Hoje, dia de S.Pedro, que está na origem da medieval feira torriense, recordamos uma descrição dela dos anos 60:
“A feira está montada! Todos os anos, nesta mesma época, neste mesmo dia, nesta mesma hora, a feira existe cheia de sons, de cores, de vozes. O concelho está, em peso, na vila. Chapéu novo, fato novo, riso novo a bailar nos olhos vivos e abertos que seguem a roda sem fim dos cavalinhos.
“O campo da feira é uma densa nuvem de pó. Pó no ar, nos fatos, nos pés, nas bocas. Pó que vem em ondas e traz a música ruidosa e rodopiante dos recintos de diversão. Um mar de gente que come torrão de Alicante, puxa o cordão da sorte, ingere farturas, vai aos automóveis e cavalinhos, lê a sina e joga a argola de enfiar no gargalo da garrafa.
“Sai sempre, freguês!” A família, com os filhos em escada, olha a grelha da barraca onde se encontram expostas dezenas de estatuetas de barro. A vida de Nossa Senhora está escrita no taipal colorido. Lá dentro, centenas de bonecos pequeninos contam a história da Bíblia.
“Passa-se a manhã, vem a tarde. Um copo, farturas, uma sardinha, um copo mais. Vendem-se loiças, panos, colares de lindas fantasias.
“Um tirinho, freguês?!” Chapéus com flor na fita debruçam-se gulosos, sobre o cano da espingardas.
“A feira vive! Ás três horas da tarde ninguém se pode mexer. Além, a lâmina duma navalha abre-se, a coisa mete guarda. Gritos confundidos com o disco que se repete pela vigésima vez. E a tarde roda sem se dar por isso.
“Á noite, quando o povo da aldeia se retira para casa, a vila desce ao campo e dá as boas vindas á feira. Gira uma fauna diferente. Cumprimentos, acenos, sorrisos. Morreu a vivacidade viril que explodia das veias do homem da terra. Há um tom calmo e pachorrento.
“Todos os anos a feira chega e parte assim (…)”
“O campo da feira é uma densa nuvem de pó. Pó no ar, nos fatos, nos pés, nas bocas. Pó que vem em ondas e traz a música ruidosa e rodopiante dos recintos de diversão. Um mar de gente que come torrão de Alicante, puxa o cordão da sorte, ingere farturas, vai aos automóveis e cavalinhos, lê a sina e joga a argola de enfiar no gargalo da garrafa.
“Sai sempre, freguês!” A família, com os filhos em escada, olha a grelha da barraca onde se encontram expostas dezenas de estatuetas de barro. A vida de Nossa Senhora está escrita no taipal colorido. Lá dentro, centenas de bonecos pequeninos contam a história da Bíblia.
“Passa-se a manhã, vem a tarde. Um copo, farturas, uma sardinha, um copo mais. Vendem-se loiças, panos, colares de lindas fantasias.
“Um tirinho, freguês?!” Chapéus com flor na fita debruçam-se gulosos, sobre o cano da espingardas.
“A feira vive! Ás três horas da tarde ninguém se pode mexer. Além, a lâmina duma navalha abre-se, a coisa mete guarda. Gritos confundidos com o disco que se repete pela vigésima vez. E a tarde roda sem se dar por isso.
“Á noite, quando o povo da aldeia se retira para casa, a vila desce ao campo e dá as boas vindas á feira. Gira uma fauna diferente. Cumprimentos, acenos, sorrisos. Morreu a vivacidade viril que explodia das veias do homem da terra. Há um tom calmo e pachorrento.
“Todos os anos a feira chega e parte assim (…)”
(texto anónimo [da autoria de António Augusto Sales ou de Venerando Ferreira de Matos?] publicado no catálogo da Feira de S. Pedro de 1964)
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