terça-feira, 3 de novembro de 2015

Previsão do Clima em Torres Vedras no Final do Século XXI


Torres Vedras está a participar numa investigação pioneira, orientada pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, envolvendo 26 municípios.

O objectivo dessa investigação é fazer um  retrato nacional dos impactos das alterações climáticas a nível local , preparando o país para as alterações climatéricas previstas até ao final do século.

Um primeiro balanço foi apresentado ao público no final do mês passado.

Torres Vedras está entre o lote de municípios que vai registar um maior aumento de períodos de chuva no Inverno, mais 12%, o sétimo concelho, dos 26 analisados, onde essa situação será mais extrema.

Quanto ao aumento das situações de seca na primavera, onde, pelo contrário, se registará um redução da pluviosidade, a situação no concelho ainda será mais grave, sendo o 4º pior, com uma redução de 49%  na chuva.

Quanto ao aumento da temperatura, a situação de Torres Vedras será menos grave que na maior parte dos restantes concelhos, encontrando-se entre os menos graves, mas mesmo assim prevê-se, no cenário mais extremo, um aumento de 35% de dias com temperaturas superiores aos 35 graus.

Quanto ao aumento médio da temperatura, a situação é igualmente grave, com uma previsão do aumento médio da temperatura no concelho em 5 graus.

Reproduzimos em baixo o artigo do Público sobre a primeira apresentação de resultados desse projecto:

“Retrato climático local prevê ondas de calor três a doze vezes mais frequente

por RICARDO GARCIA, in Público de  18/10/2015 .

Os municípios portugueses vão ter de se preparar para um futuro com ondas de calor que podem ser três a doze vezes mais frequentes do que hoje. Vários concelhos terão de suportar mais de 50 dias adicionais com temperaturas acima dos 35oC. A chuva pode diminuir para mais da metade no Verão, mas aumentar até cerca de 20% no Inverno.

“Estes são cenários que resultam de um primeiro retrato nacional dos impactos das alterações climáticas a nível local no país, traçado por um programa pioneiro envolvendo 26 autarquias.

“Nesse conjunto de municípios, meia centena de técnicos estão a ser formados para elaborar e pôr em prática estratégias locais de adaptação às alterações climáticas. E adaptar-se será inevitável.

“Cientistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa olharam para o futuro de todos estes concelhos, segundo dois cenários de concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera, um mais moderado e outro mais extremo. Os resultados serviram de ponto de partida para as autarquias começarem a pensar no que devem fazer.

“E o que se antecipa não é tranquilizador. No cenário mais moderado, prevê-se em todos os municípios uma subida da temperatura média anual de um a dois graus Celsius até 2100. No cenário extremo, os valores aumentam para algo entre três graus, nos Açores e na Madeira, e seis graus em Évora.

“Onze concelhos poderão ver o termómetro subir em cinco graus: Castelo de Vide, Castelo Branco, Amarante, São João da Pesqueira, Bragança, Montalegre, Coruche, Ferreira do Alentejo, Tondela, Barreiro e Torres Vedras. Em Lisboa e no Porto, os valores vão de um a quatro graus.

“O número de dias muito quentes – com mais de 35oC de temperatura máxima – vai subir em todos os concelhos. No topo da lista está Castelo Branco, que terá, em cada ano, mais 37 a 61 deles, conforme o cenário climático.  Évora, Coruche e Ferreira do Alentejo poderão chegar aos 60.

“Nalguns pontos do país onde há poucos dias tão quentes, como Seia e Montalegre, estes passarão a ser frequentes.

“Haverá mais ondas de calor, e mais longas. No pior cenário, prevê-se um aumento de pelo menos três vezes na frequência destes episódios, chegando a seis vezes em Tondela, Amarante, Montalegre e Ílhavo, e mesmo a doze vezes em Loulé.

“A Primavera promete ser muito menos chuvosa, com uma quebra de 58% na precipitação em Loulé, 53% em Odemira, 52% no Barreiro e 51% em Lisboa. Em compensação, estima-se um aumento da chuva no Inverno, que pode chegar aos 19% em São João da Pesqueira e 16% em Viana do Castelo. Lisboa também está entre os que mais verá um aumento na precipitação no Inverno (15%), um problema adicional a uma cidade já vulnerável a cheias em dias de muita chuva.

“Para todos prevê-se o mal dos dois lados da meteorologia: mais episódios de chuvas rápidas e intensas, porém mais secas e incêndios florestais. Numa nota mais positiva, poderá cair substancialmente o número de dias com geada.

“Não foram feitos cenários locais da subida do nível do mar. Apenas há referência ao que se prevê para o mundo como um todo: um aumento de 26 a 82 centímetros até 2100.

“Estes cenários climáticos são apenas o ponto de partida para o planeamento das acções dos municípios envolvidos no projecto ClimAdaPT.Local – liderado pelo centro de investigação climática CCIAM, da Universidade de Lisboa. O objectivo do projecto é não só chegar a estratégias de adaptação em cada um dos concelhos, como garantir que nas câmaras municipais haja técnicos treinados para elaborar, pôr em prática e monitorizar esses planos.

“As 26 autarquias já fizeram parte do trabalho. Identificaram as suas vulnerabilidades actuais e também as futuras, com base nos cenários para 2050 e 2100. O passo mais recente foi a identificação de possíveis medidas de adaptação.

“As mais comuns são as que têm a ver com os recursos hídricos, em particular as destinadas a prevenir cheias. Aí estão, por exemplo, a construção de bacias de retenção, para segurar a água de ribeiras em dias de forte chuva, ou o redimensionamento das redes pluviais.


“Entre as medidas estão também a adopção de culturas agrícolas mais resistentes à seca, a regeneração de cordões dunares, a criação de sistemas de alerta local para eventos extremos ou a criação de corredores verdes nas cidades”.

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