sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Da primeira Escola Secundária de Torres Vedras, inaugurada em 1890, à actual Escola Secundária, hoje Madeira Torres, inaugurada em 3 de Novembro de 1919.



1 - Breve história da primeira Escola do Ensino Secundário em Torres Vedras.

Local onde funcionou a primeira Escola Secundária de T.Vedras (1890 a 1903)

Foi em 1880 que se publicou uma reforma de ensino, da autoria de José Luciano de Castro, na qual era referida a criação de “escolas municipais secundárias”. Até então o ensino secundário era ministrado apenas nas capitais de distrito.

A partir de então passaram a existir três tipos de escolas desse tipo, “liceus nacionais centrais”, “liceus nacionais” e “escolas municipais secundárias”.

Os “Liceus nacionais centrais” estavam sediados em Lisboa, Porto e Coimbra e eram os únicos onde se leccionava  o curso complementar de seis anos ( quatro de curso geral, com oito disciplinas, duas por ano, e dois anos de curso complementar, com cinco disciplinas anuais). Os “liceus nacionais” estavam sedeados nas restantes capitais de distrito. Apenas leccionando  os quatro anos do curso geral. As “escolas municipais secundárias” leccionavam apenas os dois primeiros anos do Curso Geral (1).

Na sequência dessa reforma, a Câmara Municipal de Torres Vedras pediu autorização para criara um escola de ensino secundário, requerimento concedido por portaria de 6 de Fevereiro de 1890, nos seguintes termos:

“Attendendo ao que me representou a Câmara Municipal da villa de Torres Vedras, pedindo a creação de uma escola municipal secundária na sede do conselho, na qual se ensinem as línguas portuguesa, franceza e inglesa, geographia e desenho, regidas por dois professores, cada um como ordenado annual de 400$000 réis.
“Considerando que a câmara requerente se obriga a contribuir com 600$000 réis para os ordenados dos professores, além de 300$000 réis para acquisição de mobília e objectos de ensino, 50$000 réis para gratificação do professor que exercer as funções de director, e mais 90$000 réis para vencimento do porteiro da escola, perfazendo a quantia de 1.040$000 réis em cada ano.
“Considerando que a mesma Câmara offerece, para estabelecimento e exercício da mesma escola um edifício adequado ao fim que se destina e a mobília e utensílios necessários;
“(…) Hei por bem decretar o seguinte:
“1ª É creada na villa de Torres Vedras uma escola municipal secundária, nos termos requeridos pela câmara municipal da mesma villa.
“2ª O provimento dos lugares de professor será feito pelo Governo.
“3º As alunos que pretendem frequentar a escola pagarão, em cada anno, de propina de matricula e exame, a quantia de 2$500 réis.
“O presidente do conselho de ministros, ministro e secretário de estado de negócios do reino, assim o tenha entendido e faça executar. Paço de Belém, em 6 de Fevereiro de 1890 – Rei – António de Serpa Pimentel” (2).

Criada a escola, os preparativos para o lançamento do primeiro ano lectivo levaram ainda vários meses, quer pela necessidade de contactar professores, quer para preparar as instalações.

A escola ficou instalada nos paços do concelho “na sala onde estava o tribunal, no andar nobre dos paços do concelho, passando as sessões judiciaes a celebrar-se no seu novo aposento do edifício da Graça (…)” (3).

Por portaria de 30 de Junho de 1890 eram finalmente nomeados os dois professores para leccionar na escola: João José Esteves, nomeado director e professor nas disciplinas de língua portuguesa, geografia e desenho, e Jerónymo Martins Pamplona Corte Real, professor de língua francesa e inglesa.

As matriculas estiveram abertas aos jovens torrienses entre 20 de Setembro e 4 de Outubro de 1890.

Ainda segundo os dados do jornal “A Semana”, os alunos matriculados distribuíram-se do seguinte modo:

Português – 14 alunos;
Francês – 13 alunos;
Desenho – 10 alunos;
Geografia – 1 aluno;
Inglês – nenhum.

A sessão de abertura decorreu em 9 de Outubro de 1890 e as aulas começaram no dia seguinte.

Em finais de Janeiro de 1891 a Câmara Municipal aprovou por unanimidade um pedido ao governo para transformar a escola secundária em liceu. Contudo, o pedido não foi atendido, pois, quando do seu encerramento em 1903, continuavam a leccionar apenas dois professores, o doutor Silvino Simões, sacerdote formado em letras que tinha substituído o primeiro director, e o professor Pamplona Corte Real que se mantinha no seu posto desde a fundação da escola.

À data do encerramento desta primeira tentativa de estabelecer uma Escola Secundária em Torres Vedras, a escola era frequentada pelos seguintes alunos: Carlos Manuel das Neves Barateiro, Francisco Teixeira, Henrique Maria Pedreira Vilela, José Maria Fialho de Carvalho, Leandro Teófilo da Cunha, Afonso Avelino Pedreira Vilela, Alberto Gomes Pedreira, António Casimiro Roque, Asdrúbal José Rodrigues da Silva, César António Maximino de Sant’Ana, António do Patrocínio Martins, João Rodrigues, Joaquim Ferreira da Encarnação, Joaquim Augusto Santos, Virgílio da Conceição Costa, António Manuel Freira Nunes, Absinto Ramires Ferreira Nobre, António dos Santos Vaquinhas, Francisco José Cláudio júnior, Francisco Maria Fialho de Carvalho, Joaquim José Paiva, José Augusto Guimarães Pinheiro, José Augusto de Almeida Trigueiros, José Henriques dos Santos, Joaquim António Rodrigues, Raúl Avelino Cardoso, Sabino Galrão, Victor Cesário da Fonseca, José Manuel da Fonseca, Guilherme Elias das Chagas, José Joaquim Pinto Monteiro, José Tito dos Santos (4).

Quais as razões que levaram os vereadores da câmara de Torres Vedras a pedir, em 1903, a extinção desta primeira escola secundária do concelho? A mesma pergunta foi feita pelo professor José Carvalho Mesquita, numa palestra proferida na sessão solene comemorativa da abertura das aulas da escola comercial António Augusto Cabral em 13 de Novembro de 1944:

“Alegava-se que a escola tinha fraca frequência. Não era bastante o argumento. O que a câmara devia fazer era procurar aumentar o número dos seus alunos. Sempre o mesmo critério estreito da pretensa economia. É preciso atender, sempre, a que a seara do ensino é, de todas, a mais ingrata. Atira-se a semente à terra e só anos volvidos, consumidas as energias dos semeadores é que a semente germina e acaba por frutificar” (5).

Mais incisiva foi a explicação dada por Victor Cesário da Fonseca, uma das vítimas daquela polémica decisão. Para ele, tal atitude ficou a dever-se à “influência Vesga e retrograda dos políticos de então”, e recordava mesmo “um diálogo conversado entre dois “luminares” torreenses que, na vida política da terra, desempenhavam então lugares importantes (um era o presidente da câmara, outro o chefe político progressista).

“Conversavam os dois à porta da Farmácia Cézar Simões, e este diálogo foi ouvido por quem no-lo contou. Dizia um  : “NADA, NADA! É PRECISO ACABAR COM A ESCOLA ( a que fecharam em 1903) SE NÃO ELES DAQUI A POUCO SABEM MAIS DO QUE NÓS” . A que o outro respondeu: “E NÓS PARA GANHAR ALGUM VINTÉM NÃO PRECISAMOS DA ESCOLA”. Pudera, eram burros, egoístas e ignorantes (…)” (6).

E foi assim a curta história da primeira escola secundária de Torres Vedras.

Apesar de todas as contrariedade desses primeiros tempos, a semente ficou e, após o advento da República, voltou-se a relançar o ensino secundário no concelho, inaugurando-se em definitivo uma escola municipal secundária em 1919, há cem anos.

Esta foi oficialmente inaugurada em 3 de Novembro de 1919, funcionando na Travessa da Olaria, da qual é herdeira a actual Escola Secundária Madeira Torres.

Mas esta é outra história que ainda está por contar.

Deixamos aqui alguns apontamentos para a construção desta história:

2 - A segunda Fundação da Escola Secundária Municipal – Breves apontamentos.
(ao fundo à esquerda, edifício onde funcionou, entre 1921 e 1984,  a 2ª Escola Secundária de T.Vedras, inaugurada em 1919)


Em 1918 Victor Cesário da Fonseca, que tinha frequentado a escola encerrada em 1903, republicano activo, e que sempre responsabilizou os monárquicos locais pela decisão daquele encerramento, iniciou uma campanha, nas páginas do jornal “Ecos de Torres” em defesa de se retomar o funcionamento de uma Escola Secundária.

Em sessão camarária  de Abril de 1919 o vereador José Anjos da Fonseca  propôs o lançamento de um imposto de 5% sobre as contribuições pagas pelas freguesias do concelho, proposta aprovada apenas pela diferença de um voto (7) , constituindo-se uma comissão instaladora que levou o projecto a bom termo.

Dessa comissão fizeram parte Afonso Pedreira Vilela, João Fernandes Caldeira, Victor Cesário da Fonseca, Joaquim Rodrigues Cardoso e António Germano Marques de Carvalho.

A nova Escola Secundária foi inaugurada em 3 de Novembro de 1919, provisoriamente num edifico da Travessa da Olaria, mudando-se em definitivo para o edifício localizado na Avenida 5 de Outubro, onde funcionam actualmente os serviços camarários, em 1921, edifício que então tinha apenas um andar.

Foi nomeado como seu primeiro director o professor Augusto do Nascimento Gonçalves, até então director do Instituto Politécnico de Torres Vedras.

Até 1923 os alunos não pagavam propinas.

No primeiro ano lectivo, o de 1919/1920, inscreveram-se 56 alunos, 26 no 1º ano, 12 no 2º ano, 6 no terceiro, 4 no 4º ano e 8 no 5º ano, entre eles algumas alunas, 15 no 1º ano, 2 no 3º ano e uma no 5º ano.

Entre os inscritos encontramos nomes que vieram a ser figuras proeminentes na vida cultural, social, económica e política de Torres Vedras : Alberto Vieira Jerónimo ou Galileu Silva, inscritos no 1º ano; Amílcar Guerreiro, Hélder dos Santos Torres, Inácio do Nascimento Clemente, José Hipólito e Manuel Duarte Capote, no 2º ano ou Leonel Trindade no 5º ano (9).

Em 1970, por ocasião do cinquentenário, e após intensa campanha iniciada no ano anterior nas páginas do jornal “Badaladas”, a Escola Secundária, tornou-se secção do Liceu Nacional D. Pedro V, deixando de ser o município a suportar financeiramente essa escola, o que permitiu uma redução das propinas pagas pelos alunos.

Contava nessa data com 19 professores e cerca de 400 alunos.

Em 12 de Outubro de 1971 o Conselho de Ministros aprovou um decreto que criou 21 liceus nacionais, entre os quais o de Torres Vedras, passando a escola secundária a denominar-se desde 1972 Liceu Nacional de Torres Vedras, abrindo uma secção na Lourinhã (8).

 Foi assim, no início da década de 70 do século passado, que  o “liceu” deixou de ser a escola elitista que tinha sido, para se “democratizar” e abrir à população que até aí tinha como única saída para os seus filhos o ensino técnico ou comercial, muito também devido à chamada reforma Veiga Simão, situação que levou a um grande aumento do número de alunos a frequentá-la.

No ano lectivo de 1971/1972 era frequentada por cerca de 54º alunos. No ano lectivo de 1973/1974 já a frequentavam mais de 800 alunos, ultrapassando o número de mil alunos nos anos seguintes.

Depois do 25 de Abril de 1974, passou a designar-se Escola Secundária nº2 e , em 2 de Abril de 1987, passou a designar-se Escola Secundária Madeira Torres, três anos depois de ter mudado para novas instalações, aquelas onde ainda hoje funciona,  a sul do Hospital.

(NOTA: A primeira parte deste texto teve origem num conjunto de trabalhos da minha autoria, editados nas páginas do  Badaladas em 1990, com o objectivo de historiar a origem da Escola Secundária Henriques Nogueira. Neste caso baseá-mo-nos no texto “O Nascimento do Ensino Secundário em Torres Vedras”, publicado por nós neste semanário em 30 de Março de 1990. Em 1997 foi publicado um estudo mais elaborado, melhor documentado e mais completo da autoria  da Drª Cecília Travanca, nas páginas do nº 6 da revista “Torres Cultural” (pp.48 a 55), intitulado “Primórdios do Ensino Secundário em Torres Vedras”).

(1)    – CARVALHO, Rómulo de, História do Ensino em Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian, 1986;
(2)    – A Semana, nº 155, 13 de Fevereiro de 1890;
(3)    – A Semana, nº 164, 17 de Abril de 1890;
(4)     [CUNHA, Dr. João Carlos],“Cinquentenário da Escola Secundária Municipal – Recordar é viver”, in Badaladas nº 706 de 5 de Julho de 1969;
(5)    – MESQUITA, José Carvalho, História do Ensino Secundário em Torres Vedras, 1969;
(6)    – FONSECA, Victor Cesário da . Retalhos Para a História de Torres Vedras, ed. Associação da Defesa do Património de Torres Vedras, 1979;
(7)    – PEREIRA, Dr. Paulino, “Porque se espera para planear a comemoração do cinquentenário da Escola Secundária ?”, in Badaladas, de 26 de Abril de 1969;
(8)    – in “Badaladas” de 16 de Outubro de 1971;
(9)    – Livros de Matriculas da Escola Secundária existentes no Arquivo Municipal de Torres Vedras.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Ainda o 40º aniversário da CCC : um texto de Aurelindo Ceia


    "ÁREA, BREVE HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA

por AURELINDO CEIA

    "Estávamos em finais de 1978. O Portugal democrático estava em plena construção, num  processo onde se cruzavam realizações, contradições, insuficiências e desejos – esbracejando na aprendizagem (teórica e prática) do viver em liberdade.

   "Este processo, depois de quatro décadas do fascismo lusitano, veio a revelar-se bem mais difícil do que a simples vontade de o concretizar. Muitas alegrias, no meio de inúmeras decepções.

 "Demora a aprender o modo de passar do sonho à realidade, porque a liberdade tem que ser arduamente construída, nunca nos é ofertada numa embalagem fácil. E é condição necessária à democracia, mas não suficiente.

  " O 25 de Abril cavou muito sobre a nossa alegria ingénua e sobre as nossas fragilidades. Sair de quatro décadas de obscurantismo implica longas marchas em vias abertas na esperança, mas detrás de cujas margens começaram logo a emergir monstros diversos para assalto ao poder. Isto para além do ressabiamento e desejo de vingança dos vencidos, súbita e inesperadamente despojados das benesses e dos longos banquetes da ditadura salazarenta.  
   
   "No dia 22 de Setembro de 1978 dezoito jovens reuniram na praia de Santa Cruz, em casa do Fernando Mouro e da Manuela Ribeiro, com o objectivo de fundar um jornal.

  " Parecia fácil. Era, pelo menos bem intencionado – concretizar algo para poder partilhar com os outros as alegrias, as críticas e as expectativas da revolução de Abril, quatro anos depois.

  " Ainda não era bem um jornal – a ideia era mais a de uma “revista”, não se temiam quaisquer obstáculos. Todos se dispuseram a colaborar nas diferentes secções de trabalho. A coisa era ambiciosa: desde a história e a educação, até à música, literatura, cinema, ecologia, religiões fotografia, psicologia, sociologia política, teatro, saúde... Só.

 "  Primeira decisão: organizar um grupo para marchar até Lisboa, onde se realizariam contactos com agências publicitárias, gráficas, distribuidoras, sindicato dos jornalistas. Objectivo: perceber as condições concretas para começar a construir um edifício com estruturas sólidas.

  " Na segunda reunião, uma semana depois, analisaram-se as informações colhidas e percebeu-se que não adiantava avançar nada por fora, sem estruturar a ideia por dentro.

 "  Objectivos aprovados para a (ainda) revista? Primeiro: ter como alvo a “população do distrito de Lisboa, especialmente região do Oeste”. Restantes: complicado, seriam discutidos na reunião seguinte.

 "  Entretanto, achou-se por bem consultar a “lei de imprensa” e, no terceiro encontro (6 de Outubro), as catorze pessoas então presentes debateram os erros a evitar, abordaram algumas alternativas e tentaram distribuir os colaboradores pelos principais temas entretanto afinados.

  " A 10 de Outubro foi enfim possível encontrar os responsáveis pelos assuntos principais: criatividade, direito à diferença, informação, teatro, sociedade em análise, bd, música...

  " Será interessante que se mencionem alguns dos nomes que resistiam então desde a primeira hora: Fernando Mouro, Manuela Ribeiro, Venerando António, Guilhermina Pacheco, Armando Jorge, Joaquim Esteves, Carlos Ferreira, Jorge Vareda, Travanca Rodrigues, Jorge Barata, Constância Bataglia, Luis Filipe Rodrigues, o Ceia na parte gráfica. Outros se lhe vieram juntar, como o Vitor-Luis Grilo (primeiro director indigitado, que recusou por, aparentemente, não lidar muito bem com o razoável granel naturalmente instalado) e o José Eduardo Miranda (que viria a ser o primeiro director).

 "  A ideia da revista desaparece das actas e, a partir de 18 de Outubro já se fala de “jornal”.

 "  Um ano correrá ainda, antes do primeiro número sair dos prelos, em Novembro. Entretanto, o trabalho não pára. Duas questões importantes surgem. Uma, o contacto com a imprensa próxima, “Oeste Democrático”, “Badaladas” e “Gazeta das Caldas”.

"Outra: “questões relacionadas com objectivos e viabilidade técnica e financeira da publicação”.

"Pequenas coisas, não é? O entusiasmo não esmorecia, talvez porque o mundo da realidade estava ainda muito embalado no mundo dos sonhos. Mas, pergunta-se: não é assim que deve ser? De outro modo, como avançar, como progredir, como inovar? E foi isso mesmo que o futuro ÁREA procurou fazer, em boa parte o tendo conseguido. “Viabilidade financeira”? Claro que havemos de lá chegar! Pensar, escrever, paginar, editar, administrar, distribuir, vender – isso tudo se conseguirá, verão! A verdade é que, nos primeiros tempos, o núcleo de trabalho inicial, com mais uma ou duas aquisições, o conseguiu fazer.

   "Ainda se não mencionou outro aspecto. Quem ou que organização assumiria a propriedade legal da publicação? Achou-se que este problema seria resolvido com a criação de uma Cooperativa cultural – que vem a denominar-se “Cooperativa de Comunicação e Cultura” (1).

  " O título do jornal começou a ser debatido nas primeiras reuniões de Novembro.

  " Avançam-se, em jeito de curiosidade, com alguns dos nomes, dos mais de três dezenas sugeridos e sujeitos a votação do grupo: Novoeste, Encontro, Diálogo, Interoeste, Ensaio, A Palavra, Novos Caminhos, Evolução, Pesquisa, Novo, Oeste Regional, Fase 1, Gazetilha, Espaço, Terra Cultura, Terra Nova...

 "   Um nome – ÁREA – curiosamente, nunca foi mencionado e não aparece nas hipóteses em discussão registadas nos papéis do Venerando, mas veio a ser o escolhido numa reunião em que foi proposto pelo A. Ceia, que entretanto já apresentara uma maquette para a capa. Será aqui justo que se registe ter o José Pedro Sobreiro sido entretanto proposto pelo Vitor-Luis Grilo para responsável gráfico, ideia que não chegou a vingar.

"   A Cooperativa assumiu o papel de suporte legal do jornal e passou a promover diversas actividades culturais, para apresentação da ideia à comunidade. A primeira realiza-se em 18 Novembro de 1979, já com Torres promovida a cidade, para lançamento do número 1 do ÁREA – “1º. Passeio de Domingo - Um itinerário histórico em Torres Vedras”, liderado por Cecília Travanca e Manuela Ribeiro.

  " O jornal insiste numa tonalidade local, aberta à modernidade e à diversidade cultural. O número inaugural publica uma extensa mesa redonda (5 páginas) – “Torres Vedras, Cidade / Novos Rumos, Velhos Problemas”, na qual participam Alberto Avelino, António Augusto Sales, Filomena Moura Guedes, José António Gomes e Padre José Manuel. Durante muito tempo o público se interrogou, perplexo sobre “quem estaria por trás deste arraial de putos” – isto é: que partido movimentava estas tropas? Nunca o desvendaram, pela elementar razão de não haver nenhum! Os jovens (na maioria estudantes e professores) queriam agir, com prazer e sentido cívico, apenas. Pena que o tal pormenor “viabilidade financeira” tenha sempre sido encarado com excessivo optimismo (sejamos simpáticos). Após a saída dos dois primeiros números o gerente da tipografia “Sogratol” mandou parar as máquinas, face às dificuldades em resolver a factura da respectiva produção.

  " As coisas depois equilibraram-se, porque a direcção da Cooperativa conseguiu encontrar uma gráfica alternativa (a Grafibom, do Bombarral) e reunir fundos que fossem permitindo aguentar uma publicação mais ou menos periódica. O jornal, “mensal”, publicaria até Junho de 1981 treze edições... Nesta altura assiste-se a uma cisão dentro do pessoal que fazia e vendia o jornal, e que era, em boa parte, pessoal da Cooperativa. O seu director, José Eduardo Miranda, publicou então um Editorial (assinado, ironicamente, por “Os putos do ÁREA”), onde dizia, despedindo-se até Outubro: “Aliás, só nos lê quem gosta, quem quer, quem pode. E, quem gosta, quer. E como ‘querer é poder’, somos um jornal difícil para toda a gente.”

 "  O número seguinte sairia em... Junho de 1982, dirigido agora por Luis Filipe Rodrigues.

"   Número 15, Junho 1983; número 16, Novembro 1984; número 17, número 17, Abril 1990, número 18, Novembro 1999; número 19, Outubro 2009...

  " Esta sequência diz tudo sobre a morte lenta – adiada – de um projecto editorial cujas bases amadoras não foram suficientes. O entusiasmo precisava de estrutura. Esgotou-se. A soma das ideias e dos sonhos sucumbiu à dureza da realidade e, sejamos claros, à inexistência de uma orgânica profissional. Há quem opine que o esforço feito para desenvolver o programa cultural da Cooperativa terá matado o projecto jornalístico. Na realidade, os activistas eram basicamente os mesmos. A verdade é que a Cooperativa foi crescendo, até à construção de uma sede e do seu “Centro de Cultura Contemporânea” e a sua dimensão e perspectivas foram também criando contradições internas, algumas insanáveis. Hoje, o projecto cultural para Torres Vedras mantém-se e foi acrescentado de novas instalações e novos objectivos com a “Câmara Escura”, trabalhando na área da fotografia contemporânea, em torno de (outro) grupo de jovens entusiastas.

 "  Quarenta anos se passaram. A sede da Cooperativa de Comunicação e Cultura, na rua da Cruz, continua aberta e as actividades sucedem-se, em menor número que há dez, vinte, trinta anos, mas prosseguindo uma ideia teimosa: criação de um clima cultural.

 "  Torres Vedras, mesmo que o não queira ou não saiba, merece o trabalho inovador destes novos putos...

 "  (1)  Designação sugerida por Aurelindo Ceia
  
"   Nota:
   Este texto foi escrito a partir dos apontamentos e actas das reuniões, recolhidos por Venerando António".



    

terça-feira, 12 de novembro de 2019

No 40º aniversário da Cooperativa de Comunicação e Cultura - Recordando os seus "primórdios":



No mês em que se comemora o 40º aniversário da fundação oficial da Cooperativa de Comunicação e Cultura (CCC), aqui recordamos os primórdios desse projecto, iniciado quase um ano antes, em finais de 1978.

Com base num conjunto de apontamentos manuscritos, que recentemente descobri no meio dos meus papéis, um pequeno caderno onde registei as primeiras reuniões que culminaram na criação da Cooperativa de Comunicação e Cultura, onde  registei datas, locais, presenças e decisões das primeiras 12 reuniões, aqui apresentamos um contributo para recordar os primórdios da CCC.

Para perceber esse início há que recuar um pouco no tempo, aos efervescentes tempos entre 1973 e 1976, onde muitos dos que se reuniram para lançar o projecto forjaram conhecimentos e cumplicidades.

Foi nessa época que muitos dos que participaram na fundação da “Cooperativa” se conheceram e cimentaram amizades, cruzando-se no fanzine de BD da Escola secundária, “o Impulso”, no Cine-clube de Torres Vedras, na oposição ao Estado Novo, na Associação de Estudantes do Liceu e nos anos “iniciais e limpos” do PREC ou nos simples encontros de Verão em Santa Cruz.
(registo da data das primeiras reuniões para lançar o projecto que levou à CCC)

Foi no rescaldo dessa época, após a “normalização” democrática de 1976, que um grupo de amigos, no desejo de darem solidez à sua “experiência” cultural, à sua amizade  e ao desejo de fazer coisas novas em comum, resolveu reunir informalmente em casa de uns ou de outros para encontrar um espaço para concretizarem as suas ideias e projectos.

Pensou-se então que o melhor espaço para concretizar essas ideias era a criação de uma publicação periódica, revista ou jornal.

Pusemo-nos a caminho elaborando uma lista de gente a contactar e iniciando as reuniões para debater e preparar o projecto.

De uma lista inicial de mais de 60 nomes, conseguimos contactar 43, comparecendo às primeiras reuniões 28, nem todos ao mesmo tempo, alguns comparecendo no início e abandonando o projecto em pouco tempo.

A primeira reunião teve lugar em Santa Cruz, em casa do Fernando Mouro e da Manuela Ribeiro, no dia 22 de Setembro de 1978. A ela compareceram 18 pessoas.





(rascunho da acta da 1ª reunião que lançou o futuro projecto CCC)

Nenhuma das restantes reuniões preparatórias voltou a registar aquele número de presenças, embora se tivessem juntado, posteriormente, alguns que não estiveram nessa primeira reunião.
O núcleo forte do projecto envolveu, nos primeiros tempos, umas 12 pessoas.

Presentes nessa primeira reunião estiveram o Fernando Mouro, a Manuela Ribeiro, o Carlos Ferreira, os irmãos Jorge e “Chico” Vareda, os irmãos Rui Luís e Sílvia Coelho, as irmãs Constância e Dulce Bataglia, o Jaime Ceia, o José Travanca, a Guilhermina Pacheco, o Jorge Barata, o meu irmão Mário Luís e eu próprio, para além de uma “Ana” (será a Ana Mourão?) e de um “Jaime” que não consigo identificar.

Desse grupo inicial nem todos tiveram a mesma dedicação e importância, alguns deixaram o projecto ao fim de algumas reuniões.

O objectivo dessas primeiras reuniões, realizadas no final de 1978, foi o de planificar a edição de um jornal ou revista, definindo secções, conteúdos e colaboração.

Da primeira reunião saiu a decisão de uma “excursão” a Lisboa para contactar vários organismos e instituições com o objectivo de nos inteirarmos de modos de distribuição de uma publicação, do levantamento de preços em tipografias, da angariação de publicidade e das obrigações legais.

Essa deslocação teve lugar em 27 de Setembro de 1978, e o grupo era composto por mim, pelo Fernando Mouro, pela Manuela Ribeiro, pelo Ceia e pelo Rui Luís, colmatando alguns contactos que entretanto já tinham sido feitos pelo Jorge Barata e pela Guilhermina Pacheco. Estes já tinham contactado uma tipografia que estava ligada a um amigo comum, professor em Torres Vedras, o “Xico” Carreira.

Nessa ocasião contactou-se com o Sindicato dos Jornalistas, para nos informarmos das formalidades legais, tendo-nos sido aconselhado contactar o  Ministério da Comunicação Social, o que foi feito, de onde viemos com todas as informações necessárias para efectuar o registo de propriedade de um jornal.

Com base nessa deslocação, realizou-se um segunda reunião, deste vez em já em Torres Vedras, em casa do Jorge Barata e da Guilhermina Pacheco, para organizar a informação obtida e começar a aprofundar o projecto inicial.

Esta reunião teve lugar em 29 de Setembro e contou com 14 presenças e nela estiveram presentes, pela primeira vez, o Mário Rui Hipólito, o Fernando Meireles e o Antero Valério.

O tema mais discutido e aprofundado nesta reunião foi a definição do âmbito da “revista”, concluindo-se que devia abranger o Distrito de Lisboa, “mais especificamente a região Oeste”.

Em 3 de Outubro realizou-se nova reunião, da âmbito mais restrito, deste vez em minha casa, com o objectivo de preparar uma reunião mais alargada e mais definitiva, onde se começasse a avançar com tarefas mais detalhadas. Com a presença de 6 elementos, eu, o Carlos Ferreira, o Fernando Mouro, a Manuela Ribeiro, o Rui Jorge e a Cecília Travanca (estes dois presentes pela primeira vez), prepararam-se dois documentos a debater na reunião alargada, um da autoria do Fernando Mouro, outro elaborado por mim e pelo Jorge Barata, definindo a filosofia e a estruturação da “revista”, bem como a Ordem de Trabalhos da próxima reunião.

Esta realizou-se em 6 de Outubro, na sede do Cine-Clube, local que passou a funcionar como “sede” provisória e onde se efectuaram mais 3 reuniões, antes de passarmos a reunir em “sede” própria”.

Contou com 14 presenças, três delas pela primeira vez, o Emanuel Carvalho, o Armando Jorge e o Joaquim Esteves. Estes dois últimos passaram a ter, a partir de então, um papel importante na construção do projecto.

Nesta e nas reuniões seguintes o tema principal foi estruturar a publicação do jornal, organizando-se secções, tarefas administrativas e distribuindo responsabilidades.

Na 5ª reunião, que teve lugar em 10 de Outubro de 1978, naquele mesmo lugar, abordou-se pela primeira vez a necessidade de avançar com a forma de suporte administrativo e legal do jornal, abordando-se a criação de uma “Cooperativa”.

Registe-se a entrada para o colectivo, neste período, de alguns nomes fundamentais para se avançar, quer com o projecto de jornal, quer com o projecto da Cooperativa: o Luís Filipe Rodrigues, que esteve presente pela primeira vez naquela 5ª reunião, e o Victor Luís Grilo, na reunião seguinte, a 6ª, em 26 de Outubro. Outros nomes fundamentais só terão integrado o projecto a partir de Janeiro ou Fevereiro de 1979, período que não cabe no âmbito deste texto, como foi o caso, entre outros, do  José Eduardo Miranda Santos (“Zico”), do José Manuel Pinto Gouveia, da “Cinhas” Sousa Dias, do Joaquim Moedas Duarte, do Luís Cunha e da Maria de Jesus Cunha, do Acácio Lopes, da Maria Lucília Rocha e do José Paulo Rocha, da Conceição Carichas ou da Ana Mourão.

A 8ª reunião, realizada em 2 de Novembro, foi uma das mais importantes, já que, pela primeira vez, se reuniu no lugar que veio a ser, durante anos, a sede da “Cooperativa”, umas instalações cedidas pela Câmara, no Convento da Graça, um andar “falso” por cima da sala actual do Museu Leonel Trindade, onde está a exposição permanente do Castro do Zambujal, andar que hoje já não existe, deitado abaixo quando da remodelação dessa sala.

Nesse local funcionavam outras associações locais.

Nessa mesma reunião começou a tentar escolher-se um título para o jornal. Curiosamente, tanto no registo dessas reuniões como numa folha manuscrita em anexo, onde registei todos os títulos propostos, não vem qualquer menção àquele que veio a ser o título definitivo, “Área”, um nome que foi mais tarde proposto pelo Aurelindo Ceia.




(rascunhos com ideias para o título do que veio a ser o "Área")

Foi ainda nessa reunião que se abordou a necessidade de realizar iniciativas de âmbito cultural, em paralelo com a edição do jornal, que servissem para “angariar fundos”, criando assim uma dinâmica própria que tornaria a “Cooperativa” independente do jornal.

Importante foi igualmente a 9ª reunião, realizada em 8 de Novembro, onde, de forma definitiva, se fala na  Cooperativa, no âmbito da sua legalização e da elaboração dos seus estatutos, como suporte legal para o jornal. Foi o Armando Jorge que ficou, nesta reunião, encarregue de elaborar uma proposta de Estatutos, penso que com o apoio do Carlos Ferreira.

Nessa mesma reunião elaborou-se uma lista dos nomes que deviam ser considerados sócios fundadores: Fernando Mouro, Manuela Ribeiro, Victor Luís Grilo, Armando Jorge, Joaquim Esteves, Carlos Ferreira, Luís Filipe, Guilhermina Pacheco, José Travanca, Jaime Ceia, Constância Bataglia, Jorge Barata e eu próprio.

Foi na reunião de 1 de Dezembro, a 10ª, que se iniciou a preparação de uma proposta de actividades a desenvolver pela Cooperativa, tendo-se também registado a data de legalização oficial da Cooperativa, no dia 15 de Dezembro de 1978, no notário de Torres Vedras.

Nem todos aqueles nomes acima mencionados compareceram para esse acto de legalização. Apenas compareceram 9 (não tenho neste momento os seus nomes). Contou-me o Armando Jorge que, nesse acto formal, como a legalização só era possível com dez nomes, e faltou um dos 10, teve de se pedir a um senhor que estava naquele notário para dar o seu nome, em troca de pagamento, como era norma então (existiam pessoas que estavam presentes nos notários e tribunais apenas com essa tarefa, em troca de um pagamento). Existe assim, como sócio fundador, um ilustre desconhecido.

Legalmente, a partir de então, estava criada a “Cooperativa de Comunicação e Cultura”.

O seu próprio nome correspondia ao espírito dos fundadores:

- “Cooperativa”, porque todas as decisões se pretendiam colegiais, mesmo quando, por razões legais, a cada um dos intervenientes era dado um cargo. Foi assim com o jornal “Área” onde “títulos” com o de “director”, “administrador” e outros eram apenas um “pró-forma” legal. Era isso que se pretendia inicialmente com os cargos da direcção da Cooperativa. A própria numeração dos dez sócios fundadores foi sorteada;

- “Comunicação”, porque este foi então considerado um dos pilares da associação, a edição de um órgão de comunicação social como o “Área” e de outras edições;

- “Cultura” porque a realização de actividades culturais, inicialmente, era um pilar fundamental para a divulgação e apoio à edição do jornal. Com o tempo este “pilar” acabou por se tornar independente e, posteriormente, prioritário nas actividades da colectividade.

Essa componente veio a marcar também algumas das primeiras divergências no seio do grupo fundador.

O primeiro “caso” começou com a escolha do “director” do “Área”, que inicialmente recaiu sobre o Victor Luís Grilo, mas que, por levar muito a peito a função do cargo, sem se integrar no espírito “colegial”, acabou por ser substituído pelo José Eduardo Miranda Santos (“Zico” para os amigos), que acabou por se tornar o primeiro “director” do jornal.

O segundo “caso” foi-se acentuando ao longo do tempo, tendo atingido o período crítico já em meados da década de 80, quando se formaram duas tendências quase inconciliáveis entre os que pretendiam dar prioridade à edição do “Área” e os que pretendiam sacrificar o jornal para poderem desenvolver um projecto de actividade cultural mais consistente, sendo esta segunda tendência que acabou por vingar.

Mas isto é já outra história, que não cabe já neste texto.

Antes de concluir, recordar apenas que o ano de 1979 foi marcado pela consolidação do projecto, coordenado por uma comissão instaladora que teve como tarefas a estruturação da Cooperativa, o lançamento do “Área” e a eleição da primeira direcção legal da CCC.




No dia 28 de Novembro de 1979 realizou-se o “1º Passeio de Domingo”, “Um Itinerário Histórico em Torres Vedras”, conduzido pela Cecília Travanca e pela Manuela Ribeiro, que culminou com o lançamento do 1º número do Jornal “Àrea”.



Recorde-se aqui as funções dos responsáveis por essa primeira edição:

Director:- José Eduardo Miranda Santos;
Director Adjunto: - Armando Jorge Fernandes;
Direcção Gráfica: -Aurelindo Ceia
Chefe de redacção:- Carlos Ferreira;
Redactores: - Fernando Mouro, Guilhermina Pacheco, Joaquim Esteves, Jorge Barata, Manuela Ribeiro, Mário Luís Matos e eu próprio.
Publicidade : Publitorres (Jordão  Pereira).
Tipografia: Sogratol.

Entre Novembro de 1979 e Junho de 1981 publicaram-se, mensalmente, com uma ou outra falha, 13 números do “Área”.



Entretanto, em Janeiro de 1980 foi eleita a primeira direcção da Cooperativa, assim constituída:

Assembleia Geral: Lucília Miranda Santos (presidente), Luís Filipe Rodrigues, e Mário Luís Aspra de Matos;
Direcção: José Manuel Pinto Gouveia (o primeiro presidente eleito), Fernando Mouro, Lucília Rocha, Antunes Corado, Conceição Carichas, Pereira da Costa e Guilhermina Pacheco;
Concelho Fiscal: Adérito Moreira, Carlos Mota e Jordão Pereira.

Aqui fica, em breves traços, um pouco da história dos primórdios da Cooperativa de Comunicação e Cultura, recordando também alguns dos fundadores e pioneiros na construção desse projecto que tem hoje uma história longa e consolidada no panorama cultural de Torres Vedras e da região.