Já está à venda em Torres
Vedras, na Papelaria União, a biografia de Venerando Ferreira de Matos, figura
activa no meio cultural, associativo e jornalístico desta cidade, durante os
anos do pós-guerra até ao seu falecimento em 1975.
A biografia inclui uma vasta
documentação, acompanhando os seu percurso de vida que atravessou todo o Estado
Novo, iniciado em Coimbra e que incluiu o cumprimento de dois anos de prisão em
Peniche no início da década de 1950.
O livro insere-se numa colecção
editada pela Associação Ephemera, uma Associação que visa dinamizar, organizar
e divulgar o vasto espólio do arquivo privado de José Pacheco Pereira.
Dessa coleção já foram
publicados dois outros títulos, “em redor de uma palavra grega”, da autoria de
Maria Mafalda Viana, sobre a origem da palavra “Ephemera”, e “A Esquerda
Festiva do Técnico nos anos 60 – um testemunho” por Henrique Garcia Pereira,
sobre o agitado momento político vivido pelos estudantes do Instituto Superior
Técnico nos anos de 1960.
“EM Sentido Contrário” é terceiro título dessa colecção, que vai ser
oficialmente lançado no próximo dia 22 de Janeiro no Museu do Forte de Peniche,
em hora ainda a designar, apresentado pelo Dr. Fernando Pereira Marques e pelo
Dr. José Pacheco pereira, e em Torres Vedras, em 15 de Fevereiro, na Biblioteca
Municipal Leonel Trindade, pelas 18 horas.
Estão previstas ainda duas
sessões de apresentação no Museu do Aljube, em Lisboa, em data a designar, e em
Coimbra, em lugar e data a designar.
Como apresentação da biografia
de Venerando Ferreira de Matos, aqui deixamos o prefácio desse livro, da
autoria do Dr. José Pacheco Pereira:
“Em
Sentido Contrário, é o primeiro dos Cadernos do Ephemera dedicado ao que chamamos
“os oposicionistas na província”, aqueles que são mais facilmente esquecidos
porque não viveram nos centros do poder, mas que deram dimensão nacional à
resistência ao Estado Novo.
“Venerando Aspra de
Matos, autor deste Caderno, nosso incansável amigo e associado fundador,
escreve sobre Venerando Ferreira de Matos, seu Pai um desses muitos homens que,
quase desconhecidos, por todo o país, dedicaram as suas vidas a fazer oposição
ao regime salazarista. Sempre com um só objectivo, derrubar o regime,
desenvolviam intensa actividade, nos jornais locais ou nacionais, nos seus
empregos, nos cafés, nas associações, nos grupos de teatro, nas bibliotecas
locais, a maioria das vezes com um informador da PIDE à distância de um olhar e
com o risco permanente de prisão. Venerando Ferreira Matos pagou esse preço,
ainda muito jovem, estando vários anos preso em Peniche.
“Da cadeia, escrevia à
sua noiva cartas que nos descrevem a vida na prisão, as suas relações com os
demais presos e com o Partido Comunista, a sua atenção aos sons do exterior, o
cuidado com a sua permanente formação e informação, para que o tempo da prisão
não fosse perdido. Algumas dessas cartas são aqui transcritas, transportando-nos
de imediato para dentro do Forte prisão e para o espírito dos que lá se
encontravam, sendo uma fonte até agora inédita do quotidiano numa das prisões
mais importantes do regime salazarista.
“Libertado, continuou
a sua luta cívica em Torres Vedras e naquela que foi uma constante da sua vida,
a escrita em jornais. Podiam ser artigos sobre arte, ciência, desporto, ou com
preocupações ambientais, numa luta muitas vezes subterrânea, contribuindo para
a formação de um magma que algum dia havia de ver a luz do dia. Venerando
Ferreira de Matos ainda pode ver o dia “lustral” do 25 de Abril de 1974.
“Com estas biografias,
pretendemos divulgar espólios do Arquivo Ephemera que podem servir ao trabalho
dos investigadores e deixar memória útil a todos.
José Pacheco Pereira.”
Mais um contributo inestimável para a História torriense.
ResponderEliminarMuito obrigado, Venerando!
Ficamos mais ricos. Obrigado, Venerando
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