Numa pesquisa pelo site do Arquivo Municipal de Lisboa encontrei um
interessante conjunto de documentos relacionados com o projecto para o
monumento dedicado a João de Barros, inaugurado na praia de Santa Cruz em 1971.
João de Barros foi uma importante figura da literatura, educação e do
republicanismo.
Nasceu na Figueira da Foz em 1881 e ficou conhecido como professor e
pedagogo, defensor do chamado movimento da Escola Nova.
Tendo aderido ao Partido Republicano Português, saiu deste partido em
1924 para integrar o Partido Republicano da Esquerda Democrática, tendo
exercidos as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros durante o efémero
governo formado pelo líder desse partido, José Domingos dos Santos, que
governou entre Novembro de 1924 e Fevereiro de 1925, considerado o governo mais
à esquerda da 1ª República, e por isso apelidado do governo dos “canhotos”.
João de Barros participou activamente no jornalismo cultural, tendo-se
destacado como publicista, ensaísta e poeta.
Durante o Estado Novo participou activamente na oposição democrática ao
regime, sendo por isso expulso do ensino, tendo-se destacado no apoio à
candidatura de Humberto Delgado.
Foi pai de Henrique e Barros, outra destacada figura da oposição,
ministro nos primeiros governos provisórios no pós-25 de Abril, parlamentar
respeitado eleito pelo PS, partido do qual se desvinculou em 1985 para aderir
ao PRD.
Paradoxalmente João de Barros era também sogro de Marcelo Caetano, o
último primeiro ministro do Estado Novo, derrubado no 25 de Abril.
João de Barros era um apaixonado pelo mar e passou muitos Verões na
praia de Santa Cruz, juntamente com a sua família, incluindo mesmo Marcelo
Caetano nessas estadias.
Falecido em 25 de Outubro de 1960, em 1971 foi inaugurado o referido
monumento em sua homenagem.
Esta monumento foi da autoria conjunta do escultor e pintor José Santa
Bárbara (homenageado na Festa do Avante deste ano, como se pode ver AQUI) e do
arquitecto Keil do Amaral e inclui a transcrição de um poema de João de Barros
e uma dedicatória de Ferreira de Castro ao poeta.
Aqui reproduzimos os tais documentos e projectos disponíveis no site do
Arquivo Municipal de Lisboa:
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