(De Caxias foi libertado o último preso político antifascista, Pedro Fernandes)
Em boa hora foram incluídos nas comemorações do 25 de Abril dois
momento de memórias sobre por resistentes ao Estado Novo do concelho de Torres
Vedras.
Em Campelos, na noite de 24 de
Abril último, e nos Paços do Concelho, na tarde do dia seguinte, tiveram lugar
duas sessões em que várias pessoas puderam testemunhar o que foi a luta contra
o regime deposto em 1974.
Tivemos pessoas que foram presas e torturadas, outras, mais novas, que,
não tendo conhecido as prisões, também participaram em actividades contra o
regime salazarista.
Alguns, por razões pessoais, estiveram presentes apenas numa dessa
sessões, outros estiveram nas duas.
Entre os testemunhos ouvidos estiveram os ex-presos políticos Armando
Pedro Lopes, Duarte Nuno Clímaco Pinto, Firmino Rosa Santos, Herculano Neto
Silva, João Martins, Luís Perdigão e Polidoro Correia.
Entre os que nunca foram presos, apesar dos riscos que correram, em
parte porque entretanto sucedeu o 25 de Abril, caso contrário também teriam
conhecido a prisão, pois eram activos na oposição, estiveram Francisco Manuel
Fernandes, Graça Oliveira, Jorge Ralha, José Travanca e Sérgio Simões, não
tendo podido comparecer o Hélio Samorrinha
filho.
O tempo foi pouco para as histórias que tinham para contar e por isso
foi lançado o desafio para que se viesse a desenvolver um trabalho de recolha
de memórias orais, para que a luta e o sofrimento de muitas dessas pessoas não
fossem esquecidos.
Os participantes não esgotam o leque de pessoas, ainda vivas ou já
falecidas, que, naturais de Torres Vedras ou combatendo nesta região,
contribuíram para a vitória democrática.
Para além daqueles, e entre falecidos e vivos, recordo aqui alguns
outros nomes que ao longo dos últimos anos recolhi nos arquivos nacionais,
referenciados nos relatórios da PIDE, que por esta policia eram seguidos
em todos os seus passos por Torres
Vedras.
Para que não sejam esquecidos, aqui acrescento mais os seguintes aos
nomes acima referidos:
Com Processo detalhado nos Arquivos da PIDE, na Torres do Tombo:
- Fernando Vicente; João Paulino de Sousa, Gabriel dos Santos Gomes,
Alzira Gomes Boavida; Clotilde Amélia da
Silva Neoes de Carvalho; Miguel Camilo; Victor Hugo da Costa Tomás dos Santos,
Armando Pedro Lopes; Victor Cesário da Fonseca; Galileu da Silva; José Carvalho
Mesquita; Venerando Ferreira de Matos.
Sem registo nesse arquivo PIDE, provavelmente por extravio durante o
período do “PREC”, mas com prisão conhecida, existindo o respectivo processo em parte incerta , João Capão,
Raimundo Porta, Joaquim de Oliveira e
Pedro Fernandes.
Também vigiados, mas sem processo, entre os que conheceram a prisão e
os que eram “apenas” vigiados e referenciados, estavam os seguintes habitantes
de Torres Vedras, de acordo com uma primeira recolha, ainda incompleta, feita
nos arquivos da Pide na Torres do Tombo:
- António Leal d’Ascensão; Joaquim Bandeira; Jorge Vivaldo; Luis
Perdigão pai; José António de Sá Seixas Ramos,; Artur da Silva Lino; Luis
Brandão de Melo; Jerónimo Albarran Grilo; Ruy de Moura Guedes; Alberto Rodrigo
Bandeira; Mário de Sousa Dias; Rui da Costa Tomás dos Santos, Augusto Troni;
Hélio Samorrinha pai, Luís Fernando Andrade Santos; José Afonso Alves Torres;
José da Costa e Sá; Francisco Vasco das
Neves; Luís dos Passos Pinto Teixeira; Francisco Ferreira; Carlos Augusto Bernardes;
António Augusto Sales, Francisco Quaresma de Almeida, entre outros.
Esta lista é apenas uma referência. Alguns nunca chegaram a ser presos.
Muitos dos que foram presos não estão nesta lista, ou porque o seu processo
ainda não foi localizado naquele arquivo, ou porque se perdeu na voragem dos
tempos do PREC.
Há ainda muita gente em Torres Vedras resistiu ao Estado Novo, de
várias maneiras, mas que nunca foi referenciada pela PIDE.
Ao registarmos estes nomes, fazemo-lo apenas para recordar a urgente
necessidade de recolher o testemunho oral dos que ainda vivem e proceder a uma
recolha de documentação que permita um dia fazer a história da resistência
local ao regime salazarista.
Essa história passa igualmente por colectividades ou sítios
referenciados nesse mesmos arquivos, como o Cineclube de Torres Vedras, o Clube
Artístico e Comercial, o jornal Badaladas, a Galeria 70,o Aéreo Clube de Torres
Vedras, o pelouro cultural da Física e a própria Associação de Educação Física,
bem como estabelecimentos comerciais como o Café Império, o Solar, a café
Avenida, o café Vera Cruz, a Farmácia Perdigão, o “estabelecimento” de João
Martins ou a casa particular de Pedro Fernandes, sem esquecer as movimentações operárias,
com destaque para com as da Casa Hipólito.
Por último há que não esquecer o papel de advogados torrienses que defenderam, com coragem, muitos torrienses detidos, destacando-se o nome da Drª Lucília Miranda Santos, a única mulher que defendeu presos políticos antes do 25 de Abril.
Fica aqui este esboço e este apelo para que se comece a construir essa
história de Torres Vedras.
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