Se há acontecimento que une todas as gerações torrienses
vivas, ele é o Carnaval de Torres.
Toda a gente que tenha nascido ou vivido em Torres Vedras
tem histórias da sua vida relacionadas com esse evento.
Se essa memória for a de alguém que esteve por dentro da
organização e da expansão que o Carnaval de Torres conheceu nas últimas
décadas, estão reunidas as condições para que essas memórias se tornem um
documento fundamental para conhecer a evolução, a transformações e o espírito
desse acontecimento único que é o Carnaval de Torres.
É o que acontece com António Carneiro, que acaba de nos
brindar com um surpreendente livro de memórias sobre o Carnaval de Torres:
“Aconteceu assim…memórias e …outras histórias”.
Este livro, tratado graficamente pelo Antero Valério e
ilustrado com um conjunto de fotografias , muitas da autoria de Carlos Miguel (cronista
visual do nosso carnaval das últimas décadas, como se revela pela
extraordinária fotografia que foi escolhida para capa do livro), é já uma obra
fundamental para se conhecer como é que o Carnaval de Torres atingiu a sua
actual dimensão e notoriedade.
Como responsável activo pela fase moderna do nosso Carnaval,
António Carneiro dá-nos uma obra fundamental para quem queira construir, para
memória futura, uma História do Carnaval de Torres.
O memorialismo não é um género muito cultivado por estas
bandas, muito menos na forma despretensiosa, mas bem documentada e
experienciada, como o faz o nosso amigo “Toni” Carneiro.
Para além de António Carneiro, temos, felizmente, João Maria
Brandão de Melo que nos vai deliciando, nas páginas do jornal Badaladas, de forma
irregular, com as suas memórias carnavalescas, trabalho que também merecia ser
reunido em livro.
Pena temos nós que não houvesse outras figuras históricas do
nosso Carnaval que publicassem as suas memórias (lembramo-nos de um Amílcar, de
um Luís Faria, de um Jaime Alves, de um Levy dos Santos, de um Verino, de um Renato Valente…e tantos outos que
construíram o nosso Carnaval).
O livro de António Carneiro lê-se de um trago. Lê-lo, para
além do grande prazer que nos deu, é um forma de penetrarmos no espírito do centenário Carnaval de Torres,
pois as saborosas histórias que ele nos
revela não são as de um mero
observador exterior, mas muitas delas tiveram a cumplicidade activa do autor e
foram “estruturantes” para a identidade
actual do nosso Carnaval.
Este é um livro fundamental na estante de qualquer torriense, goste-se ou não do Carnaval.
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