quinta-feira, 25 de maio de 2023

As memórias do Carnaval de António Carneiro

                                               

Se há acontecimento que une todas as gerações torrienses vivas, ele é o Carnaval de Torres.

Toda a gente que tenha nascido ou vivido em Torres Vedras tem histórias da sua vida relacionadas com esse evento.

Se essa memória for a de alguém que esteve por dentro da organização e da expansão que o Carnaval de Torres conheceu nas últimas décadas, estão reunidas as condições para que essas memórias se tornem um documento fundamental para conhecer a evolução, a transformações e o espírito desse acontecimento único que é o Carnaval de Torres.

É o que acontece com António Carneiro, que acaba de nos brindar com um surpreendente livro de memórias sobre o Carnaval de Torres: “Aconteceu assim…memórias e …outras histórias”.

Este livro, tratado graficamente pelo Antero Valério e ilustrado com um conjunto de fotografias ,  muitas da autoria de Carlos Miguel (cronista visual do nosso carnaval das últimas décadas, como se revela pela extraordinária fotografia que foi escolhida para capa do livro), é já uma obra fundamental para se conhecer como é que o Carnaval de Torres atingiu a sua actual dimensão e notoriedade.

Como responsável activo pela fase moderna do nosso Carnaval, António Carneiro dá-nos uma obra fundamental para quem queira construir, para memória futura, uma História do Carnaval de Torres.

O memorialismo não é um género muito cultivado por estas bandas, muito menos na forma despretensiosa, mas bem documentada e experienciada, como o faz o nosso amigo “Toni” Carneiro.

Para além de António Carneiro, temos, felizmente, João Maria Brandão de Melo que nos vai deliciando, nas páginas do jornal  Badaladas, de forma irregular, com as suas memórias carnavalescas, trabalho que também merecia ser reunido em livro.

Pena temos nós que não houvesse outras figuras históricas do nosso Carnaval que publicassem as suas memórias (lembramo-nos de um Amílcar, de um Luís Faria, de um Jaime Alves, de um Levy dos Santos, de um Verino, de  um Renato Valente…e tantos outos que construíram o nosso Carnaval).

O livro de António Carneiro lê-se de um trago. Lê-lo, para além do grande prazer que nos deu, é um forma de penetrarmos  no espírito do centenário Carnaval de Torres, pois as saborosas histórias que ele nos  revela não são as  de um mero observador exterior, mas muitas delas tiveram a cumplicidade activa do autor e foram “estruturantes”  para a identidade actual do nosso Carnaval.

Este é um livro fundamental na estante de qualquer torriense, goste-se ou não do Carnaval.

 

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