quarta-feira, 22 de maio de 2019

Torres Vedras e as Eleições para o Parlamento Europeu – os últimos 20 anos (1999-2019).



Nos últimos 20 anos Torres Vedras conheceu sempre um número crescente de eleitores inscritos nas Eleições para o Parlamento Europeu.

Dos 57 640 inscritos em 1999 passou para os 67 908 que podem votar no próximo domingo. (59 621 em 2004, 64 491 em 2009 e 67 018 em 2014).

A abstenção nestas eleições europeias, no concelho de Torres Vedras, tem-se situado sempre acima dos 60%, tendo atingido o seu máximo nas últimas, realizadas em 2014, chegando quase aos  65% (64,94%). As de 2009 foram as que aqui registaram menos abstenção os últimos 20 anos (62,32%).

Em 1999 foi de 63,59% e em 2004 de 62,53%.

A percentagem de votos brancos e nulos tem vindo igualmente a registar um aumento significativo, embora com algumas variações.

Em duas ocasiões, em 1999 e em 2014, o voto branco foi o quarto “partido” mais votado, respectivamente com 366 “votos” (1,74) em 1999 e com 1 189 “votos” (5,06%) em 2014. 

Curiosamente, no ano em que obteve a percentagem mais elevada, 5,47% (1 329 “votos”), foi a vez em que ficou pior classificado, atrás do resultado de 5 partidos ( este foi também o único anos, nos últimos 20, em que o CDS/PP, tal como acontece este ano, não concorreu coligado com o PSD).

Os resultados aqui têm sido sempre disputados entre o PS e o PSD, concorrendo este último, em 3 das eleições europeias disputadas nos últimos vinte anos, quase sempre coligado com o CDS.

Em 1999 o PS bateu localmente a coligação PSD/CDS, com 9469 votos (45,11%) contra 7 859 votos (37,45%).

O vencedor em Torres Vedras tem sido sempre o vencedor a nível nacional das eleições europeias.

Assim aconteceu em 2004, onde o PS aqui voltou a bater o PSD, novamente coligado (10 151-45,43%, contra 7347-32,89) e em 2014 (PS -7176-30,54%, contra PSD/CDS - 6494-27,64%).

Curiosamente, da única vez, durante este período e nas eleições europeias, em 2009, em que o PSD e o CDS concorreram separados, o PSD venceu neste concelho e a nível nacional.

Em 2009, em Torres Vedras, o PSD obteve 7 338 votos (30,20%), contra 6 559 votos do PS (26,99%), enquanto o CDS obteve 1 755 votos (7,30%). Neste ano o PS obteve um dos seus piores resultados de sempre em eleições.

Os dois partidos do “centrão” têm vindo, aliás, no seu conjunto, a perder bastantes votos desde 2004, última vez em que, no seu conjunto, ultrapassaram os 70% dos votos expressos.

Em 2009 e 2014 ficaram pouco acima dos 55% de votos expressos.

A seguir aos dois grandes, e sem contar com o CDS que só se apresentou uma vez sem ser em coligação (em 2009),  a CDU e O BE , principalmente este último, têm vindo a aumentar a sua votação nas eleições para o parlamento europeu neste concelho.

A CDU evolui do seguinte modo: 1999- 2191 votos (10,44%); 2004 – 1995 (8,93%); 2009 – 2598 (10,69%); – 2014 – 2954 (12, 57%).

O Bloco de Esquerda tem apresentado um crescimento mais significativos, apesar de ter registado uma quebra importante nas últimas eleições europeias: 1999 – apenas 328 votos (1, 56%); 2004 – 1037 (4,64%); 2009 – o seu melhor resultado de sempre, 2568 votos (10,57%); 2014 – registou uma quebra significativa – 1083 votos (4,61%). Não deixa, contudo, de ser significativo que nestas últimas eleições para o parlamento europeu um pequeno partido, o LIVRE, saído de uma cisão no BE, tenha obtido neste concelho, um votação significativa, 505 votos (2,15%).

Fora dos cinco partidos com maior representação (recorde-se que o CDS só não concorreu coligado com o PSD em 2009), é significativa a votação no PCTP/MRPP, mais por mérito de alguma confusão de símbolos, com o PCP, do que por mérito próprio, pelo menos a nível local.

A votação neste partido tem vindo sempre a aumentar, atingindo o seu valor mais alto em 2014 (459 votos-1,95%).

Contudo, apesar do seu crescimento, o PCTP/MRPP foi ultrapassado neste concelho em 2014 pela votação no MPT, liderado por Marinho Pinho, que obteve 1541 votos (6,56%), ultrapassando mesmo a votação local do BE.

Um outro partido recente, o PAN, obteve em 2014 uma votação de registar, 394 votos (1,68%).

Em termos concelhios, nas eleições para o parlamento europeu que vão ter lugar no próximo Domingo será interessante perceber se a abstenção vai continuar a subir, se os partidos do “centrão” vão recuperar da queda dos últimos anos, até onde vai chegar o CDS (mais de 1500 votos pode ser considerado um bom resultado), se a CDU se consegue manter acima dos 2500 votos, se o Bloco de Esquerda reverte o resultado de 2014, ultrapassando os 1500 votos, e, nos partidos mais pequenos, será interessante perceber se o LIVRE mantém o resultado das últimas eleições (mais de 500 votos), se o PAN e o novo partido de Marinho Pinho mantém o resultado, sendo mais previsível um subida do PAN e um descida acentuada do segundo.

Resta ainda perceber qual vai ser o peso do novo partido de Santana Lopes, o Aliança, com alguma influência local, principalmente quem vai sair eleitoralmente prejudicado com esta nova formação politica e se ela vai contribuir para uma redução da abstenção.

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