segunda-feira, 8 de junho de 2009

Junho de 1915 - Fundação da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras

Nesta vista geral de Torres Vedras, do início do Século XX, pode ver-se, à esquerda, o edifício que deu lugar à sede actual da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras.


ORIGEM HISTÓRICA DA CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO DO CONCELHO DE TORRES VEDRAS


Comemorando-se hoje o 94º aniversário da criação da Caixa Agrícola de Torres Vedras, pelo que incluímos hoje este breve estudo sobre uma das mais importantes instituições criadas pela Primeira República e que, não só sobreviveu até hoje, como se mantém nos nossos dias com o dinamismo e a importância que caracterizou a sua criação nesse ano distante de 1915.
O nosso estudo incide exclusivamente sobre as origens e a fundação dessa instituição.

O primeiro apelo para a criação de uma Caixa de Crédito Agrícola no concelho de Torres Vedras surgiu nas páginas do semanário “Folha de Torres Vedras”, na sua edição de 23 de Abril de 1911, na sequência da divulgação do então recém publicado decreto de 1 de Março 1911, da autoria do ministro do Fomento Brito Camacho, que definia a criação do crédito agrícola em Portugal[1].
Foi só a partir de 1914 que se concretizaram as condições para a fundação de uma instituição desse tipo, ”uma das belas e utilíssimas instituições da República”[2].
Logo em Janeiro deste ano, num artigo de Tiago Sales publicado nas páginas da “Vinha...”, a propósito da proposta de criação de um sindicato agrícola em Torres Vedras, este defendia que, após a fundação de tal instituição devia seguir-se a organização de uma Caixa de Crédito Agrícola, como complemento daquele.[3]
Ainda no final desse mês aquele semanário transcrevia, na sua primeira página, um artigo, da autoria de J. M. d’ Assunção, que tinha sido publicado no diário republicano “A Lucta”, intitulado “Caixas de Crédito Agrícola Mutuo”, onde se divulgava e fazia a apologia de tais instituições, definindo-as como “associações de natureza e índole cooperativa, compostas só por agricultores, as entidades intermediárias de que o Estado se serve para mutuar á lavoura o milhão e quinhentos mil escudos que constitui o fundo especial de crédito agrícola criado pelo decreto de 1 de Março de 1911”.[4]
As primeiras convocatórias para a fundação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras associaram desde logo a criação dessa instituição com a criação de uma Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, como se pode ler nas convocatórias publicadas nas páginas da “Vinha...” durante o ano de 1914 para a fundação e organização de tal sindicato.
Em Março a “Vinha...” publicava o projecto de estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras, onde se definiam como objectivos:
“1.º Emprestar aos sócios, para fins exclusivamente agrícolas, os capitais de que necessitem e de que a instituição possa dispor.
“2.º Receber por empréstimo do Estado, dos sócios ou de terceiras pessoas, capitais que em operações de crédito agrícola possa empregar.
“3.º Receber dinheiro em depósito, a prazo ou à ordem, tanto dos associados como dos estranhos á associação, pagando-lhes os juros convencionados , mas nunca superiores a 4 por cento ao ano.”
Podiam ser sócios da Caixa de Crédito os agricultores de maior idade que directa “ou efectivamente explorem a terra a dentro da circunscrição da Caixa”, sócios do Sindicato Agrícola de Torres Vedras, “solventes, honestos e trabalhadores”, e que pagassem no acto de admissão a jóia de 500 réis.
Definiam-se ainda três classes de associados: sócios fundadores, sócios ordinários e sócios adjuntos. Eram fundadores os “sócios do Sindicato Agrícola de Torres Vedras, que subscrevam os presentes estatutos”, ordinários “os demais sócios do Sindicato Agrícola de Torres Vedras que adiram aos presentes estatutos”, adjuntos “aqueles que, embora não proprietários, explorem a terra como rendeiros, meeiros, etc.”.[5]
No dia 31 de Janeiro de 1915, na Assembleia Geral do Sindicato Agrícola, é avançada a hipótese de rapidamente se concretizar a fundação da Caixa Agrícola, em face de um ofício do Inspector da Junta de Crédito Agrícola que se oferecia para auxiliar o sindicato na organização da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, sendo logo aí decidido dar poderes à direcção do sindicato “para obter todas as informações necessárias e diligencias tendo em vista tal objectivo”[6].
Em Abril, “A Vinha...” anunciava a iniciativa da direcção do Sindicato Agrícola de, ao longo desse mês, assentar na criação da Caixa de Crédito Agrícola, “outra instituição de vastíssimo alcance, que irá funcionar ao lado do Sindicato”[7].
Finalmente, em Junho de 1915, a “Vinha...” dava “a boa nova aos” seus leitores de ter sido “assinada no cartório do notário Teodoro da Cunha, a escritura da constituição da Caixa de Crédito Agrícola, que funcionará a par do Sindicato Agrícola de Torres Vedras, como complemento indispensável a esta útil forma associativa dos nossos agricultores”[8].
Na mesma escritura, efectuada a 8 de Junho, consignou-se a constituição dos corpos gerentes até ao final do ano corrente de 1915:
Direcção:
Filipe de Vilhena;
Artur Gouveia d’Almeida;
José Augusto Lopes Júnior.
Conselho Fiscal :
José Joaquim de Miranda;
David Simões;
Alberto Gomes Pedreira.
Foram testemunhas desse acto Fernando d’ Oliveira Mota, caseiro, e António Antão de Carvalho, comerciante, ambos moradores na vila.
Estiveram ainda presentes nesse acto, para além das personalidades acima referidas, Francisco Avelino Nunes de Carvalho, Henrique Maria Pedreira Vilela, João Germano Alves, Francisco Alberto de Bastos, Afonso Avelino Pedreira Vilela, Bernardino Soares d’ Almeida e António Marques Trindade [9].
O primeiro empréstimo efectuado pela Caixa Agrícola de Torres Vedras realizou-se no dia 10 de Dezembro de 1915, na importância de 800$00, data do início do funcionamento dessa instituição de crédito, “o qual foi iniciado com o cadastro social de 1:542$67 escudos”, tendo efectuado, até ao primeiro trimestre de 1916, 33 empréstimos.
O crescimento das actividades do Sindicato e da Caixa Agrícola levaram a “Vinha...” a alertar para a necessidade de se procurar uma sede compatível com esse crescimento. Inicialmente a sede do sindicato agrícola começou por funcionar no “pequeno escritório particular” de Júlio Vieira, cedido gratuitamente para esse fim. No início de 1916 a sede daquelas instituições funcionava numa casa arrendada, que não correspondia às necessidades do seu crescimento.
Por isso tornava-se urgente uma nova sede onde se instalasse o escritório do Sindicato, conjuntamente com o escritório da Caixa de Crédito Agrícola, “uma sede onde exista um gabinete para a direcção poder funcionar e onde haja uma sala para as reuniões da assembleia geral, ao mesmo tempo que nela se possa instalar um laboratório e Ter permanentemente uma exposição de alfaias agrícolas”.
Para obviar o inconveniente de Torres Vedras ser então uma terra “onde não se encontra facilmente uma casa para alugar”, propunha-se que se emitissem 400 títulos de dívida, no valor de “dez escudos cada um, vencendo o juro anual de 4,5% e amortizáveis também anualmente” para serem adquiridos por sócios do sindicato, a fim de se obter os 4 contos calculados como necessários para a edificação da sede “do Sindicato e Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras”. Quanto ao lugar onde se devia construir a sede a “resposta é fácil, porque, enquanto não forem rasgadas as novas avenidas que a câmara municipal projecta, de acordo com a família Carvalho Martins, desde a Avenida 5 de Outubro até à Fonte Nova, um ponto só existe, onde essa nova construção ficará bem e embelezará o local (...) e que é no angulo ao princípio da Avenida 5 de Outubro, quase em frente do Hotel Natividade e a fazer esquina para a primeira Avenida que fica correndo ao poente do edifício escolar em construção”[10].
Em 1916 o Senado municipal, na sua reunião de 10 de Abril, uma segunda-feira, concedeu ao sindicato agrícola um terreno na Avenida 5 de Outubro para construir a sede do sindicato e da caixa[11].
A essa reunião compareceu uma comissão de vários “cavalheiros” , representando os corpos gerentes do Sindicato e da Caixa Agrícola, cabendo a Júlio Vieira a responsabilidade de apresentar, perante o Senado, os seguintes argumentos em defesa do referido projecto:
“As sabias leis do crédito agrícola promulgadas pela República, vieram contribuir soberanamente para o fomento do principal ramo da riqueza nacional – a agricultura- desenvolvendo e multiplicando nos últimos quatro anos os sindicatos agrícolas que estão irradiando de todos os pontos do país (...).
“À sombra protectora oficial, nasceram o Sindicato e a Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, instituições recentes que se estão desenvolvendo para benefício da agricultura do nosso concelho (...).
“É intuitivo que para acompanhar o desenvolvimento destas instituições de crédito e fomnto agrícola, se necessita alargar os meios da sua existência, e, entre eles, o que presentemente avulta como principal, é a construção de uma sede onde se possam activar todos os trabalhos necessários ao bom andamento e progresso destes dois ramos de fomento da riqueza pública.
“Esta sede, que deverá abranger as instalações próprias para o movimento desta natureza, compreenderá também salas para exposições de alfaias agrícolas permanentes, e para igualmente se efectuarem as tão interessantes e educativas exposições regionais agrícolas, incluindo laboratórios e pequeno campo experimental para determinados ensaios.
“Dado o belo e grandioso projecto desta câmara municipal, em rasgar as ruas e avenidas no campo de S. João, para o necessário alargamento da vila, nenhum outro local como esse se presta para a construção da sede do Sindicato e Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, o qual virá ainda em auxílio da estética e embelezamento da Avenida Cinco de Outubro, e da rua lateral, lado nascente do edifício escolar em construção.
“Posto isto (...) vêem os corpos gerentes do Sindicato e Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, solicitar do digno Senado da Câmara Municipal deste concelho, a cedência gratuita do terreno necessário para a construção da referida sede”.
Após a leitura do documento, Júlio Vieira apresentou aos senadores “uma planta do terreno de que se compõe toda a Alameda de S. João, com frente para a Avenida [ 5 de Outubro] , com o esboço da nova Avenida e ruas projectadas, trabalho levado a efeito e a seu pedido, pelo nosso amigo e inteligente artista, sr. Francisco Maria Peres”.
Por unanimidade, aprovaram os senadores presentes “a cedência do terreno ao lado do edifício escolar”. Este referido “edifício escolar” é aquele onde durante anos funcionaram várias escolas de Torres Vedras e onde actualmente estão instalados a Câmara e a Biblioteca Municipais.
O terreno foi cedido gratuitamente na “quantidade mínima de 30 metros de frente e 60 metros de fundo”.
Registe-se, a título de curiosidade, os nomes dos senadores presentes nessa sessão e que aprovaram essa decisão:
Francisco Avelino Nunes de Carvalho; Germano C. de Araújo; Álvaro Lafaia; David Simões; Francisco Firmino; Januário da Silva Lucas; João Anastácio de Oliveira; João Baptista Carneiro Canha; João de Carvalho Ribeiro; Joaquim da Silva; José Bento Garcia; Justino Alves de Almeida; Miguel José Afonso; Romão da Costa Lopes; Venceslau dos Santos[12].
Contudo, em Dezembro desse ano, ainda aquelas instituições não se tinham instalado na Avenida 5 de Outubro, mudando-se para a rua Tenente Valadim, “no prédio onde esteve instalado ultimamente o quartel general”. Nesse prédio passou a funcionar a sede do Sindicato, a Caixa de Crédito Agrícola e a sede da Federação do Sindicato Agrícola Leiria-Lisboa [13].

Breve resenha biográfica das figuras torriense que contribuíram para a fundação da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras

Procuramos apenas registar alguns pequenos dados biográficos sobre personalidades que, de algum modo, estiveram na origem e fundação da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras.
Não se procurou construir uma biografia exaustiva. Apenas reunimos algumas informações sobre a sua profissão, morada, idade provável, posição e cargos políticos e funções exercidas no sindicato e na caixa agrícola por volta de 1915.
Algumas das personalidades aqui registadas vieram a exercer em anos posteriores importantes funções associativas, políticas, culturais e/ou profissionais. Com raras excepções, aqui apenas registámos o que de mais importante fizeram até ao início do funcionamento da Caixa Agrícola.
O critério para a elaboração desta lista teve por base a sua participação como associados e/ou em orgãos de gestão nos primeiros tempos do Sindicato e da Caixa Agrícola, ou na tomada de posições públicas sobre a organização destas instituições.

· Dr. Afonso Avelino Pedreira Vilela - Médico de Torres Vedras. Tinha 28 anos em 1915[14]. Foi o primeiro presidente da Assembleia Geral do Sindicato Agrícola. Nesse cargo foi reconduzido para a segunda direcção que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº9 da Caixa Agrícola.

· Alberto Gomes Pedreira – Proprietário da Quinta do Infesto, no Turcifal. Tinha 28 anos. Foi escolhido, em 1915, para o concelho fiscal da primeira direcção da Caixa Agrícola de Torres Vedras, da qual foi sócio fundador nº10.

· Albino Duarte Vieira – Fazendeiro do Casal das Quartans, junto à saída sul de Torres Vedras. Tinha 35 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· António Ferreira Nunes - Proprietário de Matacães, de 50 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· António Germano Pedreira Vilela – Proprietário do Infesto, Turcifal, de 34 anos. Monárquico. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· António Inácio Pereira – Proprietário da Ordasqueira, Matacães, de 46 anos. Monárquico. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras. Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como suplente do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato. Tornou-se membro efectivo do conselho fiscal na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· António Marques Trindade – Comerciante de Torres Vedras, de 51 anos. Republicano. Pertencia ao Partido Evolucionista. Foi vereador da Câmara durante a efémera comissão municipal imposta pelo governo de Pimenta de Castro. Foi o sócio fundador nº14 da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras.

· António Romão - Do Paúl. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· António dos Santos Sala – Proprietário da Freixofeira, Turcifal, de 59 anos. Ex-militante do Partido Republicano Português tinha sido membro da comissão administrativa da Câmara Municipal imposta pelo governo de Pimenta de Castro e afastada após a Revolução de 14 de Maio de 1915. Foi eleito como suplente do conselho fiscal na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· Artur Gouveia d’ Almeida – Lojista e proprietário de Torres Vedras, de 36 anos. Republicano. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito secretário da Assembleia-Geral dos primeiros corpos gerentes do Sindicato Agrícola. Foi escolhido, em 1915, para a primeira direcção desta Caixa Agrícola, da qual foi o sócio fundador nº6 .

· Augusto Maria Franco - Proprietário da Ponte do Rol, de 35 anos. Republicano do Partido Evolucionista. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como suplente do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato, cargo que manteve na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· Dr. Aurélio Ricardo Belo – Médico militar do Maxial, de 40 anos. Militante do Partido Republicano Português. Primeiro secretário do Senado Municipal entre 1914 e 1917. Foi administrador do concelho em Maio de 1915, nomeado pelos revolucionários do 14 de Maio. Foi o último administrador do concelho do regime republicano. Tornar-se-ia famoso pelos seus estudos arqueológicos sobre a região. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Bernardino Soares d’Almeida – Lojista e proprietário de Torres Vedras, de 62 anos. Ex-monárquico, era membro do Partido Evolucionista em 1915. Foi eleito como membro substituto da primeira direcção do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi o sócio fundador nº12 da Caixa Agrícola de Torres Vedras.

· David Simões – Farmacêutico e proprietário de Torres Vedras, de 63 anos. Histórico do Partido Republicano Português. Foi o primeiro administrador do concelho após a proclamação da República. Era presidente eleito da Câmara Municipal desde 1914, cargo que exerceu até 1917. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito vice-presidente da Assembleia –Geral dos primeiros corpos gerentes eleitos do Sindicato Agrícola. Foi escolhido, em 1915, para o concelho fiscal da primeira direcção da Caixa Agrícola de Torres Vedras, da qual foi sócio fundador nº11 .

· Filipe de Vilhena – Proprietário da Quinta do Calvel, de 37 anos. Militava no Partido Republicano Português. Foi administrador do concelho em 1911. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras. Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi nomeado de entre e pelos sócios fundadores desse Sindicato para a comissão de três lavradores responsável por preparar a legalização e a fundação dessa instituição. Foi eleito como vice-presidente da Assembleia Geral da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi escolhido, em 1915, para a primeira direcção desta Caixa Agrícola, sendo o seu sócio fundador nº4.

· Fernando de Carvalhosa – viticultor da Ordasqueira, Matacães, de 26 anos. Monárquico. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras. Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como efectivo do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato.

· Francisco Alberto de Bastos - Proprietário de Torres Vedras, de 39 anos. Monárquico. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi nomeado para a comissão de três lavradores responsável por preparar a legalização e a fundação dessa instituição. Foi eleito como membro efectivo da primeira direcção do sindicato. Foi eleito como membro efectivo do conselho fiscal na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº8 da Caixa Agrícola.

· Francisco Avelino Nunes de Carvalho – Proprietário de Torres Vedras, de 60 anos. Ex-monárquico, membro do Partido Republicano Português. Presidente do Senado Municipal. Era um dos 4 maiores contribuintes do concelho de Torres Vedras. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi nomeado para presidir à comissão de três lavradores responsável por preparar a legalização e a fundação dessa instituição. Foi eleito como membro efectivo da primeira direcção do sindicato e como presidente da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº1 da Caixa Agrícola.

· Francisco dos Santos Bernardes - Proprietário de Torres Vedras, com 67 anos. Monárquico. Era um dos 10 maiores contribuintes do concelho. Foi eleito como suplente da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· Francisco Inácio – Proprietário de Matacães, de 48 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Henrique Maria Pedreira Vilela – Proprietário do Turcifal, de 29 anos. Monárquico. Foi eleito como membro substituto da primeira direcção do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como tesoureiro da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº3 da Caixa Agrícola.

· Dr. Hermínio Duarte Ferreira – Médico e proprietário de Dois Portos, com 59 anos. Monárquico. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Honorato de Lima Lopes – Proprietário de Torres Vedras, de 34 anos. Republicano histórico, militando em 1915 no Partido Evolucionista. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras . Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Januário da Silva Lucas – Comerciante da Freiria, de 43 anos. Membro do Partido Republicano Português. Vereador do executivo camarário. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· João Cândido Franco – Fazendeiro do Ramalhal, de 50 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· João Ferreira Guimarães Júnior - “Guarda-livros” , negociante e comerciante de Torres Vedras, de 62 anos. Ex-monárquico, aderiu à República, militando então no Partido Evolucionista. Foi efémero Presidente da Câmara durante a ditadura de Pimenta de Castro, nos primeiros meses de1915.Voltou a exercer as funções de vereador durante a ditadura de Sidónio Pais. Foi eleito como suplente da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· João Germano Alves - Comerciante de Torres Vedras, de 33 anos. Foi eleito como suplente da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº7 da Caixa Agrícola.

· João Nicolau dos Santos Júnior – Proprietário de Moçafaneira, S. Mamede da Ventosa, de 27 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Joaquim da Costa Melícias – Proprietário do Casal dos Palheiros, de 42 anos. Monárquico. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como suplente do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato, cargo que manteve na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· Joaquim Jerónimo Rosa – Proprietário de Torres Vedras, republicano, de 57 anos. Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como efectivo do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato.

· Joaquim Maria Franco Sobrinho – Proprietário do Ramalhal, de 47 anos. Republicano. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Joaquim Rodrigues Quitério – Lojista da Freiria, de 42 anos. Republicano histórico. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· José Agostinho Alves Ginja – Proprietário da Ribaldeira, de 52 anos. Monárquico. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· José Antunes Martins – Proprietário do Ramalhal, de 37 anos. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras. Foi eleito como efectivo do conselho fiscal nos primeiros corpos gerentes eleitos do sindicato, cargo que manteve na segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· José Augusto Lopes Júnior - Proprietário de Torres Vedras, de 26 anos. Foi escolhido, em 1915, para a primeira direcção da Caixa Agrícola de Torres Vedras da qual foi sócio fundador nº13 .

· José Joaquim de Miranda – Proprietário de Torres Vedras, de 45 anos. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras. Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como membro substituto da primeira direcção do sindicato. Foi eleito primeiro secretário da Assembleia Geral da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi escolhido, em 1915, para o concelho fiscal da primeira direcção desta Caixa Agrícola, instituição da qual foi o sócio fundador nº5 .

· José Manuel de Carvalho Roxo – Funcionário da Câmara de Torres Vedras, de 51 anos. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito para secretário da Assembleia Geral na primeira direcção eleita do sindicato. Foi eleito como segundo secretário da Assembleia Geral da Segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras.

· Júlio do Nascimento Vieira – Proprietário e comerciante de Torres Vedras, de 38 anos. Republicano histórico, não estando então ligado a qualquer partido político. Dirigia desde 1913 o jornal “A Vinha de Torres Vedras”, após a fusão deste com a “Folha de Torres Vedras”, histórico jornal republicano dirigido por Júlio Vieira desde 1907. “A Vinha...” foi o principal orgão de propaganda e divulgação das actividades do sindicato e da caixa agrícola de Torres Vedras. Ficou conhecido pelos seus trabalhos de investigação histórica. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras. Foi eleito como membro efectivo da primeira direcção do sindicato e como secretário da segunda direcção eleita do Sindicato Agrícola e que foi a responsável pela fundação da Caixa de Crédito Agrícola de T. Vedras. Foi o sócio fundador nº2 da Caixa Agrícola.

· Dr. Justino Xavier da Silva Freire – Médico de Torres Vedras, de 69 anos. Monárquico. Era um dos 40 maiores contribuintes do concelho. Não sendo sócio fundador, foi um dos primeiros a associar-se no Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

· Miguel José Afonso - Proprietário de Abadia, Matacães, de 68 anos. Membro do PRP. Vereador do executivo municipal. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· Tiago César Moreira Salles – Médico e proprietário da Lourinhã. Republicano histórico, foi eleito deputado às constituintes de 1911 pelo círculo de Torres Vedras. Fundador do Sindicato Agrícola da Lourinhã, foi o primeiro a sugerir, em artigo de opinião publicado no jornal “A Vinha de Torres Vedras”, logo em Janeiro de 1914, a fundação de um sindicato agrícola em Torres Vedras e da respectiva Caixa de Crédito Agrícola.

· Valério da Costa – Proprietário de Dois Portos, de 54 anos. Republicano histórico. Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras.

· Vasco de Moura Borges – Proprietário da Quinta de Paio Correia, freguesia de A-Dos-Cunhados, de 37 anos . Sócio fundador do Sindicato Agrícola de T. Vedras .Foi um dos primeiros sete proprietários a aderir publicamente à criação do Sindicato Agrícola de Torres Vedras.

Conclusão

Limitou-se este trabalho a traçar, de forma genérica, a conjuntura e os primeiros passos de uma instituição que soube atravessar as vicissitudes de um século marcado por grandes convulsões históricas, políticas, culturais, sociais e económicas.
Torna-se agora necessário procurar alargar esse estudo à forma como esta instituição evoluiu num tão longo período histórico e como se soube adaptar às mudanças, que foram acentuadamente dramáticas num sector que esteve na sua raiz, o sector agrícola.
Talvez o segredo tenha residido na forma como Caixa Agrícola se soube integrar no tecido local e regional, sendo essa ligação e proximidade uma das originalidades dessa instituições financeira.
Esperamos com este trabalho abrir as portas a futuros trabalhos de investigação sobre a evolução e o impacto na região de uma tão original instituição.

(excertos de um estudo, mais vasto, publicado em Abril de 2005, a pedido da administração daquele banco e publicado no relatório e contas desse ano)

[1] Diário do Governo nº 49 de 2 de Março de 1911, pp.890 a 894.
[2] “A Vinha de Torres Vedras”, 20 de Abril de 1916.
[3] “A Vinha de Torres Vedras”, 15 de Janeiro de 1914.
[4] “A Vinha de Torres Vedras”, 29 de Janeiro de 1914.
[5] “A Vinha de Torres Vedras”, 5 de Março de 1914.
[6] Resenha Histórica [da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras], organizada pelo Dr. Jacinto Leandro [2004].
[7] “A Vinha de Torres Vedras”, 1 de Abril de 1915.
[8] “A Vinha de Torres Vedras”, 17 de Junho de 1915.
[9] Título de constituição da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras, cartório do escrivão-notário Teodoro da Cunha de Torres Vedras, 8 de Junho de 1915.
[10] “A Vinha de Torres Vedras”, 17 de Fevereiro de 1916.
[11] Relatório da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras in “A Vinha de Torres Vedras”, 13 de Julho de 1916.
[12] “A Vinha de Torres Vedras”, 13 de Abril de 1916.
[13] “A Vinha de Torres Vedras”, 7 de Dezembro de 1916.
[14] As idades referidas, daqui para a frente, repostam-se à situação em 1915, ano da fundação da Caixa de Crédito de Torres Vedras, e o seu cálculo tem por base os dados dos cadernos eleitorais da época, existentes no Arquivo Histórico Municipal de Torres Vedras , podendo haver um desvio de, pouco mais ou menos, um ano.

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