quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quando o verdadeiro Rally de Portugal, que ainda era da TAP, passava por Torres Vedras

Nos anos 60-70, numa pequena vila como Torres Vedras, em que os ritmos dos dias eram marcados pela regularidade dos acontecimentos anuais (como a passagem do ano numa colectividade local (Operário, Grémio ou Tuna, conforme o estrato social de cada um), o Carnaval, a Procissão do Senhor dos Passos, o Festival da Canção na RTP, as fogueiras de Stº António nos vários bairros da vila, a Feira de S.Pedro, as Férias de Verão em Santa Cruz, o Natal… ), a passagem dos “bólides” do Rally TAP pelas ruas da vila era aguardado com excitação e expectativa .

Nas noites do Rally TAP, enchiam-se as duas principais artérias da vila, a Av. 5 de Outubro e a Rua Santos Bernardes.

O local mais “espectacular” era a curva de ligação entre aquelas duas artérias, frente ao Café Império, onde eram frequentes as derrapagens.

Quem quisesse um bom lugar tinha de se posicionar algumas horas antes da passagem prevista. Depois era esperar. A multidão começava a agitar-se quando se começavam a ouvir ao longe os roncos dos potentes motores, acabados de sair de Montejunto.

Era o tempo dos Lancia Fulvia, dos Morris Mini Cooper, dos Alpine Renault, dos Fiat 124 Abarth ou dos primeiros Datsuns e Toyotas.

Todos procuravam ver um Tony Fall, um Jean –Pierre Nicolas, um Bjorn Waldegaard, um Sandro Munari ou o português Francisco Romãozinho.

Havia mesmo quem procurasse entre as fabulosas máquinas que por cá passavam o carro do Michel Vaillant!

De facto o misticismo do rally tinha levado a que Jean Graton tivesse incluído numa aventura dessa personagem de Banda Desenhada o Rally TAP.

Com um pouco de sorte, um daqueles bólides parava para se abastecer numa das bombas de gasolina existentes dentro da vila, uma no final da Avenida, frente ao “Napoleão”, onde hoje fica o stand da Fiat, a outra a meio da Santos Bernardes, no local da Caixa de Crédito Agrícola, e então era a corrida para rodear o carro e conhecer os pilotos, muitas vezes estrangeiros, uma possibilidade de se contactar com um outro mundo no Portugal fechado de então, e pedir autógrafos àqueles verdadeiros deuses da miudagem.

A passagem por Torres Vedras não era uma classificativa, apenas um local de passagem entre as míticas classificativas de Montejunto e as do Gradil ou Sintra.

Mas a velocidade era vertiginosa, para os hábitos dos poucos automóveis que, em dias normais, atravessavam as pacatas ruas da vila. Existia então o chamado circuito de manutenção com controle do horário de passagem entre dois troços, e os pilotos tinham de se manter velozes para não chegarem atrasados a esse controle.

Depois o Rally, que passou a ser “de Portugal”, deixou de passar por Torres Vedras. Com um pouco de sorte podíamos ir vê-lo em Montejunto ou ao Gradil. Ainda consegui assistir a uma classificativa em Sintra, um ano antes dos trágicos acontecimentos que acabaram com essa mítica prova.

Hoje o Rally de Portugal é cada vez mais um Rally regional, longe desses tempos “heróicos”.

AQUI é possível recordar as fotografias de alguns desses bólides do passado, ou conhecer AQUI a emoção da classificativa de Sintra.

domingo, 23 de maio de 2010

Um Adeus a Beto.

Só o conhecia de vista, conhecia melhor a sua esposa, mas era uma figura que contribuía para valorizar artisticamente a cidade de Torres Vedras.

Também não era um grande admirador do tipo de musica que ele interpretava, mas o Beto era um cantor com uma grande força e uma voz original e peculiar.

A morte do cantor Beto é uma grande perda para Torres Vedras e para o mundo da musica ligeira portuguesa em geral.

Até sempre Beto e prometo que vou ouvir com mais atenção a tua obra musical.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Até Sempre José Almendro

Sem Plavras


O amigo José Luis Silveira Almendro deixou-nos.

Fiquei a sabê-lo há pouco AQUI.

Foi um dos pioneiros do aeroclube e grande entusiasta pela cultura e património de Torres Vedras.

Colaborou activamente em campanhas arqueológicas, uma das quais a do Castro do Zambujal de 1994. Por esta colaboração mereceu mesmo um rasgado elogio e agradecimento por parte dos arqueólogos que lideraram essas escavações, nesta publicação, AQUI reproduzida, e que é a nossa modesta homenagem a esse torriense.

Até Sempre amigo Almendro!

terça-feira, 18 de maio de 2010

A propósito do dia Internacional dos Museus - O Museu Municipal Leonel Trindade na internet

A propósito da comemoração hoje do Dia Internacional dos Museus, indicamos hoje algumas páginas existentes na internet sobre o Museu Municipal Leonel Trindade.
Começamos por recordar um estudo,penso que pouco conhecido, da autoria da Drº Isabel Luna, publicado pelo ISCTE, sobre a história e os públicos frequentadores do museu torriense, e que pode ser consultado AQUI.
Também recomendamos a página da Wikipédia, AQUI,  sobre o museu, escrita em alemão,mas que pode ser percorrida usando o "tradutor".
Ainda sobre o museu, podem encontrar AQUI e AQUI outras informações.
Existem ainda várias páginas sobre peças existentes no museu, sobre achados da Idade do Bronze no Barro, AQUI, sobre cerâmica romana AQUI, ou sobre as peças de cerâmica de Sacavém AQUI.
A figura de Leonel Trindade é merecedora de alguma atenção AQUI, mas continua a ser fundamental a leitura da sua biografia escrita por Cecília Travanca.
Recorde-se que hoje, durante todo o dia, está programado um vasto programa de animação do espaço do Museu Leonel Trindade. coma colaboração da Escola Secundária Henriques Nogueira.

Leonel Trindade (1903-1992)  (anos 50)

domingo, 9 de maio de 2010

Turres Veteras XIII - 14 a 15 de Maio

A não perder no próximo fim-de-semana mais uma edição de "TURRES VETERAS", que já vai na sua 13ª edição.
O tema deste ano é "A Vida Quotidiana nas Linhas de Torres Vedras", realizando-se nos Paços do Concelho com o seguinte programa:
(Clicar na imagem para ver em ponto grande)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um Comboio de Letras e Memórias


Nesta 4ª feira , 5 de Maio, a Linha do Oeste vai voltar a viver a confusão e a algazarra dos seus bons velhos tempos.

A propósito da divulgação dos trabalhos concorrentes à 2ª edição do Concurso de Fotografia “Ando a Ler”, organizada pela Escola Secundária Henriques Nogueira, as estações de Torres Vedras e Caldas da Rainha voltam a recuperar a confusão desses tempos, quando era por aqui que o mundo entrava pela região Oeste a dentro.

Na estação de Torres Vedras será instalada uma parte da exposição dos trabalhos concorrentes ao concurso que este ano foi dedicado ao tema “Ler nas entrelinhas”, anunciando-se ao mesmo tempo os vencedores.

Depois será a vez de se viajar no tempo, numa ligação por comboio entre as estações das duas cidades do Oeste, uma viagem especial, com leituras, aprendizagens várias e recuperando essa capacidade única que só o comboio permite, que é o de se aproveitar uma viagem para longas conversar ou para desfrutar com calma a bonita paisagem oestina.

Antes das auto-estradas, a identidade desta região foi-se consolidando ao longo da linha do comboio, onde a diferença entre o crescimento e a decadência estava à distância da sua passagem.

Amizades e paixões, conspirações e revoluções, mortes trágicas e descobertas de outros mundos, fizeram a história de gerações de passageiros que frequentaram regularmente os lentos comboios do Oeste, sem índios na paisagem, mas cercados de vinhas, florestas e misteriosos túneis.

Hoje sabe-se que o comboio é o futuro, se todos quisermos ter futuro, por isso esperamos que para muitos este seja apenas o início de um novo caminho pelos carris da Linha do Oeste.

A propósito, recordamos aqui como foi a primeira viagem de comboio a partir de Torres Vedras que teve lugar em 25 de Maios de 1887, ligando esta então vila a Lisboa:

"Era immenso o enthusiasmo que desde a tarde de terça feira animava os moradores d'esta villa, quando souberam que iam definitivamente estreitar-se as suas relações com a capital (...) grande a animação com que era aguardado o primeiro comboio de Lisboa na quarta 25, dia esplendido, de bello sol, que, batendo em cheio nos vinhedos que aformoseiam as encostas que se desfructam do vasto e desafogado recinto da estação(...).

"Pouco depois das nove horas e meia da manhã começou a afluir à gare grande numero de pessoas das diversas classes socias. Às 10 e 40 surgiu do tunnel da Certã a machina nº 127, comboiando quatro carruagens e dois wagonetes.

"N'esta ocasião subiram ao ar muitos foguetes, e a philarmonica Torreense tocou o hynno da Carta e seguidamente outras peças do seu reportório, dando assim ao acto um carácter de festa inteiramente popular, nem por isso de menos valor das outras.

"No comboio chegaram cerca de 100 pessoas, satisfeitas com os panoramas que gosaram em toda a linha (...)

"O primeiro comboio, que de Torres saiu às 6 horas e 15 minutos da manhã, conduziu limitado numero de passageiros para Lisboa. Iam n'elle alguns comerciantes da localidade, aproveitando já o enorme benefício que o progresso lhes facilita." (Voz de Torres Vedras de 28 de Maio de 1887).