quarta-feira, 23 de outubro de 2024

João de Barros presta homenagem à Colónia da Física de Santa Cruz


 No meio do arquivo de família, decobri um interresante original, da autoria de João de Barros (1881-1960), que ele dedicou "aos ilustres funddores e directores da Colónia Balnear Infantil da Praia de Santa Cruz", documento esse datado de 30 de Agosto de 1931.

Sobre João de Barros e a sua ligaçao à praia de Santa Cruz já AQUI nos referimos.

Sobre a Colónia Infantil à qual o texto é dedicado, aconselhamos a leitura atenta do estudo que Cecília Travanca Rodrigues dedicou a essa iniciativa, no âmbito do estudo à "Física de Torres", intitulado "A Colónia Balnear Infantil" (pp. 191 a 203 in História da Associação de Educação Física e Desportiva de Torres Vedras", coord. de Cecília Travanca e Carlos Guardado, ed. 2012).

Não deixa de ser curioso que o texto date do verão de 1931, apenas dois anos depois  daquele projectoter sido pensado. 

O texto intitula-se "Infância" e é uma reflexão sobre esse estádio da vida, na perspectiva de um autor que dedicou grande parte da sua vida a reflectir sobre a educação e que reflecte a forma como a infância era vista há cem anos atrás.

Aqui deixamos reproduzidas essas páginas:

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Os primeiros “torrienses”

(Trindade e Paço, 1964)

Foi há 60 anos que Leonel Trindade e Afonso do Paço elaboraram a primeira síntese sobre o que então se sabia àcerca dos primeiros habitantes da região deste concelho. Trata-se da publicação, na revista Arquivo de Beja, do estudo intitulado “Subsídios para uma carta arqueológica do concelho de Torres Vedras – I – Algumas estações paleolíticas”, publicado como separata em 1964 com a data de Abril desse ano.

Fazendo um breve historial sobre os primeiros trabalhos arqueológicos onde se fizeram descobertas sobre a ocupação paleolítica nesta região, em especial junto ao litoral de Santa Cruz, trabalhos esses iniciados em 1934, os autores fazem o levantamento desses primeiros achados, acompanhados por ilustrações da autoria de Maria João Lopes do Paço e por um mapa com a sua localização neste concelho (mapa que ilustra este artigo).

Os primeiros objectos desse período, cerca de um milhar, foram recolhidos na costa de Santa Cruz, na Ponta da Vigía, a norte de Santa Cruz, no chamado lugar de “A Mina”, a este daquela localidade e perto do “Porto Escada”, a sul.

A maior parte desses materiais líticos datavam, uns do paleolítico inferior, em pequeno número, e a maior parte do paleolítico superior.

Anos depois, Leonel Trindade descobriu outras estações arqueológicas e vestígios do Paleolítico Superior, “uma na zona de Cambelas e outra no Rossio do Cabo”, esta situada na freguesia de A-Dos-Cunhados, e numa estação “a W. do Casalinho”.

Do mesmo período existiam à época, no Museu Municipal, alguns utensílios desse período, um biface recolhido por outro importante arqueólogo local, Aurélio Ricardo Belo, no “Vale de Carros”, no Maxial, outro recolhido por Leonel Trindade junto ao cemitério da então vila de Torres Vedras.

Na freguesia da Silveira tinham também sido recolhidos vestígios líticos desse período no Casal da Portela e no Casal das Pedrosas.

A partir de então o conhecimento sobre esse período, o mais antigo com ocupação humana na região, conheceu um grande desenvolvimento, com novas descobertas e publicações que actualizaram o esse conhecimento, com destaque para a nova síntese sobre a pré-história torriense da autoria de Cecília Travanca (ver bibliografia) e para a monumental obra de João Zilhão em dois volumes, O Paleolítico Superior da Estremadura Portuguesa, de 1997.

Com base nessas obras e noutras indicadas na bibliografia publicada em baixo, é possível fazer um breve levantamento sobre as estações paleolíticas e o tipo de vestígios recolhidos que documentam a primeira ocupação humana deste território.

Chama-se contudo a atenção que este é um tema sempre em evolução, não só em relação a novas descobertas, como em relação à datação para cada período, pelo que alguns dados referidos podem já estardesactualizados:

1 – Paleolítico Inferior ( 3 milhões de anos a 300 000 aC) (Na região europeia a ocupação humana só aconteceu há cerca de 800 mil anos atrás).

1– 1 –  Acheulense (400 000 a 300 000 aC) – Bifaces como vestígios mais frequentes, usados pelo Atlantropo

1– 1 – 1 – Pré – Acheulense:  Santa Cruz ( Corresponde a três sítios ao longo do litoral desse sítio .Ponta da Vigia, a norte, “a Mina”, a Este e perto do “Porto da Escada”, a Sul); perto da fonte da Água do seixo, Santa Cruz; e Seixosa (?).

1– 1 – 2 – Acheulense Médio: Casal das Pedrosas, Silveira; Casal da Portela, Silveira; Torres Vedras, área do mercado municipal; Vale de Carros, Maxial

1 – 1 – 3 – Acheulense Superior:  Seixo, Santa Cruz.

1 – 1 – 4 – Outros sítios com vestígios do Paleolítico Inferior: Ponte do Rol; Galegueira, Ponte do Rol; A-Dos-Cunhados; Carrascais, A-Dos-Cunhados; Sobreiro Curvo, A-Dos-Cunhados; Gruta de  Lapa da Rainha, Maceira.

2 –Paleolítico Médio (300 000 a 35 000 aC, última glaciação (Wurm), ocupação Neanderthal):

Penafirme, A -Dos- Cunhados;  Casal do Soito, Ponte do Rol; Casal do Calvo, Ponto do Rol.

3 - Paleolítico Superior (35 000 aC – 10 000 aC) – Homo Sapiens Sapiens.

3 – 1 – Aurinhacense (28 000 aC  – 26 000 aC) (Cro-Magnon) (Primeiras manifestações de arte figurativa: figuras de animais muito esquemática e signos gravados em blocos de calcário):Santa Cruz; achado isolado, em lugar desconhecido.

3 – 2 – Gravettense e Proto-Solutrense ( 26 000 aC – 21 000 aC).Período caracterizada pela indústria do buril de truncatura retocada. Na arte caracteriza-se pelas estatuetas  femininas em marfim (“Vénus”)

São deste período, neste concelho, espólio constituído por artefactos líticos, encontrados em Cova da Moura (Cambelas, S. Pedro da Cadeira) e em sítio ao ar livre localizado no Vale da Fonte ou Vale de Almoinha, a 500 metros da mina de água que lhe deu aquela designação.

 3 – 3 -  Solutrense (21 000 aC – 16 000 aC).Período caracterizado pela grande perfeição na técnica de talhe. A “folha-de-loureiro” e a raspadeira são dois dos instrumentos típicos deste período:

- Vale Almoinha, Cambelas, S. Pedro da Cadeira. A causa provável da escolha deste lugar como acampamento pré-histórico pode dever-se à existência, a 100 metros do lugar de uma nascente de água doce, já existente na época. A maioria do material lítico é constituído por peças em sílex (95% do total), algumas em quartzo, nomeadamente raspadeiras, “folhas de loureiro”, lascas, lamelas, lâminas, núcleos.

– Lapa da Rainha, Maceira. Gruta de abrigo esporádico, tendo servido fundamentalmente de toca de carnívoros. Para além de vestígios ósseos humanos fossilizados, foram encontrados ossos de animais já extintos na região, como o rinoceronte e a hiena.

3 – 4 – Magdalenense (16 000 aC – 10 000 aC). Caracteriza-se pelo importante desenvolvimento da indústria óssea e pela qualidade das obras de arte mobiliária ou parietal. Transição entre Paleolítico  e o Mesolítico:

- Baio ou Cerrado Novo ou W. do Casalinho, junto à foz do rio Sizandro, margem esquerda , Gentias do Meio, S. Pedro da Cadeira. Produção de lascas e lamelas. Data provavelmente de entre cerca 11000 e de 10500 aC. Os seus vestígios  prolongam-se pelo Neolítico;

-  Vale da Mata, na margem esquerda do rio Sizandro,Gentias, S. Pedro da Cadeira;

- Rossio do Cabo, Santa Cruz, no sítio onde se construiu o campo de tiro, 3 km. a NE. da praia de S.tª Cruz. Parece “ ter sido um acampamento de superfície, de pequena extensão, ocupado por caçadores durante um período de tempo relativamente curto” (RODRIGUES, 1999, p.60).

Esta estação arqueológica foi descoberta por Leonel Trindade em 1950.“A estação do Rossio do Cabo é um contributo importante para a arqueologia portuguesa: confirmando a influência europeia no ocidente da Península em pleno Paleolítico Superior, dá-nos elementos para verificarmos o estabelecimento no litoral estremenho de tribos aurinhacenses. Estas viveram, por certo em espaço de tempo reduzido, num acampamento ao ar livre, trabalhando com segurança material que iam buscar (...) a localidades distantes”, como Runa, Torres Vedras e, talvez, Rio Maior, Nazaré e Lisboa. (FREITAS, 1959, p.62).

– Pinhal da Fonte, Cambelas, S. Pedro da Cadeira.

3 – 5 – Outros lugares com vestígios do paleolítico superior: a SE de Casalinhos de Alfaiates; Escaravelheira (Vestígios líticos, do paleolítico superior final ou Epipaleolítico); Porto Escada, a sul de Santa Cruz; lugar da Mina Santa Cruz; Vale do Pizão, Santa Cruz; Vale do Cortiço, Santa Cruz; Ponta da Vigia, Santa Cruz; Póvoa de Penafirme; Varatojo; Fonte Grada;  Ponte do Rol; Casal do Calvo, Ponte do Rol.

Achados de superfície: Galegueira, Ponte do Rol; Casal da Portela, no vale do Sizandro; Vale do Covo, A-Dos-Cunhados; Cabeça Ruiva; Curral Velho, S. Pedro da Cadeira; Concheiro do Pinhal da Fonte, S. Pedro da Cadeira.

Em termos gerais, num período marcado pelo nomadismo dos grupos humanos, e tendo em conta as condições climatéricas, geográficas e naturais, muito diferentes das actuais, a maior parte dos vestígios desse período, encontrados neste concelho, concentram-se no litoral e ao longo do vale do Sizandro, que teriam também características diferentes das actuais geográficas (em relação à linha de costa, nível do mar e ao leito dos rios).

Não queremos terminar sem destacar o trabalho esforçado realizado aos longo dos anos pela equipa de arqueólogos torrienses ligados ao Museu Municipal Leonel Trindade.

 

BIBLIOGRAFIA:

CARVALHO, Emmanuel e outros, “More Data for na archeological map os the county of Torres Vedras” (paleolítico), in Arqueologia, nº 19, Junho de 1989, Porto 1989, pp. 16 a 33.

FREITAS, Cândido Manuel Varela de , A Arqueologia do Concelho de Torres Vedras (Contribuição para o seu estudo até à época Lusitano-Romana), Dissertação de licenciatura no Curso de Ciências Históricas e Filosóficas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,  2 volumes, Lisboa 1959,

“Freguesias”, suplemento do jornal BADALADAS, de T. Vedras, 1998, 1999 e 2000.

LEEUWAARDEN, Wim Van e QUEIRÓZ, Paula Fernanda, “Estudo de Arqueobotânica no sítio da Ponta da Vigia (Torres Vedras)”, in Revista Portuguesa de Arqueologia, Vol.6, nº1, 2003, pp. 79 a 81;

LOURENÇO, Sandra, e ZAMBUJO, Gertrudes, “Duas novas datações absolutas para a Ponta da Vigia (Torres Vedras)”, Revista Portuguesa de Arqueologia, Volume 6, nº 1, 2003, pp. 69-78;

LUNA, Isabel de, “Investigação arqueológica em Runa”, in “Freguesias” (Runa), suplemento nº 13 do jornal Badaladas, 15-10-1999.

PAÇO, Afonso do e TRINDADE, Leonel, Subsídios para uma carta arqueológica do concelho de Torres Vedras, separata do “Arquivo de Beja”, vol.XX-XXI, 1963-1964, ed. Minerva Comercial, Beja, 1964.

ROCHE, J. e TRINDADE, L., La Station Prehistorique de Rossio do Cabo (Santa Cruz – Estremadura), Porto 1951, separata do Boletim da Sociedade de Geológica de Portugal, Vol. IX (pg. 219-228), 1951;

RODRIGUES, Cecília Travanca, “O Passado Longínquo: da Pré-História à Romanização”, in Torres Vedras – Passado e Presente, vol I, pp. 35 a 60, C.M.T.V., 1996.

RODRIGUES, Cecília Travanca, Reconhecer Leonel Trindade, Cooperativa de Comunicação e Cultura, T. Vedras, 1999 (publica uma vasta bibliografia sobre a arqueologia torriense, com autoria ou coautoria de Leonel Trindade).

VIANA, A. E ZBYSZEWSKI, G., Gruta da Maceira (Vimeiro), Porto 1949, Instituto para a Alta Cultura-Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, Porto, separata do fascículo 1-2, vol XII de Trabalhos de Antropologia e Etnologia;

ZILHÃO, João, O Paleolítico Superior da Estremadura Portuguesa, 2 vol., ed. Colibri, Lisboa 1997.

ZILHÃO, João, O Solutrense da Estremadura Portuguesa – uma proposta de interpretação paleoantropológica, IPPC, Lisboa 1987.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Misericórdia de Torres Vedras


A história e a acção cívica da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras confunde-se com os últimos cinco séculos da História torriense.

Fundada  por alvará de 26 de Julho de 1520, revelou-se a mais marcante iniciativa tomada localmente durante o reinado de D. Manuel (nascido em 1469, reinou entre 1495 e 1521).

A sua fundação vem na sequência da  necessidade sentida, desde os finais do século XV, em ordenar e unificar a assistência, que se iniciou quando D. João II lançou a primeira pedra do Hospital de Todos os Santos, reunindo para esse fim os rendimentos de vários estabelecimentos pios, obra continuada por sua mulher D. Leonor, quando, já viúva, fundou a Misericórdia de Lisboa em Agosto de 1498.

A História dessa instituição em Torres Vedras, e da sua acção ao longo dos séculos, está suficientemente estudada, numa primeira síntese por Madeira Torres (1), aprofundada por Salinas Calado (2) e, mais recentemente, numa obra de fôlego e definitiva, por Célia Reis (3).

Registem-se ainda alguns estudos sobre aspectos mais particulares dessa instituição, como os de Manuela Catarino (4) e Joana Balsa de Pinho (5).

Registe-se ainda o volume dedicado às Misericórdias, numa visão global, incluído na edição de actas dos encontros Turres Veteras (6)

Neste texto, apenas pretendemos fazer uma breve evocação dessa instituição, remetendo um conhecimento mais aprofundado sobre a mesma  para a consulta das obras acima referida, em especial para o livro de Célia Reis.

A sede torriense dessa instituição foi instalada no Hospital do Santo Espírito, que já possuía os bens do Hospital de Santa Maria dos Farpados e do Hospital do Mostardeiro, juntando-se então a esses, os bens da Confraria das Ovelhas Pobres e os do Hospital de S. Gião, ou Confraria dos Sapateiros, aos quais se juntariam outros bens ao longo dos séculos.

A Misericórdia de Torres Vedras começou a sua vida “com duas salas para ambos os sexos  e uma capela, e segundo Madeira Torres, com um rendimento de : 6 moios de trigo, 3 de cevada, 36 almudes de vinho, 3 potes de azeite, 56 galinhas e frangos, um carneiro, 13.888 réis em dinheiro e 2 óvos, além dos sobejos de todos os outros Hospitais e Albergarias.

“Além destes rendimentos, estava a Santa Casa autorizada a ter Mamposteiros ou arrecadadores d’esmola em todas as freguesias do arciprestado, encarregados de pedirem para ela” (7).

Em 1767 foi aí construída uma enfermaria de mulheres e, em 1795, foi autorizada a criação de uma “botica” no hospital, só concretizada em 1814.

O edifício foi acrescentado em 1796 com a compra de uma casa nobre a sul, alargando as enfermarias para quatro.

O Hospital funcionou aí até à inauguração do Novo Hospital da Misericórdia, no local do actual Hospital Distrital, em 18 de Julho de 1943, com a presença do então Presidente da república Óscar Carmona.

As obras do novo hospital começaram em 1926, mas a inauguração só ocorreu nessa data.

O novo hospital foi “construído por contribuição do Estado e da Câmara Municipal”, e com a contribuição de vários beneméritos locais, homenageados numa lápide comemorativa descerrada na ocasião, no átrio do hospital”. Entre os beneméritos foram citados os “srs. Álvaro Galrão, dr. José Alberto Bastos, Joaquim Vaquinhas, dr. Júlio Lucas e D. Teresa de Jesus Pereira” (8).

Com a mudança das instalações do Hospital, no edifício então desocupado estiveram instalados o Museu Municipal e a Biblioteca Municipal de 1944 a 1989.

Em 19 de Maio de 1681 deu-se inicio à construção da Igreja da Misericórdia, contigua àquele hospital, obra concluída em 1710, ano em que foi benzida em  acto solene, realizado a 6 de Setembro desse ano, presidido pelo Bispo de Tagaste, o torriense D. Manuel da Silva Francês.

Entra-se para a Igreja pelo adro que serviu de cemitério onde se enterravam os pobres falecidos no Hospital, antes de a Santa Casa ter cemitério pegado para norte e, talvez, para poente.

O Pórtico tem as armas reais do século XVII, e a porta é datada de 1718.

A igreja é de uma nave coberta por abobada de berço, onde estão pintadas as armas reais, com a cruz da ordem de Cristo  (típico do século XVIII).

No altar mor existe, no centro, uma imagem de N.ª Senhora da Misericórdia com o menino (seiscentista) e, segundo Salinas Calado, à “mão direita da Senhora da Misericórdia, no seu altar de talha dourada, existe um pequeno esconderijo; ali escaparam, como protegidos pelo seu manto piedoso, às prisões de 22 de Dezembro” (de 1846) “alguns patuleias, torrienses de então”.

A sacristia foi construída em 1752, por ordem do provedor Nuno da Silva Teles (Tarouca e Alegrete).

Leia-se, a propósito desse monumento, o interessante estudo sobre a sua arquitectura da autoria da já citada Joana Balsa de Pinho.

Sobre o valioso património artístico dessa instituição, visite-se o pequeno museu instalado no espaço sede da instituição, baptizado com o nome de Manuel Rosado, um quase centenário e dedicado cidadão à causa pública e a essa instituição.

Em 1975 a instituição perdeu as suas funções hospitalares, passando o edifício do Hospital a ter gestão estatal. Em contrapartida a associação ganhou novas valências, com a criação de uma creche e jardim de infância em Outubro de 1980, a inauguração de uma nova sede e de um centro de dia em Maio de 1987, e, em Dezembro de 2002, a inauguração do lar de Nossa Senhora da Misericórdia no lugar do Sarge.

Entretanto, no edifício original, para além dos serviços administrativos, existe um bem organizado arquivo histórico, englobando quinhentos anos da história de uma instituição que se confunde com a História de Torres Vedras, bem como o já mencionado museu.

Esperamos , com esta modesta e sintética evocação dessa importante “associação” torriense, despertar o interesse pelo conhecimento da sua actividade e da sua importância histórica e social no concelho torriense.


(1) – MADEIRA TORRES, Manuel Agostinho Madeira Torres, Descripção Historica e Economica da Villa e Termo de Torres Vedras, 2ª edição anotada, 1862, (1º edição em 1819), com nova edição fac-similada editada pele Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras;

(2) - CALADO, Rafael Salinas, Origens e Vida da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, ed. 1936;

(3) – REIS, Célia, A Misericórdia de Tores Vedras (1520-1975),  ed. Da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, 2016;

(4) – CATARINO, Manuela, “Assistência no século XIX”, in  Torres Vedras – Passado e Presente, Vol. I, obra colectiva, ed. Pala Câmara Municipal de Torres Vedras em 1996, pp. 299 a 316;

(5)- PINHO, Joana Balsa, “Persistência e atualidade de um modelo tipológico: a Casa da Misericórdia de Torres Vedras e a arquitetura das Misericórdias quinhentistas”, in A Misericórdia – História, Arte e Património, Turres Veteras XXIII, cord. Carlos Guardado Silva, ed. Colibri, CMTV, Universidade de Lisboa (…), ed.2022

(6) – SILVA, Carlos Guardado, (coord.), A Misericórdia – História, Arte e Património, Turres Veteras XXIII, ed. Colibri, CMTV, Universidade de Lisboa (…), ed.2022 ;

(7) – CALADO, ob. Cit., pág.6;

(8) - in Novidades de 19 de Julho de 1943;