Como de costume, nas eleições autárquicas a realizar no próximo domingo, os portugueses vão escolher, não só o Presidente da Câmara, mas também os vereadores, ambos eleitos nas listas da Câmara, mas também os membros da Assembleia Municipal, que, no final será composta pelos deputados municipais eleitos directamente e pelos presidentes eleitos de cada freguesia, e ainda a eleição para o Presidente e os membros de cada Assembleia de Freguesia.
No caso de Torres Vedras, serão eleitos 9 vereadores para a
Câmara.
Para esse cargo concorrem 7 listas, com 7 candidatos à
presidência, pelas listas, respectivamente, do PS, do “Afirmar Torres Vedras” (coligação
do PSD com o CDS e o PPM), da CDU (PCP e Verdes), do Bloco de Esquerda (BE), da
Aliança, do Chega e da lista independente Unidos por Torres Vedras (UTV).
Recorde-se que, nas autárquicas de 2017, foram eleitos 6
vereadores do PS, sob a presidêcia Carlos Bernardes e com maioria
absoluta, e 3 da coligação PSD/CDS. Os
três restantes partidos e coligações concorrentes (CDU, BE e Torres em Linha)
não elegeram nenhum vereador.
Desta vez há uma maior dispersão de votos, com mais listas
concorrentes, prevendo-se um “combate” renhido entre o PS e a lista UTV, sendo
possível que o PS perca a maioria absoluta e o PSD venha a perder a liderança
da oposição, havendo ainda alguma
expectativa sobre a eleição de um vereador oriundo da CDU, do BE ou da Aliança.
Quanto à Assembleia Municipal, concorrem os mesmos partidos
e coligações para eleger 27 mandatos, aos quais se juntarão os 13 presidentes
de freguesia eleitos.
Nas eleições de 2017 o PS conseguiu, logo no voto directo, a
maioria absoluta para este órgão, reforçada pelo facto de dominar a maior parte
das freguesias (11 em 13).
Foram assim eleitos para AM 14 deputados do PS, aos quais se
juntaram mais 11 das freguesias, 9 do PSD/CDS, aos quais se juntaram 2
representantes das freguesias ganhas por
esta coligação, 2 pela CDU, um pelo BE e um pelos independentes da Torres em
Linha.
A futura composição deste órgão autárquica é muito
imprevisível, devido à dispersão de votos, em parte saídos do PS para os UTV,
mas, principalmente, saídos do PSD/CDS, não tanto para os UTV, mas para a
Aliança e para o Chega. Fica em dúvida a prestação do BE, que pode melhorar a
sua votação, e da CDU, que pode beneficiar da dispersão de votos ao centro e à
direita.
Seja como for, é provável que o PS mantenha a sua maioria
absoluta neste órgão, em parte pelo resultado nas freguesias.
Quanto aos resultado nas 13 freguesias, podem registar-se
algumas surpresas, embora seja provável que o PS continue a dominar o maior
número de presidências.
Acontece que em 8 das 13 freguesias só concorrem 3 partidos,
os tradicionais e mais implantados PS, PSD/CDS e CDU.
Se é quase certa a vitória do PS nas freguesias do Maxial/Monte
Redondo, Turcifal e Ventosa, sendo a única incógnita saber se a CDU recupera os
mandatos perdidos em 2017 no Maxial e no Turcifal, nas outras 5 existem algumas
dúvidas sobre o resultado.
Em Campelos o PSD/CDS/PPM apresenta uma candidatura forte,
capaz de recuperar essa freguesia, actualmente PS.
Na Carvoeira/Carmões, a disputa é entre o PS e a CDU, tendo
esta última perdido essa freguesia por 3 votos nas últimas eleições.
Na Ponte do Rol o PS aposta forte na recuperação de uma
freguesia que perdeu em 2013 para uma lista independente, tendo esta, por sua
vez, perdido em 2017 para o PSD, mas relegando o PS para 3º lugar. Acontece
que, desta vez, essa lista independente, não só não concorre, como muitos dos
seus membros deram apoio à lista do PS.
Na Freiria a luta entre o PSD, que a ganhou
surpreendentemente em 2013, e o PS, que a pretende recuperar, é outra
incógnita.
Em Runa/Dois Portos a dúvida reside em saber se o PS perde
aí a maioria absoluta, à custa de um possível reforço da CDU.
Noutras 4 freguesias junta-se ,àqueles partidos, e pela
primeira vez, a candidatura do Aliança.
Em A-Dos-Cunhados, uma das freguesias que elege mais
mandatos (13) e onde o PS tem governado sem maioria absoluta, está em jogo um
mandato do grupo Torres em Linha, que não concorre este ano, que pode ser
disputado entre a Aliança, a CDU ou mesmo o PSD, o que podia, neste caso até
surpreender a previsível vitória do PS.
No Ramalhal, embora seja previsível uma maioria absoluta do
PS, é uma incógnita, quer a prestação da CDU, que aqui apresenta uma
candidatura forte, quer a da Aliança. O máximo que é previsível acontecer
parece-nos ser a possibilidade de o PS não manter essa maioria absoluta.
Em S. Pedro da Cadeira a maioria do PS é esmagadora e assim
deve continuar a ser, já que a candidatura da Aliança, no máximo, a conquistar
um lugar, será à custa do PSD.
Na Silveira, outra das freguesias que elege mais que os 9
mandatos das outras freguesias, os mesmos 13 que A-Dos-Cunhados, se a maioria
do PS não nos parece abalada, a incógnita resida em saber se a CDU recupera o
seu mandato perdido em 2017 e na prestação da Aliança.
A única freguesia onde concorrem todas as 7 coligações ou
partidos concorrentes à Câmara é na Freguesia “Urbana”.
Aqui, sim, existem muitas incógnitas. Em 2017 o PS obteve
uma maioria absoluta, com 10 eleitos, seguindo-se o PSD/CDS com 6, a CDU com 2
e a Torres em Linha com 1. Este ano a UTV tem aqui uma das suas apostas mais
fortes, tanto mais que o anterior eleito do PS não se recandidata neste cargo,
e pode acontecer aqui uma das grandes surpresas da noite.
A Aliança e o BE também jogam forte nesta freguesia, cujo
resultado pode influenciar, por “simpatia”, o resultado para a Câmara e para a
Assembleia Municipal.
Mais do que nunca, este é um dos actos eleitorais mais
disputados neste concelho, com mais incógnitas do que certezas.
Para melhor acompanharem os
resultados no concelho e aferirem de ganhos e perdas, aqui deixamos o gráfico
de baixo, com os resultados, em mandatos e eleitos, de 2017. A última coluna regista os partidos
e movimentos que se candidatam este ano e,
entre parêntesis, a minha expectativa de previsão do resultado em
mandatos. Nas colunas assinaladas com
(-), quer dizer que os partidos ou movimentos correspondentes não concorreram a
esses mandatos.
2017 |
Total Mandatos (= 2021) |
PS |
PSD/CDS |
CDU |
BE |
Torres em Linha
|
Outros Independentes |
Candidaturas em 2021 (resultados “previsíveis”) |
CM |
9 |
6 |
3 |
0 |
0 |
0 |
- |
PS – (4-6); UTV- (2-5); PSD/CDS/PPM – (2-3); Aliança – (0-2); CDU – (0-1); BE- (0-1); Chega (0). |
AM |
27 |
14 |
9 |
2 |
1 |
1 |
- |
PS – (9-12) UTV – (7-14); PSD – (6-9); Aliança - (0-4); CDU – (1-2); BE – (0-2); Chega (0-1). |
Campelos/Outeiro |
9 |
6 |
3 |
0 |
- |
- |
- |
PSD – (4-7); PS – (2-6); CDU – (0). |
Carvoeira/Carmões |
9 |
4 |
1 |
4 |
- |
- |
|
CDU – (3-5); PS- - (3-4); PSD – (0-1). |
Cunhado/Maceira |
13 |
6 |
5 |
1 |
- |
1 |
- |
PS – (4-6); PSD- (3-5); CDU – (1-2); Aliança –(0-2). |
Dois
Portos/Runa |
9 |
5 |
3 |
1 |
- |
- |
- |
PS – (3-5); CDU –(1-3); PSD – (2-3) |
Freira |
9 |
4 |
5 |
0 |
- |
- |
- |
PS – (4-6) PSD – (4-5) CDU – (0) |
Maxial/M
Red. |
9 |
6 |
3 |
0 |
- |
- |
- |
PS – (5-7) PSD – (2-3) CDU – (0-1) |
Ponte
do Rol |
9 |
2 |
4 |
0 |
- |
- |
3 |
PS-(4-6) PSD-(3-5) CDU – (0). |
Ramalhal |
9 |
5 |
3 |
1 |
- |
- |
- |
PS- (4-5) PSD- (2-3) CDU – (1-2) Aliança – (0-1). |
S.P.Cadeira |
9 |
7 |
2 |
0 |
- |
0 |
- |
PS- (6-7) PSD-(1-3) Aliança-(0-1) CDU – (0) |
Silveira |
13 |
9 |
4 |
0 |
- |
- |
- |
PS- (6-8) PSD-(4-5) Aliança-( 0-3) CDU – (0-1). |
Turcifal |
9 |
6 |
3 |
0 |
- |
- |
- |
PS- (5-7) PSD- (2-3) CDU – (0-1) |
Ventosa |
9 |
6 |
3 |
0 |
- |
- |
- |
PS- (5-7) PSD- (2-3) CDU- (0) |
CIDADE
(Sta Maria, S.Pedro, Matacães) |
19 |
10 |
6 |
2 |
- |
1 |
- |
PS- (6-10) UTV- (3-9) PSD- (2-5) Aliança- (0-3) CDU- (1-4) BE- (0-2) Chega – (0-1) |
1 comentário:
Muito obrigado, Venerando, pelo teu esforço informativo. Trabalho de grande utilidade.
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