ABRIL 1885
Nesse mês iniciaram-se as obras do então “novo matadouro” à
Cruz das Almas.
Enquanto Isso podíamos seguir pelo jornal da época a evolução
do estado das vinhas: “O trabalho das cavas está tomando grandíssimo
desenvolvimento, apesar dos elevadíssimos preços dos salários, alguns dos quais
já têem regulado por 550 e 600 reis diários”.
No princípio do mês o ambiente era de pessimismo em relação
à evolução dos trabalhos do caminho-de-ferro que, “pelos jeitos que leva,
promete demorar-se até às Kalendras gregas. A gente que anda trabalhando é tão
diminuta que mais parece destinada a conservar o que está feito do que a
prosseguir na construção. Os operários, segundo nos consta, são mal pagos, o
que por vezes tem originado desinteligências entre eles e os empreiteiros”.
Mas lá para a segunda metade do mês as coisas pareciam ir
melhorar pois tinham desembarcado “em Alhandra uns 500 operários com destino à
construção da linha”.
Já na última semana do mês mais um sinal que a obra ira
avançar: “realizaram-se as expropriações dos terrenos para o local da estação
do caminho de ferro d'esta vila. O preço dos terrenos foi o seguinte:
“Às Sras. Tavares, 450$00 réis, ao Sr. José Avelino Nunes de
Carvalho, 2.600$00 réis; ao Sr. Molke 1.700$00 réis; ao Sr. João Victorino
Pereira da Costa, 4.300$00 réis.»
Entretanto as más condições sanitárias do concelho e a precária
medicina da época levavam a que a Varíola
continuasse “grassando na vila e aldeias convizinhas”.
Correu assim o mês de Abril, mês em que se anunciava a
chegada do rouxinol que “à tardinha, nos ulmeiros do Sizandro, ou nas maceiras
em flor que cobrem os vinhedos, a pequena avesinha solta, em desafio com as
outras, o canto variadíssimamente modulado e vibrante que penetra o coração de
doce melancolia, e nos faz cismar nos sonhos do passado e nas ilusões do
futuro”.
1 comentário:
ótimo blog, parabéns...
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