quarta-feira, 25 de julho de 2012

A VIDA TORRIENSE NOS FINAIS DO SÉCULO XIX, nos caracteres da imprensa local (1885-1890) - 7 - Julho de 1885


Julho de 1885

O mês de Julho daquele ano foi um mês de intensa activi­dade cultural, ambiente esse a que não seria estranho a época do ano.

Assim, e na transição do mês de Junho para o de Julho  “a companhia dramática ambulante que construiu um barracão-theatro na ala­meda da Porta dá Várzea, tem dado bastantes récitas e colhido bons resultados por ser muito soffrível o desempe­nho das peças dramáticas e cómicas que tem sido offerecido ao publico.

“O facto demonstra que a população de Torres Vedras gosta de theatro, e que é de absoluta necessidade tratar-se quanto antes d’este importante e util melhoramento (...)”.

Por sua vez a Sociedade Recreativa Fanfarra 24 de Julho, fundada um ano antes, resolvia comemorar “em igual dia d’este anno a sua installação realizando o seguinte programa:
às 8 horas e meia da manhã - Salva de girandolas de foguetes, executando a fan­farra no largo da Graça o hynno da Carta.
“Às 10 horas da manhã -  Missa rezada na egreja de S. Thiago, durante a qual a fan­farra executará o pot-pourri da opera “Trovada”. Finda a missa distribui-se-ha um bodo a 50 pobres, indo em seguida a fanfarra cumprimentar as principais autoridades locaes.
“Às 8 horas e meia da noite - No Couto que está levantado no largo da Graça, a fanfarra executará várias peças (...)”.

Entretanto este mês ficaria igualmente assinalado pela inauguração de uma nova fan­farra, a Sociedade Recreativa Torreense. A festa de Inaugu­ração deu-se no dia 30 de Julho, fazendo-se desse aconteci­mento a seguinte noticia:
“Esteve  brilhantíssima a inauguração da sociedade Recreativa Torreense. A Praça Nova na noite de 30 de Julho, regorgitava de concorrentes, e nas janelas das casas visinhas viam-se muitas familias desta localidade. A noite estava formosissima.
“O coreto da fanfarra elevava-se no centro da praça, e estava caprichosamente illuminado com balões venezianos e vidros de côres.
“Às nove horas começou a execução do programa, sendo a fanfarra dirigida pelo intelli- gente director da phylarmónica Torreense" (da qual eram sócios os músicos da.S. R. T.) “o sr. João Rodigues da Con­ceição. Todos os n.°s foram primorosamente executados, mas mereceu especial menção, o “Passo dobrado” da opereta  “Carmen”, e uma polka de Strauss, “L’hiver est arrivé”, que obtiveram muitas palmas e applausos.
“Finda a execução dos n.os queimou-se um lindo e surpre hendente fogo de artificio do ar e do chão, que deixou satisfei­tíssima a numerosa concor­rência de espectadores. O fogo do ar, principalmente, lançado de entre as ruinas do vetusto Castello, fazia um explendido effeito. De vez em quando subiam ao ar pequenos balões cheios de ar quente.
“Consta-nos que o ensaiador da fanfarra foi o sr. Januário de Miranda, apreciavel amador de musica é bemquisto nego­ciante d’esta villa".

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