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A situação das vinhas torrienses e os trabalhos da via-
férrea, continuavam a ser os temas dominantes da imprensa local de então.
Comerciantes, franceses afluíam a Torres Vedras para
comprarem os “saborosos e rijos tintos (…) para fabrico do «medoc» (...) Estes
vinhos [de Torres Vedras] satisfazem, como nenhuns outros os requisitos
exigidos hoje pelo comércio francês para fazer face à enorme falta que a França
tem experimentado, e preencher a lacuna que a phylloxera deixou nas suas vastas
plantações”.
Aliás, a «phylloxera» continuava a preocupar os proprietários
locais. Ao mesmo tempo que eram divulgados os resultados de um novo tratamento
para combater a «phylloxera» experimentado nas propriedades de Luis Martins da
freguesia de S. Mamede da Ventosa, as notícias sobre o avanço daquela doença
das vinhas alarmavam, cada vez mais, os proprietários torrienses:
“No concelho de Torres a área
invadida é já este ano mui to maior, o que era de esperar, porque das 54
propriedades invadidas no ano passado foram tratadas 8”.
Mas mesmo assim, e de um modo
geral, era “prometedor o aspecto das vinhas desta região”, actividade onde os
“salários dos operários têem regulado, termo médio, por 360 réis”.
Entretanto prosseguiam as obras
do caminho-de-ferro. Durante o mês de Junho anunciava-se estarem “abertos os
alicerces da estação de Runa e quase completos os aterros e cortes d’ali até à
estação d’esta villa”.
“A dois Kilómetros d'aqui no sítio denominado Azenha do Cabaço,
já está perfurado de lado a lado o túnel de 75 metros e vai em grande
adiantamento a perfuração dos outros dois tunneis”.
“Na quinta-feira, 11, houve vistoria judicial para a expropriação
de 5:400 metros quadrados de terreno pertencentes ao St. José Norberto Correia
Lopes, da Feliteira(...) A vistoria não chegou a efectuar-se em consequência de
se terem as partes acordado, recebendo o Sr. Correia Lopes a quantia de réis
2:450$000”.
Preocupante continuava a epidemia de Varíola, revelando- -se
com grande intensidade na Maceira onde “Em dez dias foram atacadas 46 pessoas
de ambos os sexos, das quais sucumbiram bastantes à violência da terrível
moléstia”.
Durante este mês seria anunciada a abertura de um novo
estabelecimento de relojoaria, ourivesaria e máquinas de cozer, no largo de S.
Pedro, e propriedade de Francisco dos
Santos Diniz.
Mas, então como hoje, um dos grandes acontecimentos do mês
de Junho era a Feira de S. Pedro. E é com a notícia deste acontecimento, narrado pela imprensa da época, que
escerramos a crónica deste mês:
“A circunstância dos dois dias santificados, 28 e 29, fez
antecipar um dia a afamada feira de S. Pedro d'esta villa, na pitoresca alameda e explanada da Porta da Varzea.
“N’esses locais havia um comprido arruamento de barracas
onde esteve exposta à venda uma infinita
variedade de objectos de utilidade e de recreio, fanqueiros, ourives,
quinquilheiros, louceiros, botequins, restaurantes, loteria de boboloques,
caldeiros, taxos, frutas, etc..
“Não faltou companhia de declamação que construiu
expressamente um barracão de teatro e se propõe demorar algum tempo depois da
feira.
“A feira foi bem
policiada, não havendo, felizmente a lamentar qualquer incidente desagradável”.
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