Foi anunciado esta semana que Nuno Amado, até aqui à frente do Santander Totta, vai substituir Carlos Santos Ferreira na liderança do Millenium BCP.
Nascido e criado em Torres Vedras, Nuno Amado é um caso raro, em Portugal, de alguém que subiu a pulso até ao topo do sempre complexo mundo do poder financeiro.
Se a maioria dos líderes do sector financeiro português chegaram onde chagaram por serem “filho de algo”, por carreirismo político ou pelas mais variadas jogadas maquiavélicas necessárias para acender a esse mundo, Nuno Amado, pelo contrário, chegou onde chegou por mérito próprio.
A economia foi o seu mundo desde a juventude, e o mundo das finanças a sua profissão de sempre.
Ao contrário da imagem dominante dos banqueiros em Portugal, Nuno Amado sempre primou pela discrição.
Para muitos, como eu, que nos cruzámos algumas vezes com Nuno Amado, desde os bancos da escola à Assembleia Municipal de Torres Vedras, a imagem a reter dele é de um homem tolerante e dialogante.
Situando-me eu, desde longa data, nos antípodas políticos e ideológicos do “Nuno”, isso nunca foi impedimento de alimentarmos intermináveis discussões sobre política, num clima de amizade e respeito.
As qualidades de Nuno Amado e a amizade que tenho por ele, não me levam, contudo, a uma atitude de ingenuidade.
Para além das competências e das qualidades pessoais, não deixa de ser significativo que o BCP, considerado por muitos o banco do regime, escolha neste momento para a sua liderança alguém que sendo, no mínimo, simpatizante do PSD, esteja próximo do poder do momento. Sendo ainda de destacar que o substituído, Carlos Santos Ferreira, era conhecido pelas suas ligações ao PS e a personagens como José Sócrates e Armando Vara.
Nuno Amado joga aqui parte da sua credibilidade. Basta ser ele próprio e não se deixar enredar nas malhas do poder político e financeiro para levar a bom termo esta sua tarefa.
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