Nos últimos 20 anos Torres Vedras conheceu sempre um número crescente
de eleitores inscritos nas Eleições para o Parlamento Europeu.
Dos 57 640 inscritos em 1999 passou para os 67 908 que podem
votar no próximo domingo. (59 621 em 2004, 64 491 em 2009 e 67 018
em 2014).
A abstenção nestas eleições europeias, no concelho de Torres Vedras,
tem-se situado sempre acima dos 60%, tendo atingido o seu máximo nas últimas,
realizadas em 2014, chegando quase aos 65%
(64,94%). As de 2009 foram as que aqui registaram menos abstenção os últimos 20
anos (62,32%).
Em 1999 foi de 63,59% e em 2004 de 62,53%.
A percentagem de votos brancos e nulos tem vindo igualmente a registar
um aumento significativo, embora com algumas variações.
Em duas ocasiões, em 1999 e em 2014, o voto branco foi o quarto “partido”
mais votado, respectivamente com 366 “votos” (1,74) em 1999 e com 1 189 “votos”
(5,06%) em 2014.
Curiosamente, no ano em que obteve a percentagem mais elevada,
5,47% (1 329 “votos”), foi a vez em que ficou pior classificado, atrás do
resultado de 5 partidos ( este foi também o único anos, nos últimos 20, em que
o CDS/PP, tal como acontece este ano, não concorreu coligado com o PSD).
Os resultados aqui têm sido sempre disputados entre o PS e o PSD,
concorrendo este último, em 3 das eleições europeias disputadas nos últimos
vinte anos, quase sempre coligado com o CDS.
Em 1999 o PS bateu localmente a coligação PSD/CDS, com 9469 votos
(45,11%) contra 7 859 votos (37,45%).
O vencedor em Torres Vedras tem sido sempre o vencedor a nível nacional
das eleições europeias.
Assim aconteceu em 2004, onde o PS aqui voltou a bater o PSD, novamente
coligado (10 151-45,43%, contra 7347-32,89) e em 2014 (PS -7176-30,54%,
contra PSD/CDS - 6494-27,64%).
Curiosamente, da única vez, durante este período e nas eleições
europeias, em 2009, em que o PSD e o CDS concorreram separados, o PSD venceu
neste concelho e a nível nacional.
Em 2009, em Torres Vedras, o PSD obteve 7 338 votos (30,20%),
contra 6 559 votos do PS (26,99%), enquanto o CDS obteve 1 755 votos (7,30%).
Neste ano o PS obteve um dos seus piores resultados de sempre em eleições.
Os dois partidos do “centrão” têm vindo, aliás, no seu conjunto, a
perder bastantes votos desde 2004, última vez em que, no seu conjunto,
ultrapassaram os 70% dos votos expressos.
Em 2009 e 2014 ficaram pouco acima dos 55% de votos expressos.
A seguir aos dois grandes, e sem contar com o CDS que só se apresentou
uma vez sem ser em coligação (em 2009), a CDU e O BE , principalmente este último, têm
vindo a aumentar a sua votação nas eleições para o parlamento europeu neste
concelho.
A CDU evolui do seguinte modo: 1999- 2191 votos (10,44%); 2004 – 1995 (8,93%);
2009 – 2598 (10,69%); – 2014 – 2954 (12, 57%).
O Bloco de Esquerda tem apresentado um crescimento mais significativos,
apesar de ter registado uma quebra importante nas últimas eleições europeias:
1999 – apenas 328 votos (1, 56%); 2004 – 1037 (4,64%); 2009 – o seu melhor
resultado de sempre, 2568 votos (10,57%); 2014 – registou uma quebra
significativa – 1083 votos (4,61%). Não deixa, contudo, de ser significativo
que nestas últimas eleições para o parlamento europeu um pequeno partido, o LIVRE,
saído de uma cisão no BE, tenha obtido neste concelho, um votação significativa,
505 votos (2,15%).
Fora dos cinco partidos com maior representação (recorde-se que o CDS
só não concorreu coligado com o PSD em 2009), é significativa a votação no
PCTP/MRPP, mais por mérito de alguma confusão de símbolos, com o PCP, do que
por mérito próprio, pelo menos a nível local.
A votação neste partido tem vindo
sempre a aumentar, atingindo o seu valor mais alto em 2014 (459 votos-1,95%).
Contudo, apesar do seu crescimento, o PCTP/MRPP foi ultrapassado neste
concelho em 2014 pela votação no MPT, liderado por Marinho Pinho, que obteve 1541 votos (6,56%), ultrapassando mesmo a votação local do BE.
Um outro partido recente, o PAN, obteve em 2014 uma votação de
registar, 394 votos (1,68%).
Em termos concelhios, nas eleições para o parlamento europeu que vão
ter lugar no próximo Domingo será interessante perceber se a abstenção vai
continuar a subir, se os partidos do “centrão” vão recuperar da queda dos
últimos anos, até onde vai chegar o CDS (mais de 1500 votos pode ser
considerado um bom resultado), se a CDU se consegue manter acima dos 2500
votos, se o Bloco de Esquerda reverte o resultado de 2014, ultrapassando os 1500
votos, e, nos partidos mais pequenos, será interessante perceber se o LIVRE
mantém o resultado das últimas eleições (mais de 500 votos), se o PAN e o novo
partido de Marinho Pinho mantém o resultado, sendo mais previsível um subida do
PAN e um descida acentuada do segundo.
Resta ainda perceber qual vai ser o peso do novo partido de Santana
Lopes, o Aliança, com alguma influência local, principalmente quem vai sair
eleitoralmente prejudicado com esta nova formação politica e se ela vai
contribuir para uma redução da abstenção.
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