quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Torres Vedras : Breve “Guia”, comentado, para acompanhar as eleições autárquicas



Como de costume, nas eleições autárquicas a realizar no próximo domingo, os portugueses vão escolher, não só o Presidente da Câmara, mas também os vereadores, ambos eleitos nas listas da Câmara, mas também os membros da Assembleia Municipal, que, no final será composta pelos deputados municipais eleitos directamente e pelos presidentes eleitos de cada freguesia, e ainda a eleição para o Presidente e os membros de cada Assembleia de Freguesia.

No caso de Torres Vedras, serão eleitos 9 vereadores para a Câmara.

Para esse cargo concorrem 7 listas, com 7 candidatos à presidência, pelas listas, respectivamente, do PS, do “Afirmar Torres Vedras” (coligação do PSD com o CDS e o PPM), da CDU (PCP e Verdes), do Bloco de Esquerda (BE), da Aliança, do Chega e da lista independente Unidos por Torres Vedras (UTV).

Recorde-se que, nas autárquicas de 2017, foram eleitos 6 vereadores do PS, sob a presidêcia Carlos Bernardes e com maioria absoluta,  e 3 da coligação PSD/CDS. Os três restantes partidos e coligações concorrentes (CDU, BE e Torres em Linha) não elegeram nenhum vereador.

Desta vez há uma maior dispersão de votos, com mais listas concorrentes, prevendo-se um “combate” renhido entre o PS e a lista UTV, sendo possível que o PS perca a maioria absoluta e o PSD venha a perder a liderança da oposição,  havendo ainda alguma expectativa sobre a eleição de um vereador oriundo da CDU, do BE ou da Aliança.

Quanto à Assembleia Municipal, concorrem os mesmos partidos e coligações para eleger 27 mandatos, aos quais se juntarão os 13 presidentes de freguesia eleitos.

Nas eleições de 2017 o PS conseguiu, logo no voto directo, a maioria absoluta para este órgão, reforçada pelo facto de dominar a maior parte das freguesias (11 em 13).

Foram assim eleitos para AM 14 deputados do PS, aos quais se juntaram mais 11 das freguesias, 9 do PSD/CDS, aos quais se juntaram 2 representantes  das freguesias ganhas por esta coligação, 2 pela CDU, um pelo BE e um pelos independentes da Torres em Linha.

A futura composição deste órgão autárquica é muito imprevisível, devido à dispersão de votos, em parte saídos do PS para os UTV, mas, principalmente, saídos do PSD/CDS, não tanto para os UTV, mas para a Aliança e para o Chega. Fica em dúvida a prestação do BE, que pode melhorar a sua votação, e da CDU, que pode beneficiar da dispersão de votos ao centro e à direita.

Seja como for, é provável que o PS mantenha a sua maioria absoluta neste órgão, em parte pelo resultado nas freguesias.

Quanto aos resultado nas 13 freguesias, podem registar-se algumas surpresas, embora seja provável que o PS continue a dominar o maior número de presidências.

Acontece que em 8 das 13 freguesias só concorrem 3 partidos, os tradicionais e mais implantados PS, PSD/CDS e CDU.

Se é quase certa a vitória do PS nas freguesias do Maxial/Monte Redondo, Turcifal e Ventosa, sendo a única incógnita saber se a CDU recupera os mandatos perdidos em 2017 no Maxial e no Turcifal, nas outras 5 existem algumas dúvidas sobre o resultado.

Em Campelos o PSD/CDS/PPM apresenta uma candidatura forte, capaz de recuperar essa freguesia, actualmente PS.

Na Carvoeira/Carmões, a disputa é entre o PS e a CDU, tendo esta última perdido essa freguesia por 3 votos nas últimas eleições.

Na Ponte do Rol o PS aposta forte na recuperação de uma freguesia que perdeu em 2013 para uma lista independente, tendo esta, por sua vez, perdido em 2017 para o PSD, mas relegando o PS para 3º lugar. Acontece que, desta vez, essa lista independente, não só não concorre, como muitos dos seus membros deram apoio à lista do PS.

Na Freiria a luta entre o PSD, que a ganhou surpreendentemente em 2013, e o PS, que a pretende recuperar, é outra incógnita.

Em Runa/Dois Portos a dúvida reside em saber se o PS perde aí a maioria absoluta, à custa de um possível reforço da CDU.

Noutras 4 freguesias junta-se ,àqueles partidos, e pela primeira vez,  a candidatura do Aliança.

Em A-Dos-Cunhados, uma das freguesias que elege mais mandatos (13) e onde o PS tem governado sem maioria absoluta, está em jogo um mandato do grupo Torres em Linha, que não concorre este ano, que pode ser disputado entre a Aliança, a CDU ou mesmo o PSD, o que podia, neste caso até surpreender a previsível vitória do PS.

No Ramalhal, embora seja previsível uma maioria absoluta do PS, é uma incógnita, quer a prestação da CDU, que aqui apresenta uma candidatura forte, quer a da Aliança. O máximo que é previsível acontecer parece-nos ser a possibilidade de o PS não manter essa maioria absoluta.

Em S. Pedro da Cadeira a maioria do PS é esmagadora e assim deve continuar a ser, já que a candidatura da Aliança, no máximo, a conquistar um lugar, será à custa do PSD.

Na Silveira, outra das freguesias que elege mais que os 9 mandatos das outras freguesias, os mesmos 13 que A-Dos-Cunhados, se a maioria do PS não nos parece abalada, a incógnita resida em saber se a CDU recupera o seu mandato perdido em 2017 e na prestação da Aliança.

A única freguesia onde concorrem todas as 7 coligações ou partidos concorrentes à Câmara é na Freguesia “Urbana”.

Aqui, sim, existem muitas incógnitas. Em 2017 o PS obteve uma maioria absoluta, com 10 eleitos, seguindo-se o PSD/CDS com 6, a CDU com 2 e a Torres em Linha com 1. Este ano a UTV tem aqui uma das suas apostas mais fortes, tanto mais que o anterior eleito do PS não se recandidata neste cargo, e pode acontecer aqui uma das grandes surpresas da noite.

A Aliança e o BE também jogam forte nesta freguesia, cujo resultado pode influenciar, por “simpatia”, o resultado para a Câmara e para a Assembleia Municipal.

Mais do que nunca, este é um dos actos eleitorais mais disputados neste concelho, com mais incógnitas do que certezas.

Para melhor acompanharem os resultados no concelho e aferirem de ganhos e perdas, aqui deixamos o gráfico de baixo, com os resultados, em mandatos e eleitos,  de 2017. A última coluna regista os partidos e movimentos que se candidatam este ano e,  entre parêntesis, a minha expectativa de previsão do resultado em mandatos.  Nas colunas assinaladas com (-), quer dizer que os partidos ou movimentos correspondentes não concorreram a esses mandatos.

2017

Total Mandatos (= 2021)

PS

PSD/CDS

CDU

BE

Torres em Linha 

Outros Independentes

Candidaturas em 2021 (resultados “previsíveis”)

CM

9

6

 

3

0

0

0

-

PS – (4-6);

UTV- (2-5);

PSD/CDS/PPM – (2-3);

Aliança – (0-2);

CDU – (0-1);

BE- (0-1);

Chega (0).

AM

27

14

9

2

1

1

-

PS – (9-12)

UTV – (7-14);

PSD – (6-9);

Aliança - (0-4);

CDU – (1-2);

BE – (0-2);

Chega (0-1).

Campelos/Outeiro

9

6

 

3

0

-

-

-

PSD – (4-7);

PS – (2-6);

CDU – (0).

Carvoeira/Carmões

9

4

 

1

4

-

-

 

CDU – (3-5);

PS- - (3-4);

PSD – (0-1).

Cunhado/Maceira

13

6

 

5

1

-

1

-

PS – (4-6);

PSD- (3-5);

CDU – (1-2);

Aliança –(0-2).

Dois Portos/Runa

9

5

 

3

1

-

-

-

PS – (3-5);

CDU –(1-3);

PSD – (2-3)

Freira

9

4

 

5

0

-

-

-

PS – (4-6)

PSD – (4-5)

CDU – (0)

Maxial/M Red.

9

6

3

0

-

-

-

PS – (5-7)

PSD – (2-3)

CDU – (0-1)

Ponte do Rol

9

2

 

4

0

-

-

3

PS-(4-6)

PSD-(3-5)

CDU – (0).

Ramalhal

9

5

3

1

-

-

-

PS- (4-5)

PSD- (2-3)

CDU – (1-2)

Aliança – (0-1).

S.P.Cadeira

9

7

 

2

0

-

0

-

PS- (6-7)

PSD-(1-3)

Aliança-(0-1)

CDU – (0)

Silveira

13

9

4

0

-

-

-

PS- (6-8)

PSD-(4-5)

Aliança-( 0-3)

CDU – (0-1).

Turcifal

9

6

 

3

0

-

-

-

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU – (0-1)

Ventosa

9

6

 

3

0

-

-

-

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU- (0)

CIDADE (Sta Maria, S.Pedro, Matacães)

19

10

6

2

-

1

-

PS- (6-10)

UTV- (3-9)

PSD- (2-5)

Aliança- (0-3)

CDU- (1-4)

BE- (0-2)

Chega – (0-1)

 Uma nota fina: as nossas “previsões” não têm base científica, apenas empírica, tendo por base o “histórico”, a novidade de algumas candidaturas, a conjuntura local,  o “sentir” das dinâmicas locais... e alguma intuição...

1 comentário:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Muito obrigado, Venerando, pelo teu esforço informativo. Trabalho de grande utilidade.