Ao iniciar mais uma temporada do blog Vedrografias, e sendo este um
blog dedicado a Torres Vedras, não podia deixar de evocar um torriense que nos
deixou recentemente, Alberto Avelino.
Infelizmente soube tardiamente do seu falecimento, ocorrido no passado
dia 29 de Agosto, não tendo ido a tempo
de prestar a minha última homenagem a um torriense que muito prezo.
Lembro-me de Alberto Avelino ainda na minha juventude, como um exemplo
muitas vezes invocado pelo meu pai de alguém que, tendo começado a trabalhar
como operário na Casa Hipólito, se esforçou por tirar um curso, estudando à
noite, enfrentando todas as dificuldades dessa situação, formando-se em germânicas e tornando-se um dedicado e exemplar
professor de inglês.
Com o 25 de Abril de imediato se envolveu na vida política, tendo-se filiado na secção local do Partido Socialista.
E na vida política percorreu um invejável percurso de dedicação aos
valores que sempre defendeu, os da democracia, da liberdade e do socialismo.
Foi deputado na Constituinte de 1975, tornou-se o primeiro presidente
eleito da Câmara de Torres Vedras, cargo que exerceu entre 1976 e 1983,
voltando a ser eleito várias vezes para deputado e exercendo, a partir de 1995,
e durante 12 anos, o cargo de Governador Civil de Lisboa.
Actualmente continuava dedicado à causa cívica, exercendo o cargo de
presidente da Assembleia Municipal de Torres Vedras.
Cruzei-me várias vezes com Alberto Avelino, nem sempre do mesmo lado da
“barricada”, por vezes discordando das suas opções na Câmara, mas sempre o
respeitei e muitas vezes trocávamos impressões sobre uma paixão comum, a
história e o património locais.
Enquanto Governador Civil de Lisboa tomou uma louvável mas quase
desconhecida iniciativa, a de organizar e classificar o vasto e valioso espólio
histórico do Governo Civil, da qual resultou a publicação de dois volumes onde
se regista esse valioso património, hoje, e após a infeliz iniciativa da
extinção dos governos civis, despejado na Torre do Tombo, aguardando por nova
classificação.
Nas suas funções cívicas nunca se esqueceu das suas origens nem do
concelho que o viu nascer em 26 de Novembro de 1940.
Com o desaparecimento de Alberto Avelino, Torres Vedras perde uma das
suas mais marcantes referências humanistas.
Até sempre amigo Avelino!
(podem ler AQUI uma das últimas entrevistas a Alberto Avelino, onde ele
nos conta o seu percurso de vida).
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