quinta-feira, 28 de março de 2019

As Árvores da Avenida da Várzea



Está a levantar alguma polémica a retirada dos freixos da Avenida junto à Várzea.

Inicialmente chegou a falar-se em arranque dessas árvores, importantes, não só do ponto de vista ornamental, mas também para atenuar o calor daqueles passeios no Verão, numa  extensão de mais de 600 metros virada a poente.





Agora os cartazes colocados nessas árvores falam e “transplantação e substituição de árvores”, prometendo-se que os freixos serão podadas e posteriormente transplantadas para a envolvente do Rio Sizandro, “entre o acesso da variante poente e a ponte de S.Miguel.


O motivo apresentado é o  impacto das árvores no pavimento e nas infraestruturas subterrâneas, sendo substituídas pelas chamadas  “árvores de Jupiter”.
("árvore-de-jupiter")

Fomos procurar na Wikipédia e ficámos a saber que esta árvore no “Brasil, é utilizada amplamente em arborização urbana. Por tratar-se de um arbusto conduzido facilmente reproduzido através de estaqueamento, foi tida como panacéia para o plantio em ruas com fiação elétrica. Como resultado, em algumas cidades esta espécie sozinha representa mais de 20 por cento das árvores em via pública”.

Contudo, no mesmo artigo consultado, e confirmado por outros artigos sobre essa árvore, são-lhe apontadas várias desvantagens:

·         “grande quantidade de brotações emitidas em resposta a danos pequenos, como os causados por choques em roçada, formando "moitas";
·         “grande suscetibilidade à infestação por ervas-de-passarinho (Loranthaceae) (se cultivada próxima a outras árvores de grande porte suscetíveis, pode atuar como fonte de infestação, aumentando os riscos de acúmulo de ervas em galhos grandes e conseqüentemente facilitando sua queda);
·         “massa foliar reduzida, especialmente quando encontrada com epífitas;
·         “infestação por oídio e facilidade da disseminação do patógeno devido à alta freqüência populacional da planta hospedeira;
·         “necessidade de sucessivas podas drásticas para manutenção do equilíbrio devido à natureza das raízes;
·         “baixa eficiência como equipamento urbano, pois devido à massa foliar reduzida fica restrita à função ornamental””.

Referem também alguns desse artigos a necessidade de grandes quantidades de água  e trabalhos continuados de controle para se obterem bons resultados, para além de atrair grandes quantidades de abelhas (o que tem vantagens para a reprodução desta espécie ameaçada, mas pode ter inconvenientes por ficar numa zona de passagem de muita gente).

Uma questão que sobre a qual desconhecemos resposta, é se, em termos de controle da temperatura média numa avenida larga e virada à “chapa do sol”, como é o caso, não seria mais aconselhável outro tipo de árvore do que aquela árvore ornamental.

Aguardamos, com alguma expectativa e preocupação o resultado desta mudança, até porque o “histórico” da arborização urbana neste conselho não é muito famoso, entre o puro arranque de árvores, retirando sombras a avenidas e largos e aumentando a temperatura ambiente destes, numa época de alterações climatéricas graves como aquelas em que vivemos, ou opções erradas na escolha das espécies mais adequadas.

quarta-feira, 27 de março de 2019

A “primavera marcelista” e a Cultura em Torres Vedras em 1969



Aproveitando algum clima de abertura proporcionado pelo início da chamada “Primavera  Marcelista”, António Augusto Sales lançou, nas páginas do “Badaladas”, em 1 de Março de 1969, um debate com a designação de  “Quem tem medo da palavra cultura?”.

No artigo inicial, António Augusto Sales, depois de traçar algumas ideias sobre o conceito de cultura, formulou um conjunto de interrogações:

 “Assim, em termos de cultura qual será a posição ocupada pela vila ou a que se prepara para ocupar de acordo com as suas actuais possibilidades? Haverá um equilíbrio entre as manifestações de carácter intelectual e as ambições da sua população? Como funcionam as diversas associações neste capítulo particular? Haverá uma atitude dinâmica ou de apatia? Em resumo: em Torres Vedras quem tem medo da palavra cultura? .
“Está aberto o processo – está aberto o debate (…)”.

Ao longo de várias semanas as páginas do jornal “Badaladas” abriram-se a um vivo e animado debate, de onde se destacaram os seguintes artigos e colaboradores:

- 1 de Março – António Augusto Sales – “Quem tem medo da palavra cultura?”.
- 8 de Março – Venerando Ferreira de Matos – “Cultura e primavera” (uma metáfora indirecta à “primavera marcelista”); Dr. Ruy de Moura Guedes – “Cultura- necessidade humana”;
- 15 de Março – António Augusto Sales - “Quem Tem Medo da palavra Cultura?”;
-22 de Março – Moura Portugal – “A Cultura, essa inestimável fonte de conhecimento humano”; António Augusto Sales – “Quem tem medo da palavra Cultura?”;
- 29 de Março – D’Andrade Santos – “Cultura ou uma focagem sintética à Biblioteca de Torres Vedras”; Gomes Miranda – “Torres, Progresso e Cultura”.
-12 de Abril – António Augusto Sales - “Quem tem medo da palavra Cultura? Está aberto o Processo!”; Saldanha da Gama - “”Cultura” – a Câmara Municipal Informa:”; A Câmara Municipal “O Cinema instrumento de Cultura”;
-19 de Abril – D’Andrade Santos – “”Cultura” Sou D’Andrade Santos e venho responder a uma informação dos Ex.mos Senhores da Câmara Municipal”; Dr. Augusto Troni – “A Cultura e os Géneros”; Venerando de Matos – “Uma Biblioteca ao sol e às moscas”;
-26 de Abril – Moura Portugal – “Aberto o processo- A Cultura estimula e valoriza”; António Augusto Sales – “Quem tem medo da palavra Cultura? – A propósito de uma informação camarária despropositada e de três respostas a que deu origem”; Dias Ruivo – “Resposta do responsável do “Suplemento” de Badaladas”; Gomes Miranda – “”Cultura” – A informação da Câmara”; Venerando de Matos – “Algumas sugestões sobre Cultura”;
- 3 de Maio – Dr. Ruy de Moura Guedes – “Cultura Viva”; António Augusto Sales – “Quem tem medo da palavra Cultura? – A Física depõe sobre o processo da Cultura em questão” e “A propósito de uma pergunta e de uma resposta sobre o “Suplemento” de Badaladas”; Venerando de Matos – “Honestas intenções – Variações sobre Cultura”;
- 10 de Maio – Gomes Miranda – na sua habitual secção “Torres e o Mundo” faz referência a temas do debate;
- 17 de Maio – Gomes Miranda – “Torres, o Homem e a Cultura”;
- 24 de Maio – Dr. Afonso de Moura Guedes – “Cultura e Participação”;
- 31 de Maio – Um militar torriense ausente na Madeira – “Depõe um operário no processo Cultural em Torres Vedras”; Gomes Miranda – “Cultura em Torres Vedras” (integrado na sua secção “Torres e o Mundo”).
- 7 de Junho – António Macieira Costa - “Mas…que Cultura?”;
- 14 de Junho – António Augusto Sales – “Quem tem medo da palavra cultura? – Serenamente…ainda uma palavra”.
- 23 de Agosto – Venerando de Matos – “Cultura – uma pedrada no charco…”;
- 30 de Agosto – De Carvalho – “Cultura”;

Depois de um debate vivo sobre o assunto, nas páginas daquele semanário, António Augusto Sales concluía em 14 de Junho:

“Cá na minha, entendo que, o que era para o jornal já nele foi dito. Se não passarmos desta fase a outra mais concreta e prática não conseguiremos sair da cepa torta. Ora nós precisamos é de coisas práticas, pois os discursos são apenas uma forma delicada de camuflarmos a verdade. E como a paz parece reinar de novo entre os espíritos e a lucidez deseja dar lugar à paixão, admito que seja tempo de falarmos da verdade tratando das coisas”.

E, de facto, aproveitando também alguma da abertura politica do momento, o debate teve efeitos práticos, envolvendo alguns dos seus mais activos participantes na concretização de algumas importantes iniciativas.

Logo em Novembro desse ano foi lançado, nas páginas do “Badaladas”,  o suplemento “Oeste Cultural”, dirigido por Andrade Santos, integrado na edição de 29 de Novembro de 1969 no “Badaladas”. Essa efémera publicação subintitulava-se  “Suplemento de Literatura-Arte-Pensamento-Acção”.




Logo na sua primeira edição propunha-se fazer um inquérito aos “problemas socio culturais que fazem estação em Torres Vedras”.

José Cardoso Pires e Maria Teresa Horta foram dois dos colaboradores dessa primeira edição.

Depois de uma segunda edição em 14 de Março de 1970, esse suplemento foi suspenso por divergências entre a direcção do jornal e os responsáveis pelo “Oeste Cultural”, situação que foi abordada por Andrade Santos numa entrevista com o padre Joaquim Maria de Sousa:

“Para mim um Suplemento Cultural é uma coisa que abrange outros domínios que não os regionais, estende-se a um conteúdo universal. Por isso o “Oeste Cultural” pretendia que nele colaborassem intelectuais de todo o país, que falassem de problemas que afectam o nosso limite geográfico, que escrevessem sobre as coisas do mundo. Mas não nos entendemos [com o director do “Badaladas”], isso já foi aqui dito quando concordámos cancelar a publicação do “Oeste Cultural” (1).

Se essa foi a justificação oficial para essa suspensão, não terá sido estranha à mesma a pressão, por parte das autoridades, sobre o jornal, como se revela por um relatório da PIDE datado de 18 de Março de 1970, referindo Andrade Santos com tendo sido “elevado, pelos seus companheiros “oposicionistas”, a Director dum suplemento intitulado “Oeste Cultural”, que junto os n.ºs 1 e 2, inserto no semanário local “Badaladas”.

“Sendo este jornal de tendência religiosa e dirigido pelo padre José [sic] Maria de Sousa , vigário da vara, muito se estranha que semelhante individuo tenha sido aceite para colaborar no referido semanário, visto que de todo é conhecido os seus escritos serem sempre de tendências anarquista”.

Outra iniciativa fruto daquele debate foi a dinamização do “Pelouro Cultural da Física” por uma nova comissão de coordenação, nomeada em 1969 e da qual faziam parte três dos mais activos participantes naquele debate, António Augusto Sales, Ruy de Moura Guedes e Venerando Ferreira de Matos (2).

Na  edição de 24 de Maio o jornal “Badaladas” anunciou que a Direcção da “Física” convidara para dirigir o Pelouro Cultural daquela associação António Augusto Sales, o Dr. Ruy de Moura Guedes e Venerando Ferreira de Matos, “que já tiveram a sua primeira reunião” e que apresentarão brevemente o seu plano de trabalho que incluirá “palestras, recitais de poesia, biblioteca, visitas gravadas e um festival de música “pop””.

Curiosa a referência ao festival de “Música Pop”, tendo em conta que estávamos em 1969, meses antes do famoso Festival de Woodstoock e, em Portugal, o Festival de Vilar de Mouros só aconteceu em 1971.

Oficialmente, a nomeação daquele triunvirato aconteceu em 3 de Julho de 1969, acto confirmado pela direcção da “Associação de Educação Física”, então dirigida por António Leal d’ Assenção.

Esse pelouro tinha sido criado pela direcção daquela Associação em 1967,  designando para o primeiro mandato o Dr. João Carlos da Cunha, director da Escola Secundária Municipal, o Dr. Quaresma de Almeida, Director da Escola Industrial e Comercial, e o Dr. Alberto Vieira Jerónimo, professor nesta última escola (3).

Com as nomeações para aquele Pelouro de figuras conotadas com a oposição, a  actividade deste organismo conheceu uma profunda renovação na sua programação, tornando-se  o que de mais importante se fez em termos culturais em Torres Vedras antes do 25 de Abril, e desde os tempos do Cine Clube.

Tomando posse perante os corpos gerentes da “Física” naquela mesma data, realizou-se uma sessão de trabalho que levou à apresentação do programa do renovado “Pelouro Cultural da Física” que constou “em linhas gerais, de algumas conferências subordinadas a temas de muito interesse que oportunamente serão anunciados, um sarau de poesia moderna, uma exposição de artes plásticas e um debate público sobre assuntos de interesse regional”, apresentando-se as bases teóricas do mesmo projecto nas páginas do “Badaladas” na edição de 12 de Julho (4).


A primeira actividade desse Pelouro foi uma conferência, no salão da Tuna  Comercial Torreense,  sobre a “Conquista da Lua” proferida por Eurico da Fonseca e que contou com a colaboração do Engº Hélio Paulino Pereira, com exibição de 3 filmes sobre o programa Apolo cedidos pela embaixada dos Estados Unidos da América. A apresentação esteve a cargo de Ruy de Moura Guedes.

Um ano passado e o balanço do mandato dessa equipa era resumido nas páginas da revista “Flama”:

 “De entre as realizações levadas a cabo pelo Pelouro da Cultura desde a sua fundação podem ser destacadas as visitas do arquitecto Paulino Pereira (que se pronunciou acerca da vida e obra de Gago Coutinho), de Eurico da Fonseca (colóquio sobre a missão Apolo); um debate de que a poesia foi tema central proporcionou a presença de Maria Teresa Horta e de Armando da Silva Carvalho na vila estremenha; recentemente (…) um colóquio sobre artes plásticas sob a direcção de Fernando Grade, Artur Bual e Arnaldo Figueiredo, encerrou uma exposição de pintura e escultura de artistas torriense que durante uma semana esteve patente ao público no salão principal da Tuna Comercial de Torres Vedras” (5).






Numa reportagem da autoria de Venerando Ferreira de Matos publicada no “Badaladas” de 3 de Janeiro de 1970, refere-se aquele colóquio sobre artes plásticas, que teve lugar em 27 de Dezembro de 1969 no “salão da Tuna repleto”, como o que, em Torres Vedras teve “a maior assistência até hoje registada em debates sobre cultura”. Nessa mesma reportagem, lamentava-se, contudo, “a falta de muitas figuras locais com responsabilidade na educação e cultura da juventude”, mas realçava “o facto de essa mesma juventude estar presente, colorindo com a sua presença e a sua intervenção um colóquio que ficará sem dúvida a marcar um momento único na “apagada e vil tristeza” em que Torres Vedras, neste capítulo, tem vivido.





“Contactos desta natureza deviam fazer-se com maior assiduidade com o apoio, não só do Pelouro Cultural da Física, mas do das próprias entidades oficiais que julgamos interessadas numa maior valorização da população local”.

Nessa mesma reportagem anunciava-se a extinção do Pelouro Cultural da Física, prevista para Fevereiro de 1970, “com os actuais elementos”, não se esperando a sua recondução “na medida em que desse modo se estaria exercendo um “patriarcado cultural” (como muito bem disse Augusto Sales), absolutamente contra indicado. Há que intercalar outros nomes, outros responsáveis, outras mentalidades”, apelando aos “jovens de Torres Vedras” que se oferecessem para colaborar no futuro Pelouro Cultural.

(Àquela Iª Exposição seguiu-se uma  “IIª Exposição de Artes Plásticas” organizada por aquele mesmo pelouro, inaugurada no Salão da Tuna Comercial Torriense em 7 de Junho de 1970 pelo Presidente da Câmara de então e que contou com uma palestra pelo escultor Lagoa Henriques.

Na exposição, para além de trabalhos de Lagoa Henriques, foram expostos trabalhos de Carlos Amado, Nuno Corte Real, José Pedro Sobreiro, João Magalhães Silva e Fernando Calhau) (6).





Uma das últimas actividades promovidas por esse Pelouro , sob a direcção daquele triunvirato, teve lugar em 28 de Fevereiro de 1970.

Foi um debate sobre o Liceu Nacional de Torres Vedras, que mereceu amplo destaque nalguma imprensa nacional, como foi o caso  do “Diário de Lisboa”, e que foi marcado pelas atitudes antidemocráticas do representante da Câmara, e especialmente vigiada pela PIDE , como se depreende do seguinte relatório daquela policia politica, datado de 18 de Março de 1970:

“Promovido pelo Pelouro Cultural da Associação de Educação Física e desportiva de Torres Vedras, realizou-se naquela vila no pretérito dia 28 de Fevereiro, no salão de Festas da Tuna Comercial Torrense – cedido para o efeito – um “Mesa Redonda”, com o fim –dizia-se – de debater problemas do Ensino Secundário daquela vila.

“Os trabalhos da reunião em causa foram orientados pelo advogado sr. Dr. Rui de Moura Guedes, do referido Pelouro, coadjuvado pelos nacionais Venerando Ferreira de Matos e Luís Fernando de Andrade Santos “o Ferrer” (…).

“Consta que a assistência, cerca de cem pessoas, era composta, na sua maioria, por estudantes, professores e encarregados de educação, entre os quais se destacava o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Sr. Augusto Clímaco Pinto, pelo que se presume que tal reunião estivesse autorizada.

“Mais consta que o referido Vice-Presidente abandonou a sala, pouco depois do início dos trabalhos, indignado pelos termos expostos pelo Andrade Santos (…).

“(…).

“Posto isto, consta que o diálogo se manteve, entre os assistentes, por largo tempo, tendo sido debatidos vário problemas subordinados ao tema, mormente relacionados com a falta de instalações e com a situação dos professores da Escola Secundário, ora extinta [para se tornar uma secção liceal].

“Contudo, segundo se comenta, não se vê que aspecto cultural a referida sessão possa ter demonstrado, perguntando-se; Associações do género das da Associação Física e Desportiva de Torres Vedras, cujo “Pelouro Cultural” levou a efeito a dita “Mesa Redonda”, possuem legitimidade para abordar, em discussão pública, assuntos que, de todo ou todo, lhes estão postas à margem pelos seus fins estatutários [?].

“Porém, em certa medida, se encontra explicação para que se organizem tais “Mesas Redondas”, que não têm outra finalidade senão pôr em cheque as Instituições Nacionais, porquanto os homens que dirigem a aludida Associação Física são os nacionais: António Leal da Assunção “o Leal da Sola”, presidente da Direcção, conhecido elemento “pró-comunista” e responsável pela “Comissão Democrática Eleitoral” (C.D.E.), nas últimas eleições para Deputados; Dr. Augusto Bastos Troni, presidente da Assembleia Geral, sobejamente conhecido pelas suas ideias contrárias ao Regime Vigente; Venerando Ferreira de Matos, membro do falado “Pelouro Cultural” e bem conhecido pela sua tendência “pró-comunista”.

“(…).

“Portanto, comenta-se que tal “Mesa Redonda” nada mais foi que uma primeira plataforma de escape, conforme determinação do Movimento de Oposição Democrática (M.O.D.), cuidadosamente encapotado, para se tentar instalar no seio estudantil local mal-estar e a agitação que se vem verificando noutras localidades, servindo, com efeito, o problema do Ensino Liceal em Torres Vedras um mero pretexto para se tentar impor, num sector devidamente procurado pela subversão, o principio da instabilidade e da insegurança (7).



Num momento em que a Associação de Educação Física recorria a apoios estatais para iniciar a construção da sua nova sede, a actual, e temendo pressões politicas, aquele triunvirato decidiu, de livre vontade, apesar de apoiados pela direcção  daquela colectividade,  afastar-se da desse Pelouro.

Simbolicamente, o afastamento daquele “triunvirato” do Pelouro Cultural da Física representou, em termos locais, o fim do ambiente de aparente abertura proporcionado pela chmada “Primavera Marcelista”.

(1)     - “Para um Historial do “Badaladas” – o Director dá uma entrevista a Andrade Santos”, in “Badaladas” de 19 de Maio de 1973;
(2)     - Para a história desse “Pelouro” ,leia-se  RODRIGUES, Cecília Travanca, “O Pelouro Cultural”, in SILVA, Carlos Guardado da, e RODRIGUES, Cecília Travanca, História da Associação de Educação Física e Desportiva de Torres Vedras, , ed. Torres Vedras 2012, pp.274 e 275;
(3)     -  Ver “Cartas ao Director”, in “Badaladas” de 4 de Maio de 1968;
(4)     - “Desafio –ou o “programa” do Pelouro Cultural da Física”, assinado por Venerando de Matos, Ruy de Moura Guedes e António Augusto Sales., in “Badaladas” de 12 de Julho de 1970;
(5)     - Almeida Martins, “Torres Vedras: Arte no meio das vinhas”, in FLAMA, nº 1140 de 9 de Janeiro de 1970, pp. 32 a 35;
(6)     - In “Badaladas” de 30 de Maio de 1971;
(7)     – Torre do Tombo, Arquivo da PIDE/DGS, processo de Venerando Ferreira de Mato, 255/45 SR, documento do Posto de Peniche da D.G.S  datado de 18 de Março de 1970.