quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A Geografia do Voto no Concelho de Torres Vedras - Autárquicas de 26 de Setembro de 2021



Com base num conjunto de mapas do concelho, vamos tentar visualizar o comportamneo eleitoral nas várias freguesias do Concelho nestas eleições autárquicas, bem como a situação de cada partido e movimento nessas freguesias.

Usamos cores para identificar os vários partidos ou movimentos concorrentes, tendo esgotado quase todas as cores numas eleições disputadas por 7 partidos e movimetos.

Assim usámos os tradicionais ROSA para identificar o PARTIDO SOCIALISTA, LARANJA para identificar a coligação "AFIRMAR TORRES VEDRAS" ( Onde o PSD foi o partido maioritário da coligação PSD/CDS/PPM), o VERMELHO para a CDU (coligação dominada pelo PCP). Para os restantes partidos tivemos de escolher cores aleatórias, VERDE para o ALIANÇA, AZUL para o BLOCO DE ESQUERDA, AMARELO para o movimeto independente UNIDOS POR TORRES VEDRAS e o PRETO  para identificar o CHEGA.

Nos dois primeiros mapas identificamos, no primeiro, os partidos mais votados para a Câmara Municipal (CM) e para a Assembleia Municipal (AM), cuja situação neste caso foi idêntica, e os mais votados para as Assembleias de Junta de Freguesia (AJF), havendo, neste caso, uma única diferença, que foi reeleição do PSD para a Junta da Ponte do Rol, diferente da opção para a CM e para a AM, jogando aqui o factor mais personalizado dessa votação.

Covém referir, contudo, que só o PS, o PSD e o PCP concorreram à AJF em todas as 13 freguesias, seguindo-se  a Aliança que concorreu em 5. Só à AJF da Cidade (União de Freguesias de S. Pedro, Stª Maria e Matacães) é que concorreram todos os 7 prtidos e movimentos, os mesmos que concorreram à CM e à AM (resultado já por nós divulgados  AQUI e analisados AQUI).

Nos próximos mapas podemos ver quais foram os "segundos" mais votados, respectivamente para a CM e para a AJF:



Na eleição para a Câmara, o primeiro mapa mostra como o PSD perdeu o lugar de liderança como força tradicioanl de oposição ao poder do PS, lugar ocupado  recém criado movimento UTV. 
Já no segundo mapa, o das AJF, ficamos com uma imagem das lideranças de oposição em cada freguesia, sendo de notar que a UTV destaque, pois apenas concorreu na freguesia urbana.

Nos mapas a seguir, tendo por base, não os números em si, mas a percentagem de votos obtidos, podemos ver onde é que cada partido obteve os melhores e os piores resultados, com base na votação para a CM.

Usámos como referência o resultado da CM porque, conforme já dissemos, só para a CM, AM e Junta urbana é que concorreram todos os partidos e só nestas podemos comparar o desempenho dos partidos concorrentes.

Em termos globais, partidos como o PS, PSD e PCP, os únicos que concorreram a todas as freguesias, acabram por perder votos para ou outros partidos na CM e na AM.


Não deixa de ser curioso que tanto o BE como o CHEGA tenham obtido a sua melhor percentagem na freguesia da A-Dos-Cunhados.

Já a novidade UTV parece ter tido mais impacto no centro urbano.

Como se esperava, o PCP teve o seu melhor resultado na Carvoeira e o PSD em Campelos. Curiosa é a prestação da Aliança na freguesia do Ramalhal.

Não deixa igualmente de ser curios que tenha sido na freguesia urbana que o PS teve a sua pior prestação em percentagem, enquanto o pior resultado do PSD na Carvoeira se justificará pelo voto "útil" na candidatura do PS para evitar uma vitória da CDU. 

O voto útil da direita mais radical na candidatura do PSD na Ponte do Rol, onde se lutava taco a taco com o PS, parece justificar o pior resultado percentual do Chega nesta freguesia.

A polarização à esquerda e à direita, entre o PSD e o PS, na disputa da freguesia da Freiria, recuperada por este último, parece justifica também que 4 dos partidos tenham obtido aqui o seu pior resultado.

Muitas vezes, e principalmente fora do meio urbano, a votação nos três principais partidos para a CM e AM manteve-se muito próxima da registada para a AJF, já que muitas vezes a maioria dos votantes não têm tendência a divresificar o seu voto, situação que acaba por prejudicar os partidos que não concorrem a todas as freguesias.

Existe outro dado também interessante, revelado pelo mapa seguinte, a distribuição da abstenção pelas 13 freguesias, usando as cores dos semáforos para assinalar o nível da abstenção em cada uma delas :abaixo da média do concelho - 45,08% (menos que os 46,35% nacionais)- com VERDE (abaixo dos 41%), dentro da Média do Concelho ( acima dos 41% e abaixo dos 46%) a AMARELO,  e acima da média do concelho (mais de 46%) a VERMELHO:

Não deixa de ser curios que foi em 5 das freguesias onde havia uma luta mais renhida que a abstenção foi mais baixa que a média, destacando-se o caso da Carvoeira, onde a abstenção foi apenas de 33,35%.

Disputava-se, neste caso, a liderança entre o PS e a CDU, tentando esta última recuperar uma freguesia que, em 2017, tinha perdido apenas por 3 votos. Desta vez o PS foi reconduzido, aumentondo a sua distância em relação à força rival.

Em Dois Portos havia igualmente uma lista forte da CDU, mas mais uma vez o resultado beneficiou o PS e o PSD.

Na Feiria, em Campelos e na Ponte do Rol, a luta era entre o PS e o PSD. O PS bateu o seu rival na Freiria, onde lutava pela recondução. Pelo contrário, em Campelos, o PS perdeu a freguesia a favor do PSD. Já na Ponte do Rol, apesar da maioria ter votado no PS para a CM e a AM, não conseguiu reconquistar a freguesia que pertencia ao PSD.

O resultado da abstenção mostra que as disputas, ao nível de freguesia, cativam mais os eleitores do que as lutas a nível mais central, na CM e na AM, pois, apesar do aprarecimento de novas candidaturas e da renovação previsivel destes orgãos, as grande freguesias, como a Silveira ou A-dos-Cunhados e, principalmente a freguesia urbana, não motivaram a ida às urnas. Foi em A-Dos-Cunhado que se registou a abstenção mais elevada, 47,91%. 

Passamos agora a observar a prestação dos vários partidos, individualmente, com três tons a significar a maior o menor influência, de acordo com a percentagem de votos para a CM.


Neste mapa é de realçar a perda de influência do PS no centro urbano, um sinal a ter em conta na estratégia futura desse partido. A sua melhor percentagem aconteceu em S. Pedro da Cadeira (53,75%) e a pior foi, exactamente, na freguesia Urbana (33,53%). Em média, no concelho, teve 39,97% (contra 44,39% em média para as AJF).
Pelo contrário é no centro urbano que o UTV consegue os melhores resultados percentuais (30,38%), mas expandindo-se para outras áreas, sendo significativo o caso do Turcifal. O seu pior resultado aconteceu na Freiria (11,26%).
Já o PSD perdeu muita influência, não só na zona urbana, mas também em várias fregusias rurais, com excepção de Campelos, onde conseguiu a sua maior percentagem (37,93%), e Freiria, na primeira uma vitória pessoal de um candidato vencedor. No caso da Freiria, embora tenha perdido a freguesia para o PS, o peso percentual deve-se à polarização do voto útil à direita. A sua pior percentagem foi na Carvoeira, freguguesia disputada entre o PS e a CDU. Registe-se a grande diferença de percentagem média obtida por esse partido na CM, 18,27%, em relação à obtida no conjunto da votação para as AJF, 26,38%, prova da má escolha dessa aliança para liderar a lista para a Câmara.
O PCP obtem os seus melhores resultados percentuais nas duas freguesia que, historicamente, sempre lhe deram o melhor resultado, Dois Portos/Runa e Carvoeira, obtendo nesta última a sua melhor percentagem, 14,26 para a CM (33,08 para a AJF). O seu pior resultado foi registado em Campelos, com 2,76%. Sendo um dos três partidos que concorreu a tudo, também se pode assinalar a significativa diferença percentual entre os resultados para a CM (4,68%) e o conjunto das AJF (7,82%).
A Aliança foi uma das surpresas da noite eleitoral, revelando um resultado significativo nas freguesias rurais, apesar de só ter concorrido em 5, obtendo o seu melhor resultado na freguesia do Ramalhal (11,45%), obtendo no centro urbano o seu segundo melhor resultado (7,82%). Em média teve no concelho 5,68%. O seu pior resultado registou-se na Freiria (1,19%).
Concorrendo pela primeira vez às autarquias, o Chega, ficando muito longe das expectativas alimentadas pelo resultado da André Ventura neste concelho nas presidencias, conseguiu, contudo, dois dos seus objectivos, ultrapssar o Bloco de Esquerda e eleger, pela primeira vez, um autarca, um representante na Assembleia Municipal.
Conseguiu quase o dobro da percentagem do BE, 4,12%, tendo obtido a percentagem mais alta na freguesia de A-Dos-Cunhados, com 6,16%, e noutra freguesia do litoral, a Silveira, com 5,17%, duas das freguesias onde a abstenção foi mais alta. Obteve igualmente um bom resultado na freguesia do Turcifal, 4,67%, exactamente na freguesia onde habita o candidato à Câmara por esse partido. Em contrapartida teve o seu pior resultado na Ponte do Rol, 2,74%, uma freguesai onde o voto foi muito disputado, tendo funcionado aqui o voto útil noutro candidato. No centro urbano e nas freguesias tradicionalmente mais à esquerda, Dois Portos/Runa e Carvoeira, o seu resultado foi dos mais fracos no concelho.
A realidade local parece desfazer dois mitos que ando muito por aí, que o Chega vai buscar votos à abstenção e ao eleitorado de protesto que vota no PCP ou no BE.
Na realidade, o eleitorado desse partido parece ter origem no CDS e no PSD.

O BE foi um dos derrotados da noite eleitoral, apesar de apresentar uma candidatura forte e credivel à presidência da Câmara. Perdeu votos, ficou em último lugar, perdeu o seu único eleito na AM.
Em termos percentuais teve 2,14%, obtendo o seu melhor resultado na freguesia de A-Dos-Cunhados, com 2,64% (curiosamente a mesma onde o Chega teve, igualmente, o seu melhor resultado). Obteve igualmente resultados acima da médias noutras duas freguesias onde o Chega também obteve bons resultados (Silveira e Turcifal). Diferenciou-se do partido da extrema direita pelo facto de ter também obtido resultado acima da média em freguesias onde o Chega teve alguns dos seu piores resultados, Dois Portos/Runa e na freguesia urbana.
O pior resultado do BE aconteceu na freguesia da Ponte do Rol, onde ficou nos 1,11%.

Por último, como complemento para ajudar a analisar os resultados, deixamos o seguinte quadro onde se indicam os ganhos e perdas em votos, quer comparando com as autárquicas de 2017, quer em relação às legislativas de 2019. Na comparação das autárquicas publicamos a situação nos dosi orgão de eleição directa, Câmara Municipal (CM) e Assembleia Muncipal (AM), bem como  a situação quanto ao total de votos para o conjunto das 13 assembleias de freguesia (AJF). Não é possível compara a situação dos UTV, da Aliança e do Chega, pois nenhum destes concorreu em 2017. Também fazemos a comparação com as legislativas de 2019, usando como termo de comparação o resultado para a AM, o orgão mais parecido com a Asssembleia da República (AR) em termos autárquicos. Nesste caso já é possível incluir o Chega e a Alianaça nessa comparação. Quanto à coligação "Afirmar" Torres Vedras (PSD/CDS/PPM), usámos como termo comparativo a soma de votos dos 3 partidos que a formaram e que concorreram separados em 2019:

Diferença de votos (autárquicas de 2017 e legislativas de 2019 , com autárquicas de 2021)

Partidos

CM (2017-2021)

AM (2017-2021)

AJF (2017-2021)

AR (legislativas 2019) / AM ( autárquicas 2021)

PS

(-) 3307

(-) 3016

(-) 1563

+ 107

PPD/CDS/PPM

(-) 4409

(-)3809

(-) 983

(-) 4021

PCP-PEV

(-) 666

(-) 621

(-)  241

(-) 90

BE

(-) 332

(-) 407

Não comparável

(-) 2546

CH

Não comparável

Não comparável

Não comparável

+ 1047

Aliança

Não comparável

Não comparável

Não comparável

+ 1452




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