio de covas, até por detraz da estação, tornou-se n'uma fabrica
de quedas, que todos os numeros temos de noticiar.
"Por cima de tudo isto, que já não era
pouco, a companhia formulou ainda uma tarifa de preços para as mercadorias,
verdadeiramente impossivel. Quasi não vale a pena o servirmo-nos n'esta
localidade da viação accelerada! Os carros dos almocreves, velhos como a
descaídela do pae Adão, competem
vantajosamente com a via ferrea, em que nós tanto tempo tinhamos posto as
nossas esperanças. As vantagens do progresso não foram ainda postas ao nosso
alcance, estão monopolisados pelos grandes senhores da companhia real, que
viajam alegremente em carruagem - salão, emquanto nós se quizermos teremos de
fazer uso de perfeitas gaiolas, que promettem dar comnosco...no fundo de um
barranco!"
Mas
nesse artigo não se responsabilizava apenas a Companhia Real pela situação
descrita : "Ora a culpa do
procedimento vilão da companhia, que tratou esta terra como cousa conquistada,
é ainda nossa, das nossas auctoridades (...). A camâra municipal já podia ter reclamado perante o governo ácerca do
serviço dos caminhos de ferro. Não o tem feito, comtudo, sem embargo dos
clamores serem geraes entre todos os interessados, que são principalmente os
commerciantes e os viticultores d'este concelho(...)" (9).Contudo, o
forte impacto da chegada do caminho de ferro a Torres Vedras foi por demais
evidente para ultrapassar as susceptibilidades e dificuldades iniciais.
Uma
das primeiras consequências da chegada desse novo tipo de transporte foi a
redução, em cerca de três horas, da distância anteriormente percorrida entre a
vila e Lisboa, pois, em 1887, os horários previam um mínimo de 2 horas e 15
minutos e um máximo de 3 horas e 15 minutos para efectuar esse percurso.
A
chegada do caminho de ferro ao concelho de Torres Vedras motivou uma maior
preocupação com o estado das vias terrestres de ligação com as estações
ferroviárias.
A
inauguração desse meio de transporte motivou ainda o desenvolvimento de uma
rede complementar de transportes, ligando vários lugares com Torres. Em 24 de
Março de 1887 a companhia d "Trens
de aluguer Almeida & Cunha" iniciava "uma carreira entre Torres Vedras e a Lourinhã e que se prolongará até
Peniche, logo que o caminho de ferro comece a funccionar. Em todos estes pontos
tenciona estabelecer succursaes de uma agência central do caminho de ferro, com
sede em Torres Vedras, para receber mercadorias para Lisboa e vice-versa(...)"
(10).
A
chegada do comboio a Torres Vedras revelou o seu impacto sobre o movimento
comercial local, como se comprova com o facto da então quase moribunda Feira de
S. Pedro ter conhecido, logo no ano de 1887, pouco mais de um mês após a
inauguração do serviço regular de passageiros para esta vila, uma animação
nunca vista em anos anteriores, como fazia notar a imprensa local, referindo
que "de a verem tão concorrida,
como este ano, não se lembram os moradores mais antigos daqui" (11), avançando a mesma notícia que nos dois
primeiros comboios chegados nesse dia à vila tinham desembarcado cerca de 2000
pessoas.
Tais
queixas não obstaram, apesar de tudo, que o caminho de ferro se tornasse o
centro da azáfama comercial da vila tal como o mesmo jornal, pela mesma altura fazia
notar, em pleno auge das vindimas :
"É extraordinario o movimento que se observa
nas ruas da nossa laboriosa villa. Carros transportando para a estação de
caminho de ferro cascos cheios de vinho novo; outros ainda com dornas e tinas
cheias de uvas ou de mosto, impregnando de fragancias a atmosphera(...)"
(12).
Também
a urbanização da vila conheceu um novo fôlego e uma nova direcção, tendo por
pólo a localização da estação de caminho de ferro, levando à criação dos eixos
urbanos , as actuais Av.5 de Outubro e Av. Tenente Valadim, bem como de um
ramal, "construido a expensas da
companhia desde a estrada de Alhandra à estação" (13).
Finalmente,
em Setembro de 1888, anunciava-se o fim das "obras da nova Avenida do Caminho de Ferro, espaçosa, bonita, e um dos
melhores trabalhos que se tem feito em Torres, com relação a belleza e
utilidade(...)" (14).
Em
sessão camarária, realizada em 14 Março de 1889, baptizou-se a Avenida do
Caminho de Ferro com o nome de Avenida
Ignacio Casal Ribeiro, uma homenagem ao deputado do círculo eleitoral de Torres
Vedras, decisão comunicada ao mesmo quando este visitou a vila a 17 de Março
desse ano "como premio dos esforços
que s. ex.ª desenvolveu para a construcção d'ella, e como signal do respeito e
do amor de todos" (15) .
Uma
outra avenida seria construída, a partir da chamada "rua da cerca" e
entroncando com a Avenida Casal Ribeiro (actual Av. 5 de Outubro), nas
proximidades da estação e que seria baptizada, em sessão camarária de 27 de
Novembro de 1890, com a denominação de Avenida Tenente Valadim "em testemunho de admiração e para prepetua
memoria d'aquelle martyr da honra e da civilisação" (16) , falecido em Moçambique em Fevereiro
desse ano.
A
construção destas avenidas rompeu com os limites tradicionais da urbanização da
vila, ainda muito marcados pelos limites da já então demolida muralha medieval
e pela direcção das "portas" da vila.
Por
outro lado, a própria direcção da linha férrea funcionou, tal como tinha
acontecido ao longo dos tempos com o rio Sizandro, como um limite, ainda
evidente nos nossos dias, à expansão
urbana para leste.
Com
a inauguração definitiva do caminho de ferro, Torres Vedras e o concelho
conheceram uma animação crescente e antes pouco usual, como se pode ler na seguinte notícia:
"No domingo chegaram a esta vila mais de 100
pessoas no comboio da manhã. A maioria delas vinha visitar estes sítios, e
confessava-se encantada com o panorama que se desdobra à vista desde a saída do
tunel da Sapataria até Torres.
"Outro grande numero de passageiros apeiaram
(sic) em Dois Portos, para daí
seguirem para a Ribaldeira, onde havia a festa e arraial que anualmente se faz
a Santa Catarina.
"Em Torres, de tarde, encontravam-se grupos
pitorescos de visitantes, merendando entre os choupaes" (17).
O
aumento de forasteiros que o caminho de ferro trouxe a Torres Vedras contribuiu
ainda para o crescimento do número de pessoas que procuravam cura nas
terapêuticas àguas dos Cucos, localizadas
poucas centenas de metros a sudeste da estação ferroviária, estando na
origem da crescente preocupação, quer por parte da imprensa local, quer por
parte dos proprietários das termas, em melhorar as respectivas instalações.
Esta situação foi geradora de um dos
empreendimentos urbanísticos mais importantes do final do século XIX nos
arredores da vila.
O
jornal "A Semana" foi um
dos que mais se bateu por esse melhoramento. Em 12 de Julho de 1888 esse
periódico chamava a atenção para a "grande
conveniente e maior necessidade que há de construir um edifício, apropriado e
decente, onde os doentes de rheumetismo gottoso possam vir receber, com
commodidade e asseio, os manifestos benefícios das nossas especialissima águas
dos Cucos.
"Aquillo que hoje lá existe, considerado
como estabelecimento Thermal, é um péssimo documento da nossa orientação
económica, que estamos apresentando aos forasteiros, deixando abandonado um
precioso elemento de vida commercial de Torres Vedras (...).
"As toscas locandas estão apinhadas de
gente; as pessoas que se installam pelas hospedarias da villa, quando vão tomar
banho, ao sair, não teem um quarto confortável onde demorem, acontecendo que
nos dias inconstantes que tem corrido sugeitam-se até apanhar chuva, na volta(..)"
(18).
Esta
descrição é reveladora das dificuldades de resposta da vila na hospedagem de um
número crescente de forasteiros, reflexo do aumento de movimento de pessoas
provocado pelo recém inaugurado caminho de ferro.
As
obras que conduziram àquele espaço que hoje conhecemos como Termas dos Cucos
iniciaram-se em 26 de Novembro de 1890. O novo estabelecimento termal foi
aberto ao público, provisoriamente, em 11 de Julho de 1892, realizando-se a sua
inauguração oficial em 15 de Maio de 1893.
A
inauguração da ligação ferroviária entre Torres Vedras e Lisboa foi assim um
marco fundamental para o desenvolvimento desta localidade.
(1) Jornal de Torres Vedras, de
8 de Outubro de 1885;
(2) Jornal de Torres Vedras,
5 de Novembro de 1885.
(3) Jornal de Torres Vedras,
10 de Dezembro de 1885.
(4) Actas da CMTV,
Livro nº 33, sessão de 9 de Dezembro de 1886, ff.164 verso e 165.
(5) Lisboa-Torres
Vedras, nº único, 30 de Dezembro de 1886.
(6) Voz de Torres Vedras
, 19 de Fevereiro de 1887.
(7) A Semana,
12 de Maio de 1887.
(8) Voz de Torres Vedras,
28-5-1887.
(9) Voz de Torres Vedras,
25 de Junho de 1887.
(10)
Semana, de 31 de Março de 1887.
(11)
Voz
de Torres Vedras, 2 de Julho de 1887.
(12)
Voz
de Torres Vedras, 13 de Outubro de 1888.
(13)
Jornal
de Torres Vedras, 4 de Novembro de 1886.
(14)
A
Semana, de 27 de
Setembro de 1888.
(15)
Voz
de Torres Vedras, 23 de Março de 1889.
(16)
Actas
da C. M. T. V. Livro nº34, sessão de 27 de Novembro
de 1890,f.67.
(17)
A
Semana, 9 de Junho de 1887.
(18)
A
Semana , 12 de Julho de 1888.
(Nota:
um estudo detalhado sobre a construção e o impacto do caminho-de-ferro em
Torres Vedras pode ser consultado no meu livro “O Caminho de Ferro em Torres
Vedras – Impacto da Sua Chegada”, ed. CMTV/Colibri, Maio de 2007;
Por
sua vez, este texto serviu de base para um outro mais sintético publicado na
secção Vedrografias do Jornal Badaladas no passado dia 26 de Maio de 2017).
VENERANDO
ANTÓNIO ASPRA DE MATOS
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