1 - O Dia da Inauguração
Quando, em 15 de Maio de 1893, teve lugar a inauguração solene do Estabelecimento Termal dos Cucos, virava-se uma página decisiva na história do Termalismo português e concretizava-se um sonho de gerações de torrienses. Essa cerimónia marcaria ainda a realização da última obra arquitectónica de vulto de toda a história do Concelho de Torres Vedras.
Nesse dia "despontava a aurora aos sons da magnífica philarmonica de Torres, celebrando em Machêa, residência do sr. Neiva, o alvorecer d'este memorável dia, que se marcava uma data importante nos fastos do Concelho com uma obra arrojada de verdadeiro interesse público, devido à iniciativa de um só homem, mais gloriosamente assignalava um facto humanitário, destinado a levar o alívio e a saude há humanidade que sofre. “Resolvera o sr. Neiva não festejar a inauguração, limitando esta a uma pequena festa familiar, reduzindo o programma à benção da lapide commemorativa, e levantamento da bandeira do estabelecimento.
“Por seu lado a villa de Torres preparava-se, ja ha muitos dias, para solemnizar não só a abertura das Thermas, mas para dar áquelle cavalheiro um público testemunho de consideração pelo assignalado serviço, que vinha de fazer ao concelho. “(...). "O primeiro acto foi a benção relegiosa das Thermas, dada (...) pelo reverendo prior de Matacães(...)."A benção celebrou-se às 5 horas da manhã.
"Ás 9 horas voltava o sr. Neiva, acompanhado dos seus amigos particulares, os srs. António Diogo da Silva e José António Ferreira. Já então se achavam na praça das Thermas muitos cavalheiros de Torres, entre elles o digno presidente da camara, a philarmonica, que acolheu o humanitario proprietario com um hymno expressamente composto em sua honra, e muito povo. Todo o pessoal graduado e menor do estabelecimento recebeu aquele cavalheiro ao fundo da escada principal, e seguindo-o até à sala da copa onde elle descobriu a lapide commemorativa, occulta com uma coberta de damasco. Depois executou-se a ultima parte do programa , içando-se a bandeira do estabelecimento, saudada por enthusiasticos palmas de toda a multidão presente, pela musica e por uma grande girandola de foguetes. Findou esta cerimónia com a leitura do auto [da benção e da inauguração do estabelecimento dos Cucos] em seguida assignada pelos cavalheiros que d'elle constam (...).
"Em todo o dia 15 se conservaram abertas aos visitantes as portas do edificio, sendo necessario, durante seis horas consecutivas, estabelecer a visita por turmas de 50 individuos para a facilitar, (...).
"Em Torres o contentamento e a alegria eram geraes, e á noite, quando sr, Neiva ahi foi para assistir á recita e baile, que os cavaleiros da nobre villa lhe dedicaram, esperava-o uma das mais solemnes e imponentes manifestações, que temos presenceado. Tudo quanto esta terra tem de distinto o aguardava á entrada com archotes acessos, acompanhando-o com a música atravez das ruas de transito do cortejo, todos illuminados, até ao club. Mas, não foram sómente estas ruas, até ás mais modestas habitações se estendeu esta manifestação de regosijo!" [1].
António Jorge Freire, o entusiasta autor destas linhas, foi o responsável pelo estudo, traça e direcção das obras das Termas dos Cucos, a ele se deve o estilo característico dos edifícios aí construídos. A João José Alves foi confiado o cargo de mestre de obras. Mas esse 15 de Maio de 1983 foi o culminar de uma longa história de ocupação humana e aproveitamento termal de uma das mais belas zonas naturais do concelho de Torres Vedras.
[1] FREIRE, António Jorge, in Annaes das Thermas dos Cucos – Relatório da Época Balnear de 1893, T. Vedras, 1893, pp. 68 a 73.
Quando, em 15 de Maio de 1893, teve lugar a inauguração solene do Estabelecimento Termal dos Cucos, virava-se uma página decisiva na história do Termalismo português e concretizava-se um sonho de gerações de torrienses. Essa cerimónia marcaria ainda a realização da última obra arquitectónica de vulto de toda a história do Concelho de Torres Vedras.
Nesse dia "despontava a aurora aos sons da magnífica philarmonica de Torres, celebrando em Machêa, residência do sr. Neiva, o alvorecer d'este memorável dia, que se marcava uma data importante nos fastos do Concelho com uma obra arrojada de verdadeiro interesse público, devido à iniciativa de um só homem, mais gloriosamente assignalava um facto humanitário, destinado a levar o alívio e a saude há humanidade que sofre. “Resolvera o sr. Neiva não festejar a inauguração, limitando esta a uma pequena festa familiar, reduzindo o programma à benção da lapide commemorativa, e levantamento da bandeira do estabelecimento.
“Por seu lado a villa de Torres preparava-se, ja ha muitos dias, para solemnizar não só a abertura das Thermas, mas para dar áquelle cavalheiro um público testemunho de consideração pelo assignalado serviço, que vinha de fazer ao concelho. “(...). "O primeiro acto foi a benção relegiosa das Thermas, dada (...) pelo reverendo prior de Matacães(...)."A benção celebrou-se às 5 horas da manhã.
"Ás 9 horas voltava o sr. Neiva, acompanhado dos seus amigos particulares, os srs. António Diogo da Silva e José António Ferreira. Já então se achavam na praça das Thermas muitos cavalheiros de Torres, entre elles o digno presidente da camara, a philarmonica, que acolheu o humanitario proprietario com um hymno expressamente composto em sua honra, e muito povo. Todo o pessoal graduado e menor do estabelecimento recebeu aquele cavalheiro ao fundo da escada principal, e seguindo-o até à sala da copa onde elle descobriu a lapide commemorativa, occulta com uma coberta de damasco. Depois executou-se a ultima parte do programa , içando-se a bandeira do estabelecimento, saudada por enthusiasticos palmas de toda a multidão presente, pela musica e por uma grande girandola de foguetes. Findou esta cerimónia com a leitura do auto [da benção e da inauguração do estabelecimento dos Cucos] em seguida assignada pelos cavalheiros que d'elle constam (...).
"Em todo o dia 15 se conservaram abertas aos visitantes as portas do edificio, sendo necessario, durante seis horas consecutivas, estabelecer a visita por turmas de 50 individuos para a facilitar, (...).
"Em Torres o contentamento e a alegria eram geraes, e á noite, quando sr, Neiva ahi foi para assistir á recita e baile, que os cavaleiros da nobre villa lhe dedicaram, esperava-o uma das mais solemnes e imponentes manifestações, que temos presenceado. Tudo quanto esta terra tem de distinto o aguardava á entrada com archotes acessos, acompanhando-o com a música atravez das ruas de transito do cortejo, todos illuminados, até ao club. Mas, não foram sómente estas ruas, até ás mais modestas habitações se estendeu esta manifestação de regosijo!" [1].
António Jorge Freire, o entusiasta autor destas linhas, foi o responsável pelo estudo, traça e direcção das obras das Termas dos Cucos, a ele se deve o estilo característico dos edifícios aí construídos. A João José Alves foi confiado o cargo de mestre de obras. Mas esse 15 de Maio de 1983 foi o culminar de uma longa história de ocupação humana e aproveitamento termal de uma das mais belas zonas naturais do concelho de Torres Vedras.
[1] FREIRE, António Jorge, in Annaes das Thermas dos Cucos – Relatório da Época Balnear de 1893, T. Vedras, 1893, pp. 68 a 73.
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