3 – De Peres a Neiva
O lugar dos Cucos faz parte, desde à longa data, das propriedades da Quinta da Macheia e a esta parece ter estado sempre ligada.
Algumas das propriedades da Quinta pertenciam, nos primeiros tempos do reino, ao mosteiro de Alcobaça e sabe-se, por um documento de doação do século XVI, que Dom Rodrigo de Menezes, do conselho de D. Manuel, recebia, entre outras rendas, o direito do pão de então "Reguengo de Machêa".
A partir do século XVII começa a dar-se um fenómeno raro, que foi a transformação de uma aldeia, a da Machea, que em 1527 era uma das mais povoadas do concelho, numa quinta de um único proprietário, um processo longo e que só se completaria na segunda metade do sec. XIX.
Essa "concentração dos edifícios e das terras na mão de um único senhor começa a produzir-se (...) quando Domingos Fernandes Monteiro, "que vivia por sua fazenda" na dita aldeia, compra numerosas propriedades na serra de Machêa e ribieira de Machêa e casas no lugar da Machêa", de acordo com vários escrituras e documentos desde o princípio do sec. XVII existentes na posse da família de José António Neiva Vieira[1] .
Em finais do século XVIII, após falecer o Dr. António de Matos Pereira, que era o proprietário da Quinta da Machêa, Miguel Lourenço Peres vai herdar essa propriedade e vai mandar fazer um mapa das suas propriedades em 1787, cujo original se encontra naquela quinta e intitulado "Mapa da Quinta denominada de Machêa com todas as suas pertenças de casas, pomar, horta, vinhas, olivais, terras lavradios e matos, tudo conjunto, desde o referido lugar, até ao sítio da Ribeira de Machea, indo pelo de Santo Amaro, calçada que vai para a vila de Torres Vedras, e da dos Cucos, sítio do carpinteiro e outeiro fronteiro ao da Boiaca (...)"[2] .
Miguel Peres foi o primeiro a procurar realizar alguns melhoramentos na captação e nas instalações do lugar dos Cucos: "Constavam de três barracas de madeira: a primeira com um banho, uma bomba para 'choques parciais' e um depósito que alimentava a bomba. Encontravam-se a nível inferior ao do leito do Sisandro e descia-se até aos banhos por degraus feitos na terra. Levavam cinco horas a encher, dado o pequeno débito das nascentes, e rem despejados à mão" [3].
O falecimento, ainda jovem, de Miguel Lourenço Peres provocaria um arrastado processo Judicial pela posse do lugar entre o herdeiro deste, Jose Lourenço Peres, e uma parente do Dr. António de Matos Pereira, que contestava a herança dos Peres, processo esse que se arrastaria de 1782 a 1830, ganho finalmente por José Lourenço Peres, o último Capitão-Mor de Torres Vedras.
Os juros dos empréstimos também estavam sujeitos então ao pagamento da décima e nesse documento encontramos uma referência à divida de Jose Lourenço Peres e "sua mulher" a "João Gonsalves Dias de Lisboa", no valor, altíssimo
Através do livro de décimas de 1831, existente no Arquivo Municipal de Torres Vedras, e porque os juros dos empréstimos também estavam sujeitos ao pagamento daquele imposto , ficamos a saber que, nessa data, José Lourenço Peres e "sua mulher", deviam a "João Gonsalves Dias de Lisboa", o valor, altíssimo para a época, de ...11.515$545 ! Este "João Gonçalves Dias Neiva e a dívida enorme que lhe era devida por Jose Lourenço Peres talvez explique que mais tarde a Quinta da Macheia viesse a passar para a família "Neiva". No recenseamento eleitoral de 10 de Novembro de 1836, documento existente na Biblioteca Municipal de Torres Vedras, surge pela primeira vez uma referência à morada de João Gonçalves Neiva no lugar de Macheia, profissionalmente identificado como "capitalista".
João Gonçalves Dias Neiva iniciou então uma nova “dinastia” na posse da Quinta da Macheia e que alteraria profundamente a importância do lugar.
O lugar dos Cucos faz parte, desde à longa data, das propriedades da Quinta da Macheia e a esta parece ter estado sempre ligada.
Algumas das propriedades da Quinta pertenciam, nos primeiros tempos do reino, ao mosteiro de Alcobaça e sabe-se, por um documento de doação do século XVI, que Dom Rodrigo de Menezes, do conselho de D. Manuel, recebia, entre outras rendas, o direito do pão de então "Reguengo de Machêa".
A partir do século XVII começa a dar-se um fenómeno raro, que foi a transformação de uma aldeia, a da Machea, que em 1527 era uma das mais povoadas do concelho, numa quinta de um único proprietário, um processo longo e que só se completaria na segunda metade do sec. XIX.
Essa "concentração dos edifícios e das terras na mão de um único senhor começa a produzir-se (...) quando Domingos Fernandes Monteiro, "que vivia por sua fazenda" na dita aldeia, compra numerosas propriedades na serra de Machêa e ribieira de Machêa e casas no lugar da Machêa", de acordo com vários escrituras e documentos desde o princípio do sec. XVII existentes na posse da família de José António Neiva Vieira[1] .
Em finais do século XVIII, após falecer o Dr. António de Matos Pereira, que era o proprietário da Quinta da Machêa, Miguel Lourenço Peres vai herdar essa propriedade e vai mandar fazer um mapa das suas propriedades em 1787, cujo original se encontra naquela quinta e intitulado "Mapa da Quinta denominada de Machêa com todas as suas pertenças de casas, pomar, horta, vinhas, olivais, terras lavradios e matos, tudo conjunto, desde o referido lugar, até ao sítio da Ribeira de Machea, indo pelo de Santo Amaro, calçada que vai para a vila de Torres Vedras, e da dos Cucos, sítio do carpinteiro e outeiro fronteiro ao da Boiaca (...)"[2] .
Miguel Peres foi o primeiro a procurar realizar alguns melhoramentos na captação e nas instalações do lugar dos Cucos: "Constavam de três barracas de madeira: a primeira com um banho, uma bomba para 'choques parciais' e um depósito que alimentava a bomba. Encontravam-se a nível inferior ao do leito do Sisandro e descia-se até aos banhos por degraus feitos na terra. Levavam cinco horas a encher, dado o pequeno débito das nascentes, e rem despejados à mão" [3].
O falecimento, ainda jovem, de Miguel Lourenço Peres provocaria um arrastado processo Judicial pela posse do lugar entre o herdeiro deste, Jose Lourenço Peres, e uma parente do Dr. António de Matos Pereira, que contestava a herança dos Peres, processo esse que se arrastaria de 1782 a 1830, ganho finalmente por José Lourenço Peres, o último Capitão-Mor de Torres Vedras.
Os juros dos empréstimos também estavam sujeitos então ao pagamento da décima e nesse documento encontramos uma referência à divida de Jose Lourenço Peres e "sua mulher" a "João Gonsalves Dias de Lisboa", no valor, altíssimo
Através do livro de décimas de 1831, existente no Arquivo Municipal de Torres Vedras, e porque os juros dos empréstimos também estavam sujeitos ao pagamento daquele imposto , ficamos a saber que, nessa data, José Lourenço Peres e "sua mulher", deviam a "João Gonsalves Dias de Lisboa", o valor, altíssimo para a época, de ...11.515$545 ! Este "João Gonçalves Dias Neiva e a dívida enorme que lhe era devida por Jose Lourenço Peres talvez explique que mais tarde a Quinta da Macheia viesse a passar para a família "Neiva". No recenseamento eleitoral de 10 de Novembro de 1836, documento existente na Biblioteca Municipal de Torres Vedras, surge pela primeira vez uma referência à morada de João Gonçalves Neiva no lugar de Macheia, profissionalmente identificado como "capitalista".
João Gonçalves Dias Neiva iniciou então uma nova “dinastia” na posse da Quinta da Macheia e que alteraria profundamente a importância do lugar.
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