quinta-feira, 23 de abril de 2020

Presos à Liberdade


Um Documentário realizado há 5 anos em Torres Vedras, com entrevistas a quatro antigos presos políticos torrienses (versão integral).

As entrevistas foram conduzidas por Carlos Guardado da Silva e Venerando António  Aspra de Matos, a produção foi da Câmara Municipal de Torres Vedras e a realização de Modelo Studio.

Os antigos presos políticos entrevistado forma Duarte Nuno Pinto, Firmino Rosa Santos, João Martins e Herculano Neto da Silva, alguns, entretanto, já falecidos:

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Há 50 anos: Inauguração do edifício da “Escola Técnica” na Rua Henriques Nogueira.



No dia 20 de Abril de 1970 era oficialmente inaugurado o novo edifício da Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras, na rua Henriques Nogueira, pelo presidente da República de então, o almirante Américo Thomaz.

Era o culminar de uma história de décadas do chamado ensino técnico em Torres Vedras.

Aquela escola era herdeira da antiga Escola Comercial António Augusto Cabral, fundada e mantida, desde 1944, pelo Grémio do Comércio dos Concelhos de Torres Vedras, Cadaval e Sobral de Monte Agraço, a designação oficial da antiga Associação Comercial que se batia por uma escola desse tipo desde 1929.

Em 31 de Julho de 1952 a Escola Comercial António Augusto Cabral, até então uma escola particular, foi oficializada, de acordo com a nova lei em vigor, tornando-se Torres Vedras a primeira localidade do país a possuir uma escola particular oficializada, o que permitia aos seus alunos que realizassem os exames na sua escola (1).

Por essa altura, no início da década de 50, iniciou-se um debate nas páginas do jornal “Badaladas” com o objectivo de se criar um curso industrial que completasse o ensino comercial e correspondesse às novas necessidades económicas da região, chamando-se a atenção para o Decreto-Lei nº 36409 de 11 de Julho de 1947 que previa a criação de uma escola técnica em Torres Vedras (2).

Em 21 de Dezembro de 1954 uma “Comissão de representantes das actividades económicas deste concelho (…) avistou-se com o Presidente da Câmara Municipal” para lhe solicitar “os seus bons ofícios junto do Ministério da Educação para que seja criada a Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras” (3).

Pressionada pela opinião pública, a Câmara Municipal iniciou uma série de diligências par conseguir esse objectivo e, em Setembro de 1956, enviava ao Ministério da Educação um bem fundamentado memorando em defesa da criação de uma “escola técnica” em Torres Vedras.

Propunha-se o município subsidiar com 50.000$00 anuais a formação de uma Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras, criada a partir da Escola dirigida pelo Grémio do Comércio.

Propunha para essa escola o seguinte “plano de estudos”:
“1º - Ciclo Preparatório;
“2º - Curso Complementar de aprendizagem e electricidade;
“3º - Curso de formação : - de serralheiro; -  Geral do Comércio” (4).

Acedendo ao pedido do município torriense, o Ministério da Educação, através do decreto nº 41258 de 10 de Setembro de 1957, criava a Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras, substituindo a Escola Comercial António Augusto Cabral, entretanto encerrada, da qual herdou alunos, professores e respectivos processos.

De imediato se iniciaram as obras de ampliação do edifício municipal situado na Av. 5 de Outubro, onde se localizavam as instalações da “Física” e das “escolas primárias” da vila.

Acrescentado de um andar, aí vieram a ser instaladas, a nascente a Escola Secundária Municipal e a poente a nova “Ecola Técnica”, enquanto as escolas do ensino primário eram instaladas nos novos edifícios a sul daquelas instalações.

No ano lectivo de 1958/1959 iniciaram-se as aulas da Escola Industrial e Comercial nas suas novas instalações com 261 alunos, número que quase duplicou no ano lectivo seguinte.

O rápido crescimento do número de alunos matriculados na “Escola Técnica”, bem como as crescentes necessidades de recursos educativos para desenvolver o projecto desta escola, rapidamente levaram a que se colocasse a questão da urgência em construir um edifício de raiz para o seu funcionamento.

No dia 1 de Fevereiro de 1962 foi apresentado, em sessão camarária, um projecto para as novas instalações, da autoria do professor do ensino técnico Luís Manuel Paulo Ferreira, exposto publicamente no ano seguinte.

O tempo foi passando e aquele projecto foi caindo no esquecimento.

Foi mais uma vez nas páginas do “Badaladas” que o assunto volta a ser recordado, num artigo publicado em 12 de Fevereiro de 1966, assinado pelas iniciais R.M., com destaque de primeira página, e intitulado “Interesses Nossos – A Escola Nova”:

“(…) Lembramos hoje, um dos mais importantes [problemas de interesse regional] e que parece votado ao esquecimento: o da construção de um novo edifício para a Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras.
“(…) Continuando adiada por mais tempo, a construção do novo edifício, colabora-se na mutilação do desenvolvimento profissional, didáctico e educacional, de mais de um milhar de alunos que frequentam actualmente a Escola Industrial e Comercial.
“(…) Sem salas de aula em número suficiente, sem espaço para a montagem de oficinas e laboratórios, sem um parque de jogos para a cultura física orientada, sem salão de festas ou reuniões com encarregados de educação e outros fins, entre os quais o uso de meios audi-visuais no ensino, não pode haver verdadeira Escola.
“(…) A nova Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras é assunto que não pode nem deve continuar apenas no projecto e na miniatura que dela existe. (…) Que se iniciem diligencias para a erguer”.

O assunto voltou a ser abordado nas páginas do semanário torriense em 23 de Abril de 1966, num artigo não assinado e  intitulado “Interesses Nossos – Para quando a nova Escola Técnica de Torres Vedras”, onde se analisava, com dados, a dificuldade de funcionamento nas instalações da Avenida 5 de Outubro.

Em junho desse ano surge uma primeira boa noticia, a doação feita à Câmara, por José Nunes de Chaves “de uma área de terreno a ser ocupado pela futura escola industrial e comercial” (5).

No final desse ano, para reforçar a necessidade de iniciar a construção de um novo edifício para a escola, o jornal “Badaladas” publica um vasto dossier, baseado numa consulta aos alunos, completado com dados sobre o funcionamento da escola, traçando um interessante retracto da realidade social e pedagógica dessa escola no ano lectivo de 1965-1966 (6).  

Finalmente, na sua edição de 4 de Março de 1967 o “Badaladas” anuncia o lançamento de concurso para arrematação das obras de construção do novo edifício da “Escola Técnica”, marcado para “o dia 15 do corrente, na sede da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, em Lisboa, cuja base de licitação é de 13 991 571$00”.

O jornal “A Voz” , na sua edição de 20 de Abril de 1967 anuncia o inicio das obras para a construção da nova escola Técnica “dentro de algumas semanas”.

No folheto editado pelo Ministério das Obras Públicas e Comunicações, por ocasião da inauguração oficial da “Escola Industrial e Secundária de Torres Vedras” indica que as obras de “construção civil foram iniciadas em 31/10/1967 tendo ficado concluídas em 30/10/1969”

A empreitada foi entregue à Sociedade de Construções ERG, Lda.

O primeiro ano lectivo nas novas instalações teve início em Novembro de 1969.

Finalmente, no dia 20 de Abril de 1970, foi solenemente inaugurada essa escola, com a presença do então Presidente da República Américo Tomás.


A deslocação de Américo Tomás a Torres Vedras foi a segunda de um chefe de Estado a esta localidade durante o Estado Novo.

Apesar desta ser a primeira visita oficial de Tomaz a Torres Vedras, não era a primeira vez que visitava o concelho, já tendo anteriormente visitado o Lar dos Veteranos Militares de Runa e o Convento do Varatojo (7).

Na sua deslocação a este concelho fez-se acompanhar pelo Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Rui Sanches, pelo subsecretário de Estado da Administração escolar, pelo Governador Civil de Lisboa e pelo almirante Henrique Tenreiro, na qualidade de presidente da Junta Central da Legião Portuguesa, entre muitas outras individualidades.

Todos foram recebidos pelas autoridades locais pelas 15 horas desse dia 20 de Abril, à entrada da localidade da Freixofeira.

A inauguração da nova escola não foi o único motivo dessa visita. O outro foi a inauguração do sistema de abastecimento de água de Torres Vedras e Mafra.

Chagada à vila de Torres, a comitiva presidencial seguiu para os Paços do Concelho, para a sessão solene, antes de se deslocar às novas instalações da escola “Técnica”, inaugurada e visitada pelo presidente e sua comitiva, a partir das 16.30.

Referindo-nos apenas à cerimónia de inauguração da “Escola Técnica”, e seguindo a reportagem publicada no jornal “Badaladas” de (ironia do destino) 25 de Abril de 1970, a recepção de Américo Tomaz e da sua comitiva foi feita à entrada da escola, sendo recebido pelo director da escola, o Dr. Francisco  Quaresma de Almeida, “rodeado do corpo docente e dicente”, sendo descerrada uma “lápide alusiva ao acto”.

Seguiu-se uma visita “às suas principais dependências”, tendo o Presidente da República “entrado em diversas salas de aulas e oficinas, em funcionamento, onde travou animado diálogo com professores e alunos”.

Visitou também no último piso “o interessantíssimo museu, com curiosas peças naturais e humanas, desde a pré-história até ao presente”.

A visita terminou pelas 19.15 com a deslocação da comitiva à Serra da Vila, para a inauguração das instalações de abastecimento de água ao concelho.

(1)   – in Badaladas, 15/08/1952;
(2)   – “Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras – Quando a teremos?”, in Badaladas, 15/12/1954;
(3)   – “Representantes do Comércio, da Indústria e da Agricultura pediram (…) a criação duma ESCOLA DE ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL nesta vila” in Badaladas, 1/1/1955;
(4)   - Relatório de Gerência da Câmara no ano de 1956, CMTV;
(5)   - Acta da reunião camarária de 28-6-1966, citada pelo Badaladas, 16/7/1966;
(6)   - “O Valor Social da Escola Técnica”, in Badaladas,  19/11/1966.
(7)    - Sobre essa visita, baseámo-nos das edições do jornal “Badaladas” de 18 e 25 de Abril de 1970.

ANEXO:
Reportagem fotográfica da visita de Américo Tomás a Torres Vedras em 20 de Abril de 1970 (Fonte: Biblioteca Municipal de Torres Vedras, a partir de fotografias tiradas e tratadas pelo autor aos originais): 



























quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Evolução do COVID 19 no Concelho de Torres Vedras na primeira quinzena de Abril



Da última vez a que nos referimos à situação do concelho de Torres Vedras em relação à evolução do COVID-19, no dia 31 de Março, registavam-se, recordamos, 15 casos confirmados, existiam outro 26 casos suspeitos e estavam sob vigilância 61 casos.

Recorde-se que os primeiros casos no concelho se confirmaram em 19 de Março.

Na altura o principal foco no concelho registava-se junto ao litoral, com um total de 9 casos nas três freguesias dessa zona (A-Dos-Cunhados, Silveira e S. Pedro da Cadeira), seguindo-se o conjunto de freguesias “urbanas” com 5 casos, havendo ainda o caso isolado da Freiria com um caso.

Ao longo destes últimos 15 dias, isto é, entre o dia 1 e 15 de Abril, o número de casos conheceu uma progressiva evolução, embora lenta, sendo, aliás, o concelho de Torres Vedras um dos que registam menos casos a nível nacional, acompanhando a situação dos concelhos vizinhos, todos com poucos casos, com a excepção do concelho de Mafra.

O maior aumento de casos activos no concelho deu-se entre o dia 5 e 4 de Abril, quando, dos 23 casos activos se passou para 27 casos.

Ao longo desses 15 dias o número de casos activos registados seguiu a seguinte evolução: 15, 17, 19, 22, 23, 27, 28 (29), 27 (29), 28 (30), 28 (30), 28 (30), 28 (31), 30 (33), 28 (37), 29 (38).

Entre parêntesis está o número total de confirmados que não coincide com os activos porque, a partir de 7 de Abril começaram a registar-se casos recuperados.

O total de  recuperados evoluiu , a partir do dia 7 e até dia 15, do seguinte modo: 1, 2, 2,2,2,3,3, 9, 9. De registar o pulo dado, em relação aos recuperados, entre os dias 13 e 14 de Abril.

Em 4 de Abril registaram-se os primeiros casos em duas freguesias do concelho, na Ponte do Rol (1 caso) e Carvoeira/Carmões (1).

No dia 6 de Abril foi a vez da freguesia do Turcifal registar o seu primeiro caso.

No dia 7 de Abril a freguesia da Freiria, que tinha um caso registado desde o dia 25 de Março (o primeiro em que foram publicados dados, pela Protecção Civil de Torres Vedras,  por freguesia).

No dia 14 de Abril foi a vez das Freguesia do Ramalhal e a de Dois Portos/Runa registarem o seu primeiro caso.

Embora a maior concentração de infectados se concentre no conjunto das freguesias do litoral, pela primeira vez, a partir de 4 de Abril, essa concentração desceu para baixo dos 50% no total do concelho.

Também, a partir de 7 de Abril, o conjunto de infectados nessas  freguesias passou a ser inferior ao número total de registos no conjunto das freguesias “urbanas”, evolução que voltou a inverter-se nos últimos 3 dias.

O conjunto de freguesias do litoral foi registando o seguinte número de casos activos: 9, 9,  10, 10, 10, 11, 11, 10, 11, 11,11, 12, 13, 11, 11.

O conjunto das freguesias “urbanas” registou a seguinte evolução: 5, 7, 8, 9, 9, 11, 12, 12, 12, 12, 12, 11, 12, 10, 10.

Em resumo, em termos gerais, os últimos números conhecidos (de 15 de Abril) são os seguintes (entre parêntesis, a diferença em relação aos dados de 1 de Abril): 38 casos confirmados (+23), dos quais 29 estão activos e 9 já recuperaram. Existem ainda 14 (- 22) casos suspeitos e 96 (+44) em vigilância.

Os casos confirmados distribuem-se pelas seguintes freguesias: Stª Maria e outras urbanas- 10 (+3) ; S. Pedro da Cadeira – 5 (+1) ; A-Dos-Cunhados – 4 (+2); Silveira – 2 (- 1) ; Ponte do Rol -2 (+2); Turcifal – 2 (+2); Carvoeira/Carmões – 2 (+2); Ramalhal – 1 (+1); Dois Portos/Runa – 1 (+1); Freiria 0 (-1).

Voltaremos no final do mês com novas informações sobre a evolução do COVID-19 no concelho.
















quarta-feira, 1 de abril de 2020

Primeiro Balanço do impacto do COVID-19 em Torres Vedras (19 a 31 de Março).



Foi em 19 de Março que se noticiou o primeiro caso de infecção pelo coronovírus em Torres Vedras.

Foi o caso de um administrador da maior empresa da região, a Frismag, que emprega cerca de mil trabalhadores.

A situação teve origem numa sua deslocação à Suiça, onde está a sede dessa empresa.

No mesmo dia a Protecção Civil divulga a existência de mais três casos, entre eles o de um menor.

É só a parir de 23 de Março que começam a ser reportados diariamente, no site da Câmara Municipal de Torres Vedras, na página da Protecção Civil, a evolução dos casos, referente à meia noite do dia anterior.

Nos dois primeiros dias indicam-se apenas os totais do concelho.

Em 23 de Março mantinham-se o 4 casos confirmados e, no dia seguinte, surgiu a informação mais completa, registando-se 7 casos confirmados, 10 suspeitos e 135 em vigilância.

A partir de 25 de Março, para além da divulgação dos casos totais,  passam a ser indicada a distribuição de casos confirmados pelas freguesias do concelho.

Nesse dia já se confirmavam 8 casos, distribuídos pelas seguintes freguesias : 1 em A-Dos-Cunhados, 1 na Silveira, 2 em S. Pedro da Cadeira, 1 na Freiria e 4 nas freguesias urbanas da cidade. Existiam ainda, na totalidade, 14 casos suspeitos e 141 sob vigilância.

Em 26 de Março o número de casos confirmados sobe para 13, número que se manteve até dia 28, subindo para 14 no dia 29. No último boletim, com a data de 31 de Março, esse número subiu para 15.

Também no dia 28, em relação ao dia anterior tinha entrado um novo caso e saído outro, por não pertencer ao concelho.

O boletim da Direcção Geral de Saúde começou a registar os casos do concelho de Torres Vedras a partir de 29 de Março, com números ligeiramente inferiores aos da Protecção Civil: 11 casos em 29 de Março e 13 nos dois dias seguintes.

A nível das freguesias a tendência manteve-se: A-Dos-Cunhados passou para 2 casos em 26 de Março, mantendo-se este número até ontem; a Silveira (que inclui a praia de Santa Cruz) subiu para 2 casos em 28 de Março, para 3 no dia seguinte, número que se mantinha no dia 31; S. Pedro da Cadeira passou aos 4 casos em 26 de Março, número que se mantem; A Freiria tem mantido sempre 1 caso.

O conjunto das freguesias “urbanas” subiu de 4 para 5 em 26 de Março, voltando a descer para 4 no dia 28, devido à saída de um infectado que não pertencia aqui, voltando a fixar-se em 5 no dia 31.

É de notar que as três freguesias do litoral (A-Dos-Cunhados, Silveira e S. Pedro da Cadeira) têm, no seu conjunto, mais casos que o conjunto de freguesias urbanas.

Até ontem, dia 31 de Março, felizmente, não se tinha registado qualquer caso mortal no concelho.

Quanto ao total de casos suspeitos, ele tem evoluído do seguinte modo: 10 no dia 24 e nos seguintes: 14, 10, 15, 26, 34 , 27, e 26 ontem.

Casos em vigilância: 135 no dia 24 e, nos seguintes: 141, 157, 75, 68, 59 e novamente 59 no dia 30, passando para 61 no último boletim conhecido.

Regularmente  aqui registaremos a evolução do COVID-19 no concelho de Torres Vedras.