Em 21 de Junho de 1929, há 80 anos, era aprovado pela Câmara de Torres o projecto de regulamento para a criação do Museu Municipal de Torres Vedras.
A ideia da criação de um museu municipal já vinha dos últimos anos da República, mas não teve o apoio necessário por parte da sua última Câmara, paradoxalmente lideradas pelos monárquicos locais.
Foi responsável pela sua criação Rafael Salinas Calado, tendo conhecido como primeira instalação a sala da Irmandade dos Clérigos Pobres, anexa à Igreja de S. Pedro.
Foram muitas as pessoas que cederam, alguns como empréstimo, as primeiras peças aí expostas, como os “primitivos” da Colegiada de Stª Maria do Castelo, graças à iniciativa do Padre Pio Sobreiro, o “bufete da Maceira”, cedido pelos descendentes do morgado daquela localidade, José da Cunha Santos Bernardes e esposa, vários objectos ligados à história municipal, cedidos pela Câmara.
Relata-nos Salinas Calado que a “abertura solene foi feita por João Luís de Moura”, então Governador Civil de Lisboa, “assistido de toda a Câmara a que presidia o grande animador, então Tenente França Borges, e o público, numa segunda-feira de descanso semanal, acorreu com curiosidade e apreciou com agrado e generosidade”.
A organização de um “Grupo dos Amigos do Museu”, permitiu a aquisição de muitos objectos, entre eles o célebre “bufete” acima referido, em troca de uma repica entregue aos seus proprietários[1].
Júlio de Sousa e Costa foi um dos primeiros visitantes do recém-criado Museu de Torres Vedras a descrever a importância do seu conteúdo:
“Quando há poucos dias estive no Museu Municipal de Torres Vedras enchi-me de funda satisfação por ver salvas das garras aduncas dos agentes rapinantes do espólio magnifico da bela região torreense, tanto objecto artístico e de merecimento.
“Aquela salinha azulejada com tanto esmero com o dossel das pinturas que não representam maravilhas da arte pictural, mas que são , indubitavelmente, um agrado à vista; aquela salinha que deve ser o ponto de partida para certame de vulto, carece de ser tão estimada como o sorriso de mulher que se adora… Aquela linda sala não envergonha quem a planisou, porquanto há lá exemplares que fariam já um catálogo útil e de valia.
“Há lá objectos de cerâmica que ainda não vi em museus categorisados, e isto bastará para calcular o recheio do termo de Torres Vedras”.[2]
Salinas Calado pediu a sua exoneração em 4 de Janeiro de 1932, sendo substituído pelo prestigiado arqueólogo local Aurélio Ricardo Belo[3].
Poucos anos depois, a partir de 16 de Março de 1944, o Museu mudou para novas e mais amplas instalações, no antigo Hospital da Misericórdia.
Uma das novidades desta segunda morada foi a criação de uma sala dedicada às “Guerras Peninsulares”, em 15 de Maio de 1955.
Entre 19 de Março de 1946 e 14 de Março de 1960, o Museu foi dirigido pelo dr. Augusto Maria Lopes da Cunha, sucedendo-lhe nessa data o eminente arqueólogo torriense Leonel Trindade, o último director oficial, até à sua morte em 1992[4].
Leonel Trindade desenvolveu uma outra importante vertente deste Museu, a divulgação do valioso espólio arqueológico da região, nomeadamente do Calcolítico e da época romana.
Em 1992 o Museu foi transferido par as suas actuais instalações, no antigo Convento da Graça, sendo-lhe atribuída, em 1999, a designação de Museu Municipal Leonel Trindade.
Actualmente o Museu aguarda a execução de um novo projecto de renovação e dinamização, apostando ultimamente em exposições anuais temáticas, como a que está a decorrer até Setembro, intitulada “Um pouco mais de azul, um pouco mais de vento – o património dos rios de Torres Vedras e do mar”, dedicado à história e etnografia dos rios Sizandro e Alcabrichel e da pesca marítima na região (Assenta, Santa Cruz e Porto Novo).
A ideia da criação de um museu municipal já vinha dos últimos anos da República, mas não teve o apoio necessário por parte da sua última Câmara, paradoxalmente lideradas pelos monárquicos locais.
Foi responsável pela sua criação Rafael Salinas Calado, tendo conhecido como primeira instalação a sala da Irmandade dos Clérigos Pobres, anexa à Igreja de S. Pedro.
Foram muitas as pessoas que cederam, alguns como empréstimo, as primeiras peças aí expostas, como os “primitivos” da Colegiada de Stª Maria do Castelo, graças à iniciativa do Padre Pio Sobreiro, o “bufete da Maceira”, cedido pelos descendentes do morgado daquela localidade, José da Cunha Santos Bernardes e esposa, vários objectos ligados à história municipal, cedidos pela Câmara.
Relata-nos Salinas Calado que a “abertura solene foi feita por João Luís de Moura”, então Governador Civil de Lisboa, “assistido de toda a Câmara a que presidia o grande animador, então Tenente França Borges, e o público, numa segunda-feira de descanso semanal, acorreu com curiosidade e apreciou com agrado e generosidade”.
A organização de um “Grupo dos Amigos do Museu”, permitiu a aquisição de muitos objectos, entre eles o célebre “bufete” acima referido, em troca de uma repica entregue aos seus proprietários[1].
Júlio de Sousa e Costa foi um dos primeiros visitantes do recém-criado Museu de Torres Vedras a descrever a importância do seu conteúdo:
“Quando há poucos dias estive no Museu Municipal de Torres Vedras enchi-me de funda satisfação por ver salvas das garras aduncas dos agentes rapinantes do espólio magnifico da bela região torreense, tanto objecto artístico e de merecimento.
“Aquela salinha azulejada com tanto esmero com o dossel das pinturas que não representam maravilhas da arte pictural, mas que são , indubitavelmente, um agrado à vista; aquela salinha que deve ser o ponto de partida para certame de vulto, carece de ser tão estimada como o sorriso de mulher que se adora… Aquela linda sala não envergonha quem a planisou, porquanto há lá exemplares que fariam já um catálogo útil e de valia.
“Há lá objectos de cerâmica que ainda não vi em museus categorisados, e isto bastará para calcular o recheio do termo de Torres Vedras”.[2]
Salinas Calado pediu a sua exoneração em 4 de Janeiro de 1932, sendo substituído pelo prestigiado arqueólogo local Aurélio Ricardo Belo[3].
Poucos anos depois, a partir de 16 de Março de 1944, o Museu mudou para novas e mais amplas instalações, no antigo Hospital da Misericórdia.
Uma das novidades desta segunda morada foi a criação de uma sala dedicada às “Guerras Peninsulares”, em 15 de Maio de 1955.
Entre 19 de Março de 1946 e 14 de Março de 1960, o Museu foi dirigido pelo dr. Augusto Maria Lopes da Cunha, sucedendo-lhe nessa data o eminente arqueólogo torriense Leonel Trindade, o último director oficial, até à sua morte em 1992[4].
Leonel Trindade desenvolveu uma outra importante vertente deste Museu, a divulgação do valioso espólio arqueológico da região, nomeadamente do Calcolítico e da época romana.
Em 1992 o Museu foi transferido par as suas actuais instalações, no antigo Convento da Graça, sendo-lhe atribuída, em 1999, a designação de Museu Municipal Leonel Trindade.
Actualmente o Museu aguarda a execução de um novo projecto de renovação e dinamização, apostando ultimamente em exposições anuais temáticas, como a que está a decorrer até Setembro, intitulada “Um pouco mais de azul, um pouco mais de vento – o património dos rios de Torres Vedras e do mar”, dedicado à história e etnografia dos rios Sizandro e Alcabrichel e da pesca marítima na região (Assenta, Santa Cruz e Porto Novo).
[1] CALADO, Rafael Salinas, “Torres Vedras e o seu Museu Municipal”, in Estremadura, nº 16 – 2ª série, 1947, pp. 365 a 367.
[2] COSTA, Júlio de Sousa e, “O Museu Municipal de Torres Vedras”, in Gazeta de Torres, 29 de Junho de 1930.
[3] “O sr. Dr. Salinas Calado pediu a sua exoneração de director do Museu Municipal”, in O Jornal de Torres Vedras, 31 de Janeiro de 1932.
[4] FORTES, Luís, “A propósito das I Jornadas de História e Cultura Torreenses – Da Fundação e Primeiros Passos do Museu de Torres Vedras”, in Frente Oeste, 26 de Novembro de 1992.
2 comentários:
Bem hajam pela justa referência que fazem a Rafael Salinas Calado, meu avô, fundador do Museu e da Biblioteca de Torres Vedras, alentejano de Alter do Chão, apaixonado por Torres Vedras e pela sua história.
Registamos com apreço este comentário.
Obrigado.
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